Cabe ao Congresso julgar manutenção de “excepcionalidades” da tributária, diz Haddad

Ministro foi questionado sobre as preocupações em torno de um IVA Dual a 28%. Haddad lembrou que este seria um teto e que a alíquota média prevista deve ficar entre 21% e 22% – em sua visão, um patamar "adequado"

Equipe InfoMoney

Fernando Haddad, ministro da Fazenda (Foto: Washington Costa/MF)
Fernando Haddad, ministro da Fazenda (Foto: Washington Costa/MF)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reforçou, nesta quarta-feira (4), que está nas mãos do Congresso Nacional julgar se deve ou não manter algumas das excepcionalidades previstas na reforma tributária – que jogam a alíquota máxima do IVA Dual para cima, em cerca de 28%.

“Para fazer com que a máxima possa ser menor, embora a média já esteja contratada pela emenda constitucional, a média dos tributos atuais considerando a queda da sonegação em virtude do novo regime”, disse Haddad, em entrevista à GloboNews.

O ministro havia sido questionado sobre as preocupações em torno de um IVA Dual a 28%. Lembrou, por sua vez, que este seria um teto e que a alíquota média prevista deve ficar entre 21% e 22% – o que, na visão de Haddad, seria um patamar “bastante adequado”.

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“O que está fazendo a alíquota máxima ficar a 28% é porque muitos produtos vão pagar zero de alíquota e muitos vão pagar 40% da alíquota máxima. Como alguns vão pagar zero e outros menos de 12%, e a média vai ser 21%, 22%, alguns vão ter que compensar quem vai ficar menos de 22%, por isso a máxima vai ficar em 28%”, afirmou.

Orçamento e despesas obrigatórias

Na entrevista, Haddad disse que é necessário fazer um debate sobre o ritmo de crescimento das despesas obrigatórias, que eventualmente vão consumir o espaço dos gastos discricionários.

“Eu te dou razão em dizer que, todas as regras mantidas, a despesa obrigatória vai consumir a despesa livre, a despesa discricionária. Então, nós vamos ter de fazer um debate sobre isso”, afirmou o ministro.

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O comportamento das despesas obrigatórias foi uma das principais críticas ao novo arcabouço fiscal, aprovado no ano passado.

A regra estabelece um crescimento real máximo de 2,5% ao ano para as despesas do governo, mas parte dos gastos obrigatórios, como com saúde e educação, está indexada a outros fatores e acaba expandindo-se mais do que o gasto geral. Isso acaba reduzindo o espaço para as despesas discricionárias.

Segundo Haddad, já existe um debate dentro do governo sobre como resolver esse problema. Ele ressaltou o processo de revisão de gastos iniciado neste ano e o trabalho do Ministério do Planejamento em identificar as principais rubricas que devem ser alvo de atenção, inclusive um “descontrole” dos cadastros em programas sociais, que ele atribuiu ao governo anterior.

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“Esse descontrole está sendo revisto pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que, com muito zelo e cuidado, está fazendo o que precisa ser feito e fará mais para que esses gastos não fujam do controle”, concluiu Haddad.

(Com Estadão Conteúdo)