Carlos Bolsonaro ataca Marçal e diz que votos de Nunes vieram do pai, não de Tarcísio

Vereador reeleito para o 7º mandato no Rio, Carlos Bolsonaro diz que ex-presidente “rodou o país inteiro, conseguiu eleger e colocar no 2º turno pessoas que talvez não tivessem avançado se não estivessem com ele”

Fábio Matos

Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) (Foto: Reprodução)
Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) (Foto: Reprodução)

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Vereador reeleito para seu sétimo mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro (RJ), o mais votado da história da cidade, Carlos Bolsonaro (PL-RJ) saiu em defesa de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), criticado por aliados do prefeito de São Paulo (SP), Ricardo Nunes (MDB), por não ter participado ativamente da campanha eleitoral no primeiro turno.

Em entrevista ao UOL, Carlos afirmou que a maior parte dos votos recebidos por Nunes na capital paulista vieram por influência de Bolsonaro – e não do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como o maior cabo eleitoral do prefeito.

“O sistema vai falar que foi Tarcísio quem botou [Nunes no segundo turno]. Mas quem era Tarcísio? Com todo respeito ao governador, tenho uma grande admiração por ele. Quando o meu pai falou que ele tinha chance de ser governador de São Paulo, ele [Tarcísio] falou: mas sou carioca, torcedor do Flamengo, o que vou fazer lá? E foi eleito governador de São Paulo. Falar que foi mérito exclusivo dele, pelo amor de Deus. Ele faz parte de tudo que está acontecendo”, disse Carlos.

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Para o vereador, “há uma tentativa gigantesca de fazer com que o Tarcísio se sinta um cara, mais uma vez, para se afastar do meu pai e as pessoas desconfiam disso”. “Mas acredito que, no final, alguma coisa pode mudar e o sistema quebrar a cara de novo. Ele e meu pai se dão muito bem. Pode ser que alguma coisa… Não vou abrir o jogo para você, não posso falar muita coisa. Mas é uma estrutura montada para destruir o Bolsonaro. Eles aceitam qualquer um que não seja o Bolsonaro. Isso foi deixado bem claro nas eleições de 2022.”

“As pessoas ficaram muito focadas em São Paulo. Mas você tem que ocupar outros espaços também. Sua vida não se decide só em São Paulo. Ele [Bolsonaro] teve essa leitura. Não se furtou em nenhum momento a falar que estava apoiando Nunes, mas é sempre a cobrança de que tinha que ter feito mais”, criticou o vereador.

Segundo Carlos, o ex-presidente “rodou o país inteiro, conseguiu eleger e colocar no segundo turno pessoas que talvez não tivessem avançado se não estivessem com ele”.

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Marçal “vive de factoides”

Na entrevista, Carlos Bolsonaro também voltou a criticar o empresário e influenciador Pablo Marçal, candidato derrotado do PRTB à prefeitura de São Paulo, que terminou o primeiro turno da eleição em terceiro lugar.

Segundo o filho “02” de Bolsonaro, Marçal “é um sujeito que vive de factoides”. “Sei que vou tomar pancada até dizer ‘chega’. A verdade é que eu não admitiria em momento nenhum, principalmente em 2022, um cara que até um mês atrás estava dizendo que seu pai é igual ao Lula. Aquilo me deixou irritado”, afirmou.

“Conversei com meu pai, as atitudes foram dele. Não impedi nada, como nunca impeço nada. Acredito que ele fala isso porque tem que criar fatos para ficar na mídia, e a gente dá mídia. Não é legal partir para esse tipo de conflito totalmente destrutivo. Com a gente, particularmente, ele vai perdendo esse alinhamento que ele diz ter, que nunca demonstrou, nunca teve manifestação para a liberdade dos presos políticos em Brasília”, prosseguiu Carlos Bolsonaro.

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“É como meu pai falou, Pablo tem um grande potencial. Mas passou da linha, passou do limite. Para você se meter na política, precisa respeitar as pessoas, por mais que discorde delas, para construir. Já passou dessa época de puxar a espada ficar dando de brabo. Não é se render, é construir”, continuou o vereador reeleito pelo Rio.

“A gente entende, hoje em dia, que tem de construir e não ficar destruindo simplesmente por destruir, para ter vantagens próprias e chegar lá na frente e você não ter benefício nenhum — inclusive para quem votou em você. Isso que afastou o Pablo da gente. Tinha tudo para poder se dar bem, talvez até aconteça no futuro uma aproximação. Ninguém sabe. Mas, poxa, ele tem que mudar as atitudes e todo mundo tem que aprender nisso tudo. Mas o mais errado acaba sendo Pablo. Não tenho problema nenhum com ele hoje, fora essas ressalvas. Como confiar novamente numa pessoa que comete tantos erros contigo, principalmente com meu pai?”, indagou.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”