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SÃO PAULO – A candidatura de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara dos Deputados anunciou, nesta quinta-feira (7) que recebeu apoio majoritário da bancada do PSL na corrida pela casa legislativa, ao contar com a assinatura de 32 dos 52 deputados do partido. O movimento indica um elevado potencial de dissidências no partido, que havia decidido apoia Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa.
A notícia foi confirmada pelo deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice na chapa capitaneada pelo líder do “centrão”, em sua conta no Twitter. “Acabamos de registrar o bloco de apoio da candidatura do nosso presidente Arthur Lira, além dos partidos já anunciados, recebemos a adesão do PSL com a assinatura de 32 dos 52 deputados”, escreveu.
Acabamos de registrar o bloco de apoio da candidatura do nosso presidente @ArthurLira_ , além dos partidos já anunciados, recebemos a adesão do PSL com a assinatura de 32 dos 52 deputados. Na próxima semana teremos mais adesões. #paratodaacamaratervoz
— Marcelo Ramos (@marceloramosam) January 7, 2021
O movimento tende a gerar uma nova controvérsia legal dentro do PSL, antiga sigla do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Isso porque a manifestação de endosso a Lira conta com a assinaturas de 17 parlamentares que estão atualmente suspensos do partido. Entre os deputados da sigla com plenos direitos na casa legislativa, o apoio ao candidato alagoano não é majoritário.
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Para adversários, os parlamentares que assinaram a lista organizada pelo deputado Vitor Hugo (PSL-GO), um dos suspensos, não teriam prerrogativa regimental para tal. Já Lira argumenta que a decisão da suspensão não invalida as assinaturas. Caberá à Mesa Diretora decidir se o apoio é válido ou não.
Em nota, o deputado Luciano Bivar (PE), presidente nacional do PSL, disse que a lista “carece de legalidade e fundamento regimental”, uma vez que o deputado Vitor Hugo (PSL-GO), que a distribuiu, e outros 16 parlamentares que a assinaram estão suspensos de suas atividades partidárias. “Essa ação, portanto, não tem nenhum sentido legal. A intenção é, apenas, conturbar o cenário político”, diz.
“O PSL está fechado com o bloco que sustenta a candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB) à presidência da Câmara e assim permanecerá até o fim”, reforça Bivar.
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Além de valor simbólico, o episódio pode trazer implicações sobre a distribuição de poder na Câmara dos Deputados. Isso porque hoje Baleia Rossi em tese lidera o maior bloco partidário na casa, com 11 siglas: PT (52), PSL (36), MDB (34), PSB (30), PSDB (33), DEM (29), PDT (26), Cidadania (7), PV (4), PCdoB (9) e Rede (1).
Caso haja confirmação pela Mesa Diretora da Câmara da validade das assinaturas, que superam a metade da bancada do PSL, os 52 deputados do partido passariam a ser contabilizados no bloco de Lira. Nesta hipótese, o líder do “centrão” superaria seu adversário com o maior bloco partidário – questão fundamental para a distribuição de cargos.
De qualquer forma, mesmo com o destino do PSL em aberto, o episódio dá importante sinalização para disputa pelo comando da Câmara dos Deputados pelos próximos dois anos. Muito se dizia sobre o racha na bancada, mas o apoio de 32 deputados à candidatura de Lira indica quantitativamente o potencial de traições com que Baleia poderá lidar no partido.