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SÃO PAULO – Após toda a polêmica criada com a crítica do repórter americano David Segal, do jornal americano “The New York Times” a um dos símbolos das praias cariocas, o biscoito “O Globo”, a mesma publicação (desta vez com um outro colunista) traz um tom bastante elogioso sobre o Brasil, ressaltando que o País “é o cemitério dos pessimistas”.
Quem falou sobre o assunto foi o colunista Roger Cohen, que foi correspondente no Brasil e se disse muito cansado do noticiário negativo sobre a nação. “Estou cansado, muito cansado, de ler reportagens negativas sobre a Olimpíada brasileira”, afirma o colunista.
Ele ressalta o potencial do País de dar “a volta por cima”, superando os problemas que encontra pela frente. Cohen afirma que morava no Brasil na década de 1980, quando a inflação era galopante e o País passou por três moedas – cruzeiro, cruzado e cruzado novo. O colunista cita o compositor Tom Jobim, que cunhou a frase de que “o Brasil não é para principiantes”.
Cohen afirma que o Brasil tem diversos problemas, como a desigualdade e a violência, mas que busca superar os desafios. “Certa vez, perguntei ao industrial paulista José Mindlin se ele estava preocupado em saber para onde o Brasil estava indo. ‘Eu sempre me preocupo com o fim do mês”, disse ele. ‘Mas eu nunca me preocupo sobre o futuro’. Ele estava certo. O Brasil é o cemitério dos opositores”, afirmou o colunista.
Cohen ressalta que o País tem se transformado desde a década de 1980, com a moeda e a democracia se estabilizando, enquanto a classe média tem crescido exponencialmente, mesmo que esteja pressionada agora. O Brasil já passou por um processo de impeachment com Fernando Collor de Mello e enfrenta outro com Dilma Rousseff. O boom das commodities que impulsionou o rápido crescimento brasileiro nos últimos anos terminou, mas o País segue entre as top 10 economistas do mundo. A expectativa de vida passou de 63,9 anos em 1986 para 74,4 anos em 2014. O analfabetismo é alto, mas caiu acentuadamente.
“Os problemas do País persistem, mas só um tolo nega que o Brasil será um grande ator do século XXI. Como qualquer pessoa que esteja frequentando a Olimpíada deve perceber, o Brasil tem uma cultura nacional poderosa e feliz. É a terra do ‘tudo bem”’, diz ele.
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Cohen afirma que “há algo no mundo desenvolvido” que não gosta de quando os países em desenvolvimento organizam eventos. “Primeiro, o Brasil não iria nunca conseguir deixar tudo pronto para a Olimpíada. Agora que conseguiu e realizou uma abertura magnífica, é culpado de não ter resolvido todos os seus problemas sociais a tempo dos jogos. Eu ouvi as mesmas lamúrias na África do Sul na época da Copa do Mundo em 2010: o crime, a pobreza e a ineficiência iriam estragar as coisas. Mas o torneio foi um triunfo”, ressaltou. “Eu não lembro de ver repórteres fazendo pente-fino nas partes mais pobres e com mais crime do Reino Unido em 2012 para achar pessoas prontas para reclamar sobre os jogos de Londres”. Para o colunista, estes Jogos Olimpícos no Rio estão sendo bons para o Brasil e para a humanidade.
Ele ainda ressalta que a sua imagem preferida é a de Rafaela Silva, a jovem brasileira da Cidade de Deus que ganhou medalha de ouro no judô e declarou: “Essa medalha demonstra que uma criança que tem um sonho deve acreditar, mesmo que leve tempo, porque o sonho pode ser realizado”.
“Nas favelas algumas crianças estão sonhando de uma maneira diferente agora. Isso, sim é uma história”, conclui o artigo.
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