Bolsonaro chama Lula de ‘pinguço’ e cita manobra pró-Alckmin pelo STF

Presidente também reclamou da multa que recebeu do TSE por ter chamado embaixadores para difundir informações falsas sobre a urna eletrônica

Anderson Figo

Bolsonaro em entrevista em Brasília (Reprodução/YouTube)
Bolsonaro em entrevista em Brasília (Reprodução/YouTube)

Em tom exaltado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar, nesta sexta-feira (7), o ministro Alexandre de Moraes, que atualmente preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O chefe do Executivo também chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário no segundo turno da disputa pelo Planalto, de “pinguço”.

Durante uma entrevista a jornalistas em Brasília, Bolsonaro disse que Moraes “está ajudando a enterrar o Brasil” e criticou a decisão do ministro de quebrar o sigilo de mensagens de Mauro Cesar Barbosa Cid, assessor da Presidência. A determinação foi no âmbito das investigações do inquérito das milícias digitais.

“O tempo todo usando a caneta para fazer maldade, tentar me tirar de combate, para desgastar. Já desafiei o Alexandre de Moraes, que vazou a quebra de sigilo telemático do meu ajudante de ordens, que é um crime o que esse cara fez. Esse cara fez um crime. Meu ajudante de ordem, em especial o Cid, porque eu tenho quatro, é um cara de confiança meu”, disse o presidente.

Bolsonaro também reclamou da multa de R$ 20 mil que recebeu do TSE por ter chamado embaixadores estrangeiros em Brasília para difundir informações falsas sobre a segurança do sistema de votação eletrônico brasileiro. A Corte entendeu que o presidente fez propaganda eleitoral antecipada.

“Será que é difícil enxergar tudo isso, que eu estou lutando não é por mim? É pelo Brasil. Para mim era muito mais fácil estar do outro lado do balcão, do lado daquele cara que está no Supremo e está no TSE [Alexandre de Moraes]. Tudo canetando contra mim. Acabou de me dar uma multa de R$ 20 mil porque eu reuni embaixadores aqui”, afirmou.

Bolsonaro citou ainda uma possível manobra pró-Alckmin pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na qual os ministros da Corte estariam apoiando Lula para depois derrubá-lo e deixarem seu vice, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, governando o país.

“Não sou refém de ninguém. Por que muitos preferem o Lula, alguns do Supremo? Porque vai ser marionetado. Vai ser mandado, vai ter rabo preso. E que vontade, né, de cassar o Lula, se um dia ele chegar, para o Alckmin, amigo íntimo de Alexandre de Moraes, assumir o governo. É mentira o que eu estou falando? Será que é difícil vocês entenderem isso?”, declarou Bolsonaro.

O presidente também chamou Lula de “pinguço”. “Se vocês botarem um pinguço para dirigir o Brasil, um cara sem qualquer responsabilidade, que tem um rastro de corrupção. Um rastro de deboche para com a família brasileira, de ataques a padres, a pastores, de ataque às Forças Armadas, de ataque aos policiais. Vocês acham que vai dar certo?”, disse.

Ele falou ainda que o PT ficou 14 anos no Poder e não conseguiu pagar um auxílio com valor razoável aos pobres. “O que o ex-presidente fez pelo Nordeste?”, indagou. “Ora, se lugar de pastor é na igreja e de militar é no quartel, lugar de ladrão é na cadeia. Será que é difícil entender isso? Não vou perder minha originalidade. Vou continuar falando o que penso e acho do meu Brasil, do Brasil de todos vocês”, completou o presidente.

Desde o resultado do primeiro turno das Eleições 2022, no dia 2 de outubro, Bolsonaro vinha adotando uma postura mais pacífica em entrevistas para a imprensa, o que foi interrompido hoje.

Nesta sexta-feira, o Datafolha divulgou nova pesquisa de intenção de voto para o segundo turno, mostrando Lula à frente de Bolsonaro por 49% a 44%.

O resultado, apesar de ainda indicar favoritismo ao petista, mostra uma queda de 5 pontos percentuais em relação ao último levantamento, divulgado no sábado (1º). Já Bolsonaro saltou 6 p.p. no mesmo período. A margem máxima de erro da pesquisa é de 2 pontos para cima ou para baixo.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.