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Recém completados 150 dias desde sua indicação para comandar o Ministério da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad (PT) passou a contar com maior simpatia do mercado financeiro em comparação com dois meses atrás. É o que mostra pesquisa Genial/Quaest com 92 representantes de fundos de investimentos com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Segundo o levantamento, a melhora na reputação do ministro, no entanto, não foi suficiente para subverter a percepção negativa da maioria dos agentes econômicos sobre seu trabalho à frente de uma das pastas mais importantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O estudo mostra que as avaliações positivas da Faria Lima e do Leblon sobre a gestão de Haddad mais que dobraram de março para cá, passando de 10% para 26% dos entrevistados.
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No mesmo período, as impressões negativas oscilaram negativamente em 1 pontos percentual, para 37% – mesmo patamar das avaliações regulares, que no último levantamento haviam somado 52%.
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O movimento coincide com vitórias relevantes de Haddad no governo e com o anúncio de medidas foçadas na busca do saneamento das contas públicas. A principal delas é o projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal, que estabelece um limite para a evolução de despesas públicas dependendo da dinâmica das receitas e cria metas de resultado primário para os quatro anos do mandato presidencial.
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No período também houve o anúncio de medidas de recomposição da base fiscal do Estado a partir do incremento de receitas. Algumas ainda dependem da aprovação pelo Congresso Nacional, como o retorno do chamado “voto de qualidade” a favor da União no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) e a impossibilidade de inclusão do ICMS na base de cálculo de créditos do PIS e da Cofins.
Outras já contam com decisão favorável no Poder Judiciário – mesmo que com divergências de interpretação quando aos efeitos, como a impossibilidade de incentivos fiscais do ICMS para custeio saírem da base de cálculo do IRPF e da CSLL, decidida há duas semanas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Mesmo com as medidas, o pessimismo dos investidores ouvidos pela pesquisa é persistentemente elevado. Para 90%, a política econômica do país caminha na direção errada. Dois meses atrás eram 98%. Já os que estão de acordo com as escolhas feitas subiram de 2% para 10%.
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Para 61%, a economia brasileira vai piorar nos próximos 12 meses (em março eram 78%). Os que esperam melhora foram de 6% para 14%, enquanto os que apostam em manutenção do cenário subiram 10 p.p., para 26%.
O grupo que vê riscos de recessão no país neste ano recuou de 73% para 40%. Mas saltou de 68% para 80% o percentual de investidores entrevistados que acreditam que o governo não está preocupado com o controle da inflação.
Desconfiança com agenda
Do lado do novo marco fiscal, apenas 3% consideram o projeto de lei complementar (PLP 93/2023) entregue por Lula ao Congresso Nacional positivo. Outros 48% veem como negativo e 49%, regular.
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A esmagadora maioria (92%) acredita que o texto será aprovado pelo parlamento, mas poucos esperam mudanças significativas em termos de endurecimento do texto.
Dos pontos em discussão pelos parlamentares, apenas a retomada do contingenciamento de despesas por frustração de receitas é visto com melhores condições de aprovação, sendo apontada como “muito provável” por 40% dos entrevistados – 13 p.p. a menos do que os que veem chance regular, mas 32 p.p. a mais dos que classificam a aprovação como improvável.
Ainda segundo a pesquisa Genial/Quaest, 87% acreditam que a política fiscal do governo Lula não vai gerar sustentabilidade da dívida pública – eram 90% em março. E boa parte disso passa pela percepção de dificuldades na batalha contra os chamados gastos tributários. Para 67%, a atual administração não será capaz de conduzir tal agenda, a despeito do discurso levantado pela equipe econômica.
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De acordo com o levantamento, 96% dos investidores institucionais consultados são favoráveis à revisão de renúncias fiscais proposta por Haddad e 70% veem efeitos positivos com a medida, mas apenas 7% esperam um ganho de arrecadação superior a R$ 100 bilhões, como espera o ministro.
Para a maioria (38%), seria possível conseguir receitas adicionais entre R$ 50 bilhões e R$ 70 bilhões, montante considerado insuficiente pela equipe econômica para zerar o déficit primário em 2024 e atingir um superávit de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no último ano do terceiro mandato presidencial de Lula. Outros 36% esperam um impacto inferior a R$ 50 bilhões para as contas públicas.
Esta foi a segunda edição da pesquisa “O que pensa o mercado financeiro”, que contou com 92 entrevistas com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro de fundos de investimentos com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 4 e 8 de maio.
A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas online através da aplicação de questionários estruturados.