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(Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro usou sua live semanal nesta quinta-feira para indicar que se for reinfectado com o coronavírus vai tomar mais uma vez a cloroquina, remédio sem eficácia comprovada contra a Covid-19, num momento em que o governo tem um novo ministro da Saúde que defende a importância da ciência no combate à pandemia.
Em uma live atípica por ser mais curta que nos últimos meses, Bolsonaro adotou um tom mais moderado do o que o de costume e tossiu seguidas vezes.
O presidente tem sido duramente criticado pelo Congresso e a sociedade pela falta de ação e os erros do governo federal no enfrentamento à pandemia, uma vez em que o Brasil atravessa sua pior crise, com mais de 2.000 mortes por dia em média.
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A insistente defesa de Bolsonaro pelo uso de medicamentos sem comprovação científica, como a cloroquina e a ivermectina, em vez de buscar desde o início as vacinas, é um dos motivos de ataque ao presidente, que recentemente parou de nomear os medicamentos após uma decisão judicial que impediu o governo de promover qualquer tratamento sem embasamento científico.
Em uma live de apenas 20 minutos, ao contrário de transmissões anteriores superiores a 1 hora, Bolsonaro fez apenas uma defesa discreta dos medicamentos, sem citá-los, dizendo que voltará a tomá-los caso seja reinfectado.
“Não tem um medicamento certo para isso ainda de forma clara, não existe medicamento para isso, mas o médico tem alternativas e pode salvar a sua vida com essa alternativa”, disse o presidente.
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“Se eu, por ventura, for reinfectado, eu já tenho meu médico e já sei o que ele vai receitar para mim, o que me salvou lá atrás”, acrescentou o presidente, que fez uma forte defesa da hidroxicloroquina quando contraiu a Covid-19 no ano passado.
Anteriormente, Bolsonaro costumava alegar que já tinha sido infectado pela doença quanto questionado porque não usava máscara e não mantinha distanciamento social, mas ultimamente o presidente passou a usar máscaras, em uma mudança de posicionamento em meio ao aumento das críticas.
A mudança nesse comportamento do presidente coincide também com a chegada do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que tem defendido a importância da ciência no combate à pandemia, incluindo pontos básicos e simples como, justamente, o uso de máscaras.
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Na véspera, em sua primeira entrevista coletiva, Queiroga afirmou que o Brasil tem que “olhar para frente” e buscar o que existe de comprovado, ao ser questionado a respeito do uso da cloroquina.
Na segunda-feira, a Associação Médica Brasileira (AMB) afirmou que a utilização dos medicamentos hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina deve ser banida do combate à pandemia, destacando que esses remédios não possuem eficácia científica comprovada no tratamento ou prevenção da Covid-19.
LOCKDOWN E VACINAS
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Mesmo em tom mais moderado do que em outras transmissões nas redes sociais, o presidente voltou a criticar nesta quinta as medidas de restrição adotadas por prefeitos e governadores para conter a Covid-19 no pior momento da pandemia, apesar de na véspera ter anunciado a criação de um comitê para definir ações do combate à Covid-19 em coordenação com os governadores.
“Se economia parar, se a política do fechar tudo de forma radical continuar, não sabemos onde vai parar o Brasil”, afirmou.
Ao mesmo tempo, o presidente mais uma vez defendeu a vacinação da população, repetindo o pronunciamento que fez esta semana, em mais uma mudança de postura para alguém que passou meses questionando a eficácia das vacinas e chegou a proibir, inicialmente, a compra da chinesa CoronaVac –a mais utilizada na vacinação brasileira até agora.
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Ao exaltar a capacidade de produção da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan –este responsável pela produção da CoronaVac no país– Bolsonaro disse que em breve o país será autossuficiente na produção de imunizantes e, futuramente, poderá inclusive exportar vacinas, mediante a grande procura internacional.
“A questão de vacinas tem problemas no mundo todo”, afirmou.
“O mundo todo quer. Alguns acham que comprar vacina é pegar um avião aqui, ir lá fora e trazer pra cá. Não é assim. Não tem vacina dessa forma disponível no mercado… Poderemos lá na frente, depois de vacinarmos toda a população, começar a exportar vacinas.”