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O ex-presidente Jair Bolsonaro falou sobre as derrotas eleitorais de aliados nas eleições municipais até suas aspirações para as eleições de 2026 em entrevista à revista Veja publicada nesta sexta-feira (1º). Ele afirmou que pretende voltar a disputar o pleito daqui a dois anos, mesmo inelegível e enfrentando investigações na Justiça. Também reafirma sua posição como principal líder da “direita conservadora” no Brasil, alfineta Pablo Marçal, e contesta a ideia de que seu papel nas eleições municipais foi um fracasso.
Falam em vários nomes, Tarcísio, Caiado, Zema… O Tarcísio é um baita gestor. Mas eu só falo depois de enterrado. Estou vivo. Com todo o respeito, chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional”, disse o ex-presidente. “Eu pretendo disputar 2026. Não tem cabimento a minha inelegibilidade”.
Segundo ele, a acusação de poder político, ligada à reunião com embaixadores antes das eleições, não lhe entregou “um voto”. Já sobre o suposto abuso de poder econômico, ligado ao ato do 7 de setembro de 2022, “só depois” ficou sabendo que “tudo estava sendo bancado pelo Silas Malafaia”.
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Bolsonaro não escondeu a insatisfação com o sistema judiciário, especialmente com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem acusa de perseguição. Ele afirmou que nunca agiu “fora das quatro linhas” e que não teme ser julgado, mas expressou preocupação quanto à imparcialidade de quem estará a cargo de seus processos. A expectativa é que a Polícia Federal avance nas investigações sobre sua suposta ligação com a tentativa de golpe de Estado, com possibilidade de uma denúncia formal pela Procuradoria-Geral da República.
Para reaver os direitos políticos a tempo de 2026, ele mostra que será crucial conquistar o apoio popular, consolidando a narrativa de que foi injustiçado. Entre as alternativas para viabilizar sua candidatura estão uma possível mudança de lei no Congresso, uma ação no STF ou, na pior das hipóteses, o registro de candidatura no último momento, deixando para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a decisão sobre sua elegibilidade.
Críticas a Marçal
Ao ser questionado sobre a possibilidade de apoiar um sucessor, Bolsonaro foi categórico ao descartar outros nomes e minimizou o crescente apoio ao empresário e político Pablo Marçal, que vem ganhando destaque na direita brasileira. “Chance só tenho eu, com todo o respeito”, declarou, reafirmando sua autopercepção como figura central no movimento conservador. Marçal, que atraiu certo público com seu discurso anti-establishment, foi alvo de críticas de Bolsonaro, que ainda se coloca como a liderança mais viável do campo conservador.
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“Há aproximadamente três meses, o Marçal me procurou. Era uma conversa privada. Falamos uma hora, ele queria que eu estivesse junto com ele e eu disse que havia fechado em São Paulo com o Nunes, indicando o vice. O Marçal saiu da conversa dizendo para a imprensa que eu estaria com ele. Mentiu. Quando fui fazer o desmentido, disse que o Marçal é um cara inteligente. Continuo achando isso, mas ele não usou para o bem a inteligência”.
Bolsonaro afirmou ainda que Marçal “é jovem, tem um baita futuro, mas começou arranhado”, entre outros motivos porque fez uma live com Guilherme Boulos às vésperas do segundo turno.
“Ali, cometeu um erro, querendo aliviar o lado dele junto ao Boulos por causa da divulgação do laudo falso. Pode ter agora algum partido que queira dar legenda para o Marçal em 2026. Ele ganhou notoriedade nacional, se expressa bem e prega uma coisa que todo mundo quer, que é prosperidade”.
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Derrotas nas municipais
As recentes derrotas e vitórias do ex-presidente em cidades-chave foram interpretadas de forma ambígua. Embora tenha ajudado seu partido, o PL, a conquistar quatro capitais, houve perdas significativas em locais onde Bolsonaro atuou como cabo eleitoral.
Candidatos apoiados por ele, como Bruno Engler, em Belo Horizonte, e Fred Rodrigues, em Goiânia, não conseguiram vitória. Em São Paulo, sua atuação foi discreta na campanha de Ricardo Nunes, do MDB, e o ex-presidente chegou a elogiar o opositor direto, Pablo Marçal. Essa dualidade em suas ações trouxe críticas de diferentes setores, que questionaram a eficácia do apoio bolsonarista.
Apesar disso, Bolsonaro argumenta que seu envolvimento foi crucial para a direita, citando vitórias em Cuiabá e São Paulo, onde sua influência contribuiu para derrotar candidatos de esquerda. Ele ainda ressaltou o papel do PL, que se destacou em municípios de grande porte e conquistou posições importantes no cenário político local.