Brasil enfrenta sua pior seca já registrada, diz Cemaden

O número de dias secos consecutivos ultrapassou 120 em 2024, gerando expectativas negativas para os próximos meses

Equipe InfoMoney

Bombeiros combatem um incêndio de grandes proporções que atinge a Floresta Nacional de Brasília (Flona) nesta quinta-feira, 5 de setembro de 2024. (JOSÉ LUIZ TAVARES/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
Bombeiros combatem um incêndio de grandes proporções que atinge a Floresta Nacional de Brasília (Flona) nesta quinta-feira, 5 de setembro de 2024. (JOSÉ LUIZ TAVARES/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

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O Brasil vive a pior seca em 70 anos. É o que mostra o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que informa que não há registros de uma situação tão grave desde 1950, quando os dados começaram a ser colhidos. A pesquisa foi inicialmente divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.

O órgão, que avaliou dados de 1950 a 2024 usando o Índice de Precipitação Padronizado de Evapotranspiração, explicou que a ferramenta utilizada para medir e monitorar a seca considera a quantidade de chuva que cai e a quantidade de água que se perde por evaporação e transpiração das plantas.

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Neste ano, o número de dias secos consecutivos ultrapassou 120. O cenário é de seca nas regiões Norte e Nordeste, estiagem nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e incertezas sobre o grau de impacto do fenômeno La Niña para o trimestre de setembro, outubro e novembro, indicando chuvas abaixo da média e temperaturas acima da média histórica em todo o país.

O boletim de monitoramento de agosto do Cemaden aponta 3.978 municípios com algum grau de seca, sendo que 201 estão em condição de seca extrema. A previsão é de que o número suba para 4.583, com 232 em seca severa agora em setembro.

Além disso, no mês passado, 45 terras indígenas foram classificadas na condição de seca extrema e 161 com seca severa, a maior parte localizada nas regiões Norte e Centro-Oeste.

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Os dados deixam em alerta os produtores rurais do país, já que a seca tem grande potencial de impactar as safras de milho e feijão.

Alerta

Nesta quinta-feira (5), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou um alerta de grande perigo para baixa umidade em oito estados e no Distrito Federal durante a tarde, das 13h às 17h.

Alertas desse tipo estão sendo emitidos desde o último domingo (1º). A área afetada pelo fenômeno meteorológico ampliou-se nos últimos dias, indo em direção ao norte.

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De acordo com o Inmet, hoje a umidade relativa do ar pode chegar a 12% em todo o Distrito Federal, quase todo o estado de Goiás (exceto o sul) e partes dos estados da Bahia (oeste do estado), Piauí (sul), Maranhão (sul), Tocantins (metade sul do estado, incluindo a capital), Mato Grosso (leste), São Paulo (área de divisa com Minas Gerais) e Minas Gerais (centro e leste do estado, incluindo a capital).

Energia mais cara

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abandonou a bandeira tarifária verde nas contas de luz — que não impõe nenhum custo adicional ao consumidor — em setembro, devido ao risco hidrológico e ao custo de geração de energia. O anúncio foi feito na sexta-feira (30).

A bandeira vermelha implica uma cobrança adicional na tarifa de energia elétrica, o segundo item que mais pesa na inflação ao consumidor, na casa dos 8%. Nesta quarta-feira (4), o órgão mudou a bandeira tarifária de setembro para “vermelha bandeira 1”, alegando um erro de cálculo, o que reduzirá os valores adicionais cobrados na conta de luz.

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Ainda assim, o cenário é preocupante. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aprovou nesta semana ações preventivas para garantir a oferta de energia para todo o país.

O ONS traçou um cenário de elevada demanda por energia e baixa contribuição da geração eólica entre setembro e dezembro, sinalizando a necessidade de utilizar recursos da reserva operativa para atender à demanda máxima do sistema.

Entre as ações que serão colocadas em prática está a continuidade do envio de eletricidade produzida pelas usinas termelétricas movidas a gás natural Santa Cruz, localizada no Rio de Janeiro, e Linhares, no Espírito Santo, durante novembro.

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Também está prevista a possibilidade de despacho flexível da energia gerada pelas termelétricas Santa Cruz, Linhares e Porto Sergipe.

Além disso, está prevista a articulação para viabilizar a operação excepcional do reservatório intermediário da Usina Hidrelétrica de Belo Monte em Vitória do Xingu, no Pará.