Bolsonaro lidera corrida presidencial para 2022, aponta pesquisa

A dois anos do pleito e ainda sem definição das candidaturas, levantamento mostra presidente à frente nas simulações de primeiro e segundo turnos

Marcos Mortari

SÃO PAULO – As eleições municipais mal terminaram e a corrida presidencial já entra no radar do mundo político. Uma pesquisa feita pelo Instituto Paraná mostra que, se o pleito fosse hoje, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lideraria nos três cenários de primeiro turno testados e nas cinco simulações de segundo turno feitas.

Considerando todos os cenários apresentados pelo instituto, 12 nomes são testados ao menos uma vez para o primeiro turno, sendo que quatro deles aparecem nos três casos: Jair Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB) e João Amoêdo (Novo).

Além deles, são testados Fernando Haddad (PT), Flávio Dino (PC do B), Guilherme Boulos (PSOL), Luciano Huck (sem partido), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Lula (PT), Marina Silva (Rede) e Sérgio Moro (sem partido).

Como ainda faltam dois anos para a corrida presidencial, não há clareza sobre as candidaturas e como os partidos se movimentarão até lá. O pleito também segue distante do imaginário do eleitor. Mas o levantamento funciona como teste para nomes frequentemente especulados.

Veja cada cenário testado pelo instituto:

Cenário 1:

Cenário 2:

Cenário 3:

A pesquisa foi realizada através de entrevistas telefônicas conduzidas por entrevistadores, entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro, e contou com uma amostra de 2.036 eleitores, sendo estratificada por sexo, faixa etária, grau de escolaridade, nível econômico e posição geográfica. A margem estimada de erro é de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Em dois levantamentos anteriores, o Instituto Paraná Pesquisas testou os três cenários incluindo o nome de Wilson Witzel (PSC), hoje governador afastado do Rio de Janeiro. Isso faz com que as séries não sejam perfeitamente comparáveis à atual edição.

No entanto, levando em consideração a baixa pontuação de Witzel ‒ que não superou 1% em nenhum momento ‒ e para fins de monitoramento do desempenho dos principais possíveis candidatos ao longo do tempo, eis um comparativo dos cenários nos três levantamentos:

Cenário 1:

Cenário 2:

Cenário 3:

Em todos os cenários, Bolsonaro aparece à frente, com um patamar de intenções de voto que varia entre 33% e 36%. Dependendo da simulação, a segunda posição é ocupada pelo ex-juiz Sérgio Moro (12%), pelo ex-presidente Lula (18%) ou pelo ex-governador Ciro Gomes (8%-12%).

João Doria, governador de São Paulo, aparece com 4% ou 5% das intenções de voto, sempre numericamente atrás de Guilherme Boulos (5%-6%), do empresário e apresentador Luciano Huck (8%-10%) e do ex-prefeito Fernando Haddad (9%-12%).

Depois da ampla exposição conquistada durante a campanha pela prefeitura de São Paulo, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) indica potencial para dividir votos na esquerda, caso consiga manter o atual patamar.

Já Huck, frequentemente apontado como opção para liderar uma coalizão “centrista” para possivelmente enfrentar Bolsonaro, apresenta elevado potencial eleitoral e faz sombra às pretensões de Doria.

Segundo turno

Bolsonaro também aparece na frente nas simulações de segundo turno contra cinco adversários: Lula (+14 p.p.), Sérgio Moro (+10 p.p.), Ciro Gomes (+18 p.p.), João Doria (27 p.p.) e Luciano Huck (19 p.p.).

Em nenhum dos cenários houve significativa variação em comparação com o levantamento de julho. A disputa mais equilibrada hoje é com Sérgio Moro, que comandou o Ministério da Justiça e Segurança Pública de seu governo até abril.

Avaliação presidencial

O levantamento do Instituto Paraná também ouviu a opinião dos eleitores sobre o governo Jair Bolsonaro. Para 37%, a atual gestão é ótima ou boa, mesmo percentual dos que a classificam como ruim ou péssima. Quatro meses antes, as avaliações negativas superavam as positivas em 4 pontos percentuais. Em maio, a diferença chegou a ser de 7 p.p..

Incertezas

As eleições presidenciais ocorrem apenas daqui a dois anos e uma série de movimentos precisam acontecer até lá. Um deles diz respeito à filiação partidária de Bolsonaro.

O mandatário deixou o PSL em novembro de 2019 e ensaiou a construção de seu próprio partido ‒ Aliança pelo Brasil, que até agora não saiu do papel.

Desde o resultado das eleições municipais, ganhou força a possibilidade de o presidente ingressar a um partido já existente: PP, Republicanos e PSD estão entre os cotados. A volta ao PSL também é avaliada.

Não há definição ainda sobre os demais candidatos e como os partidos deverão se comportar. Há hoje um esforço conjunto de MDB, DEM e PSDB para concorrer com um nome único ‒ hoje os mais citados são João Doria, Luciano Huck e Luiz Henrique Mandetta.

O nome de Sérgio Moro é frequentemente lembrado, em função de seu elevado capital político. Mas o recente contrato como diretor da empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal ‒ escritório que tem como um de seus clientes a Odebrecht ‒ pode afastá-lo de ambições políticas.

Na esquerda também há uma série de questões em aberto. O resultado ruim do PT no pleito municipal gera dúvidas sobre como o partido, que desde 1989 sempre lançou candidato próprio, irá se comportar. A situação jurídica de seu principal líder, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segue imprevisível.

Já PDT e PSB ensaiam uma aproximação em torno da candidatura do ex-governador Ciro Gomes. O bom desempenho de Guilherme Boulos (PSOL) na eleição para a prefeitura de São Paulo também o coloca em posição relevante para as discussões no campo progressista.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.