Boulos desafia Nunes a abrir sigilo bancário, e prefeito rebate: “Está desesperado”

PF pediu à Justiça a abertura de inquérito sobre o prefeito, alvo de suspeitas por relações que manteve com uma empresa que supostamente emitia notas “frias”, quando ainda era vereador. Nunes não foi indiciado

Fábio Matos Marcos Mortari

Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) em debate da TV Bandeirantes (Foto: Reprodução/YouTube)
Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) em debate da TV Bandeirantes (Foto: Reprodução/YouTube)

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O deputado federal Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo (SP), voltou a acusar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, de participação no escândalo conhecido como “máfia das creches”.

Recentemente, a Polícia Federal (PF) indiciou 117 pessoas no âmbito da investigação. A corporação pediu à Justiça a abertura de um inquérito específico sobre o prefeito, alvo de suspeitas por relações que manteve com uma empresa que supostamente emitia notas fiscais “frias”, quando ainda era vereador na capital. Nunes, que não foi indiciado, sempre negou qualquer irregularidade.

Durante o debate promovido pela TV Bandeirantes, na noite desta segunda-feira (14) – o primeiro do segundo turno das eleições municipais –, Nunes mencionou o caso envolvendo o deputado federal André Janones (Avante-MG), que teve uma representação contra si arquivada no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados com o voto favorável de Boulos, que era o relator do processo. Janones era suspeito de ter praticado “rachadinha” em seu gabinete.

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Em sua resposta, Boulos contra-atacou e citou a “máfia das creches” em São Paulo.

“Rachadinha, para mim é crime, sendo do Janones, do Flávio Bolsonaro, que é seu amigo. Eu nunca fiz rachadinha. Você fez a rachadinha das creches”, disparou o candidato do PSOL, dirigindo-se diretamente ao prefeito.

“[Nunes] Está sendo investigada pela PF a máfia das creches, e você está lá. Você recebeu um cheque nas sua conta, como consta na acusação da PF?”, questionou Boulos.

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Na sequência, o deputado do PSOL lançou um desafio a Nunes: “Eu abro o meu sigilo bancário. Você abre o seu?”, indagou.

Ao responder a Boulos, o prefeito de São Paulo alegou que seus adversários têm “dor de cotovelo porque, pelo quarto ano consecutivo, temos vaga de creche para todas as crianças em São Paulo”.

“Isso [máfia das creches] se fala há tanto tempo. O Ministério Público de São Paulo fez essa investigação e concluiu que não existe absolutamente nada de errado da minha parte”, afirmou Nunes.

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“Existe uma outra investigação, há cinco anos, e eu não fui indiciado. Não existe uma denúncia contra mim. Eu nunca tive uma condenação, nunca fui denunciado. Eu sou ficha limpa”, prosseguiu o prefeito.

Ao responder sobre o cheque citado por Boulos, Nunes disse: “Todo serviço que aminha empresa prestou foi correto e todo recebimento que ela tem foi correto, com nota fiscal emitida. Não tem nada de errado. Eu tenho minha vida limpa. O que existe de recebimento da minha empresa é pelos serviços prestados”.  

Por fim, desafiado a abrir o sigilo bancário, o candidato à reeleição saiu pela tangente. “Chega a beirar o ridículo. Ele [Boulos] está desesperado, 58% de rejeição, não vai ganhar nada. Vai perder mais uma.” Mais tarde, afirmou: “Meu sigilo bancário já é aberto, está aberto, está à disposição. Nunca fugi da Justiça”.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”