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A menos de 20 dias do primeiro turno das eleições municipais, marcado para 6 de outubro, os seis principais candidatos à prefeitura da maior cidade do Brasil voltaram a frustrar os eleitores que porventura esperavam uma troca de ideias sobre os maiores problemas de São Paulo (SP).
Na manhã desta terça-feira (17), o encontro promovido pela RedeTV!, em parceria com o UOL, manteve a tônica dos programas anteriores desta campanha e foi marcado por um festival de agressões verbais, ofensas, xingamentos, provocações e denúncias sem provas. Assim como já havia ocorrido nos cinco debates anteriores, muito pouco pôde ser extraído em termos de propostas dos candidatos para melhorar a vida dos moradores da cidade mais populosa do país.
“Orangotango” e “tchutchuca do PCC”
Dois dias depois de ter sido agredido por José Luiz Datena (PSDB) com uma cadeira, durante o debate de domingo (15), na TV Cultura, Pablo Marçal (PRTB) iniciou o encontro com seus adversários dobrando a aposta e adotando uma postura agressiva.
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“No último debate, eu estava terminando a minha fala dizendo que o Datena não é homem. Aqui eu ratifico. Ele não é, ele é um agressor. As cadeiras foram parafusadas no chão porque ele teve um comportamento análogo a um orangotango, em uma tentativa de homicídio contra mim”, afirmou o candidato do PRTB, no momento em que deveria dirigir uma pergunta a Ricardo Nunes.
Na resposta, o prefeito de São Paulo pediu ao adversário que elevasse o nível das discussões.
“Você chegou só agredindo, a todos. Ao pai da Tabata, ao Boulos, ao Datena, a mim… só a Marina [Helena] você poupou um pouco. Isso é ruim para você”, alertou Nunes.
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“Nos incomoda essas agressões o tempo inteiro. Nós precisamos elevar o nível. Não vai ser você que virá me provocar. Eu não vou cair no golpe”, completou o emedebista.
“Você fica abusando do seu programa na TV e rádio para me ligar ao crime. Logo você, que é ‘tchutchuca’ do PCC”, disparou Marçal. “Você usa dinheiro público, você destrói tudo aqui, e eu tenho que me comportar.”
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“Não estou feliz com o que aconteceu”, diz Datena
Em outro momento do início do debate, José Luiz Datena, que interagia com Guilherme Boulos (PSOL), também falou sobre a agressão a Marçal.
“Eu espero que o respeito pela democracia seja o que paute este debate. Eu não tenho palavreado político, não sei agir como político. Não estou nem um pouco feliz com o que aconteceu no último debate”, disse o tucano.
“Desde criança, meu pai me ensinou que eu teria que honrar a minha família e a mim mesmo até a morte. Estou disposto a fazer isso, mas estou disposto a conversar”, completou Datena.
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“O jeito de falar com bandido condenado, ladrão de velhinho virtual, é a Justiça. Não tem outro caminho. Essa é a realidade. Você vai responder na Justiça pelas injúrias que você dirigiu a mim”, disse Datena, dirigindo-se a Marçal.
“Você pode me provocar da forma que você quiser, que eu não vou partir para a agressão com você. Eu não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só. Eu não vou fazer isso”, continuou o tucano.
Ainda sobre a agressão contra Marçal, Datena mencionou alguns juristas que, segundo ele, “já consideraram [o episódio] como legítima defesa da honra”.
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“Cadeirada quem levou fui eu, por ter sido acusado de um crime hediondo em um processo que já está arquivado e que nem falava em estupro. Isso é a pior cadeirada que um cidadão pode receber.
“Eu fui atacado de forma vil, canalha e absurda”, justificou Datena.
Boulos, por sua vez, disse que “a polêmica, o meme, têm prazo de validade”. “Infelizmente, o que a gente tem vivido em São Paulo, não. Temos vivido fila na saúde e uma situação muito precária que esta gestão não deu conta de resolver”, afirmou o deputado, em crítica ao governo de Ricardo Nunes.
Ofensas entre Marçal e Nunes quase interrompem debate
Disputando os votos do eleitorado bolsonarista na cidade de São Paulo, Pablo Marçal e Ricardo Nunes (MDB) protagonizaram a discussão mais acalorada do debate desta terça.
A mediadora do debate, Amanda Klein, teve dificuldade para conter os ânimos em um bate-boca entre Nunes e Marçal. Depois de chamar Nunes de “tchutchuca do PCC”, Marçal disse que o prefeito da capital paulista será preso por supostos crimes.
“Nós vamos prender o Ricardo Nunes por uma denúncia de desvio de dinheiro de merenda. No último debate, o Boulos chamou ele de ladrão de creche. Não sou eu que estou te acusando disso, quem está acusando é a Polícia Federal”, afirmou o candidato, sem apresentar provas.
O candidato do PRTB complementou, dirigindo-se a Nunes: “Vai para a cadeia. Você usou a conta da sua esposa, da sua filha”.
A partir daí, teve uma dura discussão e troca de xingamentos e ofensas entre Nunes e Marçal, e o programa quase teve de ser interrompido.
“Ele [Marçal] saiu da cadeia, mas a cadeia não saiu de dentro dele”, disparou o prefeito de São Paulo.
“Queria pedir desculpas ao pessoal que está assistindo. Mas é muito difícil ver esse condenado atacando a gente”, explicou Nunes, um pouco mais calmo, antes de dirigir uma pergunta a Boulos.
Em 2010, Marçal foi apontado como suposto participante de um grupo que teria desviado dinheiro de bancos em meados de 2005 – na época, ele tinha 18 anos.
O grupo criava sites falsos de instituições financeiras, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, e mandava e-mails acusando pessoas, falsamente, de inadimplência. Os criminosos roubavam dados e informações das vítimas e, ainda, “infectavam” computadores e dispositivos digitais com programas conhecidos como “cavalos de Troia”.
Marçal reconheceu que chegou a colaborar com o grupo, mas sempre garantiu não ter conhecimento de qualquer ilegalidade praticada. Ele foi condenado, chegou a ser preso, mas teve a pena extinta em 2018, por prescrição retroativa.
“Ataca, mente e depois leva cadeirada”
O deputado federal Guilherme Boulos, candidato do PSOL, ensaiou uma nova estratégia no debate.
Boulos preferiu ignorar as provocações e ataques de Pablo Marçal e aproveitou, por outro lado, para provocar o adversário.
“Você vive de mentiras. Ataca, mente e depois toma uma cadeirada”, ironizou Boulos, dirigindo-se a Marçal.
“Não vou cair na sua provocação porque ela tem prazo de validade, só dura mais três semanas. Eu estou preocupado com os próximos quatro anos da cidade de São Paulo”, completou Boulos.
Marçal, em sua resposta, mencionou um episódio ocorrido no primeiro debate da atual campanha eleitoral, quando o empresário provocou Boulos ao mostrar a ele uma carteira de trabalho.
“Eu provei com aquela carteira de trabalho que ele é um desequilibrado, um tirano, ele tentou tomar aquilo da minha mão”, afirmou Marçal.
Marina Helena pede saída de Datena
A economista Marina Helena (Novo) criticou José Luiz Datena pelo ato violento e pediu que ele abandonasse a corrida eleitoral.
“Eu me preocupo muito com o que está acontecendo nesta eleição. Eu repudio as baixarias e repudio os ataques verbais violentos, mas não é possível que nós, como sociedade, aceitemos a equiparação de uma violência verbal, que faz parte da democracia, com uma violência física”, afirmou a candidata do Partido Novo.
“Em qualquer outro lugar do mundo, um candidato que tivesse pegado uma cadeira e atacado outro candidato sairia algemado”, defendeu Marina Helena.
“Eu te peço, Datena, para deixar esse pleito porque você não tem controle emocional para usar a cadeira de prefeito da cidade de São Paulo”, completou a economista.
Próximo debate
Os principais candidatos à prefeitura de São Paulo voltam a se encontrar em um debate promovido pelo SBT, em parceria com o portal Terra e a rádio Nova Brasil FM, na sexta-feira (20), a partir das 11h15.
Devem comparecer Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo).