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SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a experimentar uma piora em seus índices de popularidade em junho, apesar de uma melhor percepção do eleitorado sobre os rumos da economia e a dinâmica da pandemia de Covid-19 no país.
De acordo com nova rodada da pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta sexta-feira (11), o grupo de eleitores que avaliam a atual administração como “ruim” ou “péssima” chegou a 50% ‒ mesma marca registrada em maio de 2020, a pior desde o início da gestão. O movimento representa uma nova oscilação ascendente de 1 ponto percentual em comparação com o mês anterior.
O levantamento, realizado entre os dias 7 e 10 de junho, mostra que a percepção negativa em relação ao governo federal vem em tendência de alta desde outubro do ano passado, quando somava 31%. O grupo saltou 19 pontos percentuais em um intervalo de oito meses. Clique aqui para acessar a íntegra.
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Já as avaliações positivas, que no mês passado haviam apontado para o estancamento de uma sequência de baixas relevantes, oscilaram negativamente 3 pontos percentuais ‒ próximo do limite da margem de erro da pesquisa, de 3,2 p.p. para cima ou para baixo.
Foram feitas 1.000 entrevistas telefônicas, conduzidas por operadores, com eleitores de todas as regiões do país, com uma amostra estatística que respeita as proporções do eleitorado brasileiro.
A piora nos índices de popularidade de Bolsonaro ocorreu sobretudo entre os eleitores das regiões Nordeste (de 26% para 18%) e Norte e Centro-Oeste (de 31% para 28%) e Sul (de 34% para 30%), que juntas correspondem a 57% da amostra.
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Também houve um recuo na aprovação do presidente entre eleitores residentes em municípios com população entre 200 mil e 500 mil habitantes (de 27% para 22%) ou superior a 500 mil habitantes (de 26% para 20%), sobretudo nas capitais (de 27% para 17%).
A perda foi maior entre os homens (de 34% para 29%), que ainda assim continuam sendo a maioria dos apoiadores do atual governo, entre eleitores com idade de 55 anos ou mais (de 33% para 27%) e renda de até dois salários mínimos (de 29% para 23%).
Também chama atenção o crescimento da avaliação negativa do governo entre os eleitores declarados evangélicos (de 31% para 38%), que correspondem a pouco mais de 1/4 da amostra e representam importante base de apoio para o bolsonarismo.
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Vale a ressalva de que, por se tratar de segmentos da amostra, as oscilações maiores são mais comuns em razão de uma margem de erro mais elevada. De todo modo, vale o monitoramento do comportamento dos grupos nos próximos levantamentos.
A pesquisa também mostrou que 60% dos entrevistados desaprovam a maneira de Bolsonaro administrar o país ‒ uma oscilação ascendente de 2 pontos em comparação com levantamento feito em maio. Com isso, a diferença em relação aos que aprovam a gestão saltou para 26 pontos percentuais.
Segundo o levantamento, 47% esperam um restante de mandato ruim ou péssimo, contra 29% que guardam expectativas positivas. É a maior diferença desde abril do ano passado (21 p.p.). No início do mandato, os otimistas apareciam em vantagem de 48 pontos.
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Economia, empregos e dívidas
A piora nos níveis de avaliação do atual governo contrasta com uma melhor percepção do eleitorado em relação à economia.
Do vale de março para cá, o grupo dos que veem a economia brasileira no caminho certo foi de 23% para 29%. Já os críticos, que permanecem como maioria com folga, recuaram de 65% para 60%.
No mesmo sentido, agora 52% dos entrevistados acreditam que são elevadas as chances de manter o emprego nos próximos seis meses ‒ crescimento de 5 pontos percentuais em três meses.
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Aqueles que veem poucas chances de manter a posição que hoje ocupam foi de 45% para 40% no mesmo período.
Em relação ao endividamento, a maioria ainda está pessimista. Mas o grupo dos que esperam um crescimento de suas pendências nos próximos seis meses também recuou 5 p.p. de março para cá e hoje soma 32% dos entrevistados.
Os que acreditam em um recuo das próprias dívidas, por sua vez, somam 23%, ante 18% há três meses.
Pandemia
Apesar de especialistas apontarem para os riscos de o Brasil enfrentar uma terceira onda da pandemia de Covid-19, a pesquisa XP/Ipespe mostra uma melhora no sentimento da população em relação à crise sanitária.
De março para cá, foi de 55% para 45% o percentual de entrevistados que dizem estar com muito medo do surto da doença. Já os que afirmam estar com um pouco de medo subiu 5 p.p. no período, para 33%. Outros 21% não estão com medo da crise ‒ eram 17% três meses atrás.
Os resultados são os mais otimistas desde a virada do ano, quando a média diária de casos e óbitos provocados pela doença era menor, mas a campanha de vacinação ainda não havia começado no país.
O levantamento também mostra que se manteve estável a percepção do eleitorado em relação à atuação do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Para 58%, ela foi ruim ou péssima, enquanto 22% acreditam que foi ótima ou boa. Outros 17% classificam as ações do mandatário como regulares, enquanto 3% não responderam.
Os números podem indicar motivos para a piora nos níveis de aprovação do governo mesmo com a leve recuperação nos indicadores de percepção em relação à economia e à própria situação da pandemia.
Questionados sobre o maior problema do Brasil hoje, a maioria dos entrevistados (27%) apontou para a saúde. A corrupção (21%) apareceu na segunda posição, seguida pelo desemprego (14%), pela fome e a miséria (9%), e pela educação (8%).
Corrupção
Apontada pelos entrevistados como segundo principal problema do país, a corrupção hoje alimenta uma percepção mais negativa dos entrevistados. De acordo com o levantamento, 46% esperam um aumento desses crimes nos próximos seis meses. O resultado fica a apenas 2 pontos percentuais da marca mais elevada registrada até o momento, em fevereiro.
O grupo de eleitores que acreditam em uma diminuição nos casos de corrupção no país ao longo dos próximos seis meses, por sua vez, manteve a marca de 16% vista desde janeiro – 23 p.p. a menos em comparação com a fotografia de um ano atrás.
O combate a tais crimes era uma das principais bandeiras de campanha de Bolsonaro, embalado pela força do “lavajatismo”. No início do seu mandato, 54% dos eleitores esperavam melhora neste quesito e apenas 16% expressavam percepção negativa.
Copa América no Brasil
A maioria dos eleitores é contra a realização da Copa América no Brasil. Segundo o levantamento, a posição é compartilhada por 64% dos entrevistados e chega a 83% entre aqueles que avaliam negativamente o atual governo.
Já entre os que consideram positiva a gestão Bolsonaro, o evento conta com o apoio de 58%, enquanto apenas 29% do público total têm a mesma visão. O torneio começa a ser disputado neste domingo (13), com a partida entre Brasil e Venezuela em Brasília.
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