Carro híbrido oferece modelo de transição inovador, dizem Renan Filho e Jardim

Ministro dos Transportes e deputado relator do projeto do "combustível do futuro" discutiram transição energética em evento em Brasília

Fábio Matos

Renan Filho, ministro dos Transportes (Foto: Leandro França/Divulgação XP)
Renan Filho, ministro dos Transportes (Foto: Leandro França/Divulgação XP)

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O Brasil tem capacidade de liderar o processo de transição energética no mundo, entre outros motivos, por contar com o diferencial do uso maciço do carro híbrido, que pode constituir um modelo único e inovador. Esta é a avaliação do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), e do deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), relator do Projeto de Lei do “combustível do futuro” – aprovado na semana passada pela Câmara dos Deputados.

Renan e Jardim participaram, nesta terça-feira (19), de um dos painéis do seminário “Descarbonização: os desafios para a mobilidade de baixo carbono no Brasil”, promovido pela Esfera Brasil – grupo que reúne empresários de diversos setores da economia brasileira – e o MBCB (Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil).

Diferentemente dos carros 100% elétricos e dos movidos apenas por combustíveis fósseis, os veículos híbridos contam com as duas opções: tanto um motor de combustão interna quanto um motor elétrico.

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Alguns especialistas defendem que o híbrido tem uma pegada de carbono equivalente ou até mesmo inferior à do carro elétrico. Dados apresentados pelo governo e por montadoras indicam que os puramente elétricos deixam pegada na fabricação e recarga da bateria. Para produzi-la, é necessário o uso de substâncias como lítio, níquel e alumínio, cuja mineração afeta o meio ambiente, com emissão de carbono e geração de rejeitos.

“O mundo está buscando alternativas. No Brasil, já estamos vivendo uma transição interessante. O Brasil é modelo para o mundo em geração de energia limpa e tem uma frota na qual cerca de 85% dos veículos são híbridos. É uma solução muito adequada. O Brasil certamente é o país que menos emite carbono, na média por veículo utilizado”, afirmou o ministro dos Transportes, Renan Filho.

Segundo ele, “o modelo utilizado no Brasil tem benefícios muito grandes para a sociedade e pode se adequar à redução da emissão de carbono significativa, trazendo a sustentabilidade”. “Estamos no caminho certo e seremos o principal agente da modernização do planeta. A nossa matriz de energia limpa é exemplo para o mundo”, assegurou Renan.

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“Combustível do futuro”

Relator do projeto de lei do “combustível do futuro”, aprovado pela Câmara dos Deputados, Arnaldo Jardim afirmou que “o Brasil vai conviver com diferentes modelos, diferentes referências tecnológicas”, mas terá uma “marca”. “O país vai ser o líder mundial na mobilidade de baixo carbono”, garantiu.

“O Brasil pode, com o híbrido flex, sem descartar as outras alternativas, ter uma vertente com algo mais adequado às nossas condições e um protagonismo do ponto de vista internacional”, explicou Jardim.

Para o deputado, o objetivo do país é se tornar “uma plataforma tecnológica de inovação automobilística, para que possamos ter não importação, mas desenvolvimento de produtos”.

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O “combustível do futuro” faz parte da “agenda verde” do Ministério da Fazenda, que foi encampada pelo Legislativo. O objetivo é tornar o Brasil mais sustentável do ponto de vista ambiental e ampliar as fontes renováveis de energia. O texto prevê uma série de iniciativas para que o país reduza sua emissão de carbono e cumpra metas internacionais, como as previstas no Acordo de Paris.

O texto prevê a ampliação da adição de etanol anidro na gasolina e inclui a mistura de biometano no gás natural. E define o cronograma para o aumento da mistura do biodiesel ao diesel fóssil para até 20% em 2030 e autoriza o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, a subir esse percentual até 25% a partir de 2031.

A legislação permitirá que empresas apliquem percentuais maiores, desde que obtenham autorização junto à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Também será implementado um sistema de rastreabilidade do biodiesel para garantir sua qualidade.

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O texto fixa, ainda, em 27% o percentual obrigatório de mistura do etanol à gasolina, além de permitir ao Poder Executivo elevar o teor até 35% – desde que haja viabilidade técnica comprovada. Hoje, o teto da mistura é de 15%, índice que será alcançado em março de 2025. No dia 1º de março, passou a ser adotada a mistura de 14% do biocombustível. O percentual aumentará, gradativamente, até chegar a 20% em 2030.

“Depois de um projeto complexo, polêmico e que teve muitas divergências, conseguimos 429 votos a favor e 19 contrários. Deixou de ser uma votação de oposição e situação”, observou Jardim. “O Executivo teve um protagonismo, em diálogo com o Legislativo. Nós conseguimos aprovar uma política de Estado que transcende governos, que vai adiante.”

O evento

Além de Renan Filho e Arnaldo Jardim, participam do evento promovido pela Esfera Brasil nomes como o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante (PT); o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB); e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Também estiveram no seminário o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”