Bruno Covas é reeleito prefeito de São Paulo

Candidato do PSDB derrotou o opositor Guilherme Boulos (PSOL) neste segundo turno

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Bruno Covas (PSDB) foi reeleito, neste domingo (29), prefeito de São Paulo para mais quatro anos de mandato (2021-2024). Com a totalidade das urnas apuradas, o tucano conquistou 3.169.121 votos – o equivalente a 59,38% dos votos válidos (ou seja, excluindo votos em branco e nulos).

Neste segundo turno, Covas derrotou o opositor Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu 2.168.109 votos – 40,62% dos votos válidos. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi uma das grandes surpresas destas eleições, desbancando adversários mais conhecidos do eleitorado paulistano e com mais tempo de televisão e estrutura partidária.

Covas contou com uma ampla coligação formada por 11 siglas (PSDB, PP, MDB, Podemos, PSC, PL, Cidadania, DEM, PTC, PV e Pros), em um movimento que envolveu costuras nacionais.

Neste segundo turno, ele recebeu ainda o endosso de PSD, que concorreu com Andrea Matarazzo no primeiro turno; do Republicanos, de Celso Russomanno; do PSL, de Joice Hasselmann; e do Solidariedade, que integrou a coligação de Márcio França (PSB).

A disputa em São Paulo era vista como um laboratório para a construção de uma candidatura de “centro” para as eleições presidenciais de 2022. E para os tucanos, que têm o nome do governador João Doria como provável candidato, manter o controle da cidade é fundamental. Já na esquerda, o pleito deu mais força ao nome de Boulos, que agora passa a ser visto como nova liderança no grupo.

No discurso de vitória, Covas afirmou que ele mesmo é “fruto da democracia” e que “é possível fazer política sem ódio”. “As urnas falaram e a democracia está viva. São Paulo mostra que faltam poucos dias para o obscurantismo e negacionismo. São Paulo disse sim a ciência e disse sim à moderação”, afirmou ao lado do governador João Doria, no diretório estadual do PSDB.

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O tucano disse que sua reeleição traz o desafio de “transformar a esperança em realidade”, longe de divisões, e lembrou seu avô ao afirmar ser possível “conciliar política e ética, política e honra, política e mudança”. “Agora, acrescento, é possível fazer política sem ódio, fazer política falando a verdade”.

Em um aceno aos eleitores de Boulos, o prefeito reeleito disse que vai “governar para todos”. “A partir de amanhã não existe distrito azul e vermelho, existe a cidade de São Paulo”, disse, em tom similar ao usado pelo presidente eleito nos Estados Unidos, Joe Biden, em seu discurso de vitória. O tucano venceu em 50 das 58 zonas eleitorais da cidade.

Covas também deu destaque ao seu vice, Ricardo Nunes (MDB) – um dos principais alvos em sua candidatura, apontado em denúncia de violência doméstica em 2011 e por participar de operações consideradas suspeitas envolvendo convênios com creches. “Queria fazer uma homenagem e agradecimento especial ao meu vice Ricardo Nunes, que sofreu muito durante essa campanha. Esteja certo, Ricardo, que partir de 1ºde janeiro vamos governar e mostrar para São Paulo quem nós somos e qual é a nossa visão de mundo”, disse.

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Mais cedo, ao votar neste domingo, Covas prometeu cumprir os quatro anos de mandato. “Quero ser reeleito para entregar o cargo no dia 1º de janeiro de 2025”, disse. O tucano, vice de João Doria, assumiu a prefeitura quando o titular deixou o cargo para disputar o governo estadual. O movimento incomodou os paulistanos, e Doria, apesar de vencer a disputa, foi derrotado na capital por seu adversário, o então governador Márcio França (PSB).

Durante a campanha, Covas conseguiu melhorar sua avaliação junto ao eleitorado. Segundo o Datafolha, o grupo de paulistanos que classificam o trabalho do atual prefeito como ótimo ou bom saiu de 25% (21 e 22/09) para 35% (23/11). Já as avaliações negativas caíram de 27% para 21% no período.

O tucano explorou a imagem de gestor público experimentado e a necessidade de uma postura de equilíbrio para lidar com os desafios impostos pela conjuntura de pandemia do novo coronavírus. Com isso, também buscou fazer contraste com a falta de experiência de Boulos, a quem trabalhou para consolidar uma imagem de radical.

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Os desafios de Covas nesta candidatura foram muito além da própria gestão da crise sanitária que o tornou mais conhecido para boa parte dos eleitores. Em outubro do ano passado, ele foi diagnosticado com câncer na cárdia, localizado na transição entre o estômago e o esôfago – o que levou muitos médicos duvidarem que seria capaz de concorrer à eleição. O quadro do prefeito melhorou, embora ainda esteja em tratamento imunoterápico sem previsão de término.