Após susto com pane no “Aerolula”, presidente usará outro avião em viagem à Rússia

Modelo utilizado por Lula será o KC-30 da FAB. Decisão foi tomada após problemas técnicos no avião presidencial VC-1, o “Aerolula”, que apresentou falhas no motor e sofreu uma pane durante viagem ao México

Fábio Matos

Avião da Presidência da República é utilizado desde 2005 (Foto: Divulgação/FAB)
Avião da Presidência da República é utilizado desde 2005 (Foto: Divulgação/FAB)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usará uma outra aeronave da Força Área Brasileira (FAB) em sua viagem oficial à Rússia, na próxima semana, para participar da 16ª Cúpula de Líderes dos Brics.

O encontro está marcado para acontecer entre os dias 22 e 24 de outubro, na cidade de Kazan. O grupo dos Brics, atualmente, é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes.

Segundo informações do g1, o modelo de aeronave utilizado por Lula será o KC-30 da FAB. A decisão foi tomada após problemas técnicos no avião presidencial VC-1, o “Aerolula”, que apresentou falhas no motor e sofreu uma pane durante viagem ao México, há duas semanas. O piloto chegou a declarar situação de emergência a bordo.

A informação sobre a troca da aeronave para a viagem à Rússia foi publicada inicialmente pelo jornal O Globo e confirmada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).

O modelo KC-30 é uma versão adaptada, para uso militar, do Airbus A330-200. A FAB adquiriu duas unidades do avião – uma delas tem sido utilizada na operação de repatriação dos brasileiros no Líbano.

A aeronave é maior do que o VC-1, mas considerada menos confortável. O KC-30 tem 59 metros de comprimento e capacidade para transportar até 238 passageiros.

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De acordo com o Palácio do Planalto, Lula embarcará para a Rússia no domingo (20) e deve retornar ao Brasil na sexta-feira seguinte (25).

Pane no México

O “Aerolula” teve problemas técnicos pouco depois de decolar do Aeroporto Internacional Felipe Ángeles, perto da Cidade do México, no dia 1º de outubro.

Segundo informações da FAB, o problema foi resolvido durante o voo, mas o avião precisou dar cerca de 50 voltas, durante quase 5 horas, para gastar combustível e pousar em segurança.

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Acompanhado por ministros do governo, Lula teve de voltar ao Brasil em outra aeronave. Ainda não há previsão sobre quando o VC-1 voltará a ser usado pelo presidente da República – ou mesmo se isso ocorrerá.

Uma equipe de técnicos e investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) foi ao México para analisar os dados do voo.

“A investigação da ocorrência aeronáutica segue em andamento e não há prazo para conclusão, pois depende da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, informou a FAB.

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Um avião “veterano”

O modelo do “Aerolula” é usado pelo governo brasileiro desde 2005, ainda no primeiro mandato do presidente da República.

A aeronave foi escolhida em 2003 – primeiro ano do primeiro mandato de Lula –, quatro anos depois de um incidente durante viagem do então vice-presidente da República, Marco Maciel, à China (no governo FHC).

Na ocasião, o Planalto decidiu trocar os antigos aviões Boeing 707 e optou pelo fretamento de aeronaves. Em 2003, já sob Lula, alegando que os custos desses fretamentos eram elevados, o governo federal escolheu uma aeronave considerada, à época, mais moderna, segura e econômica.

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É hora de trocar?

Os problemas técnicos detectados no “Aerolula” podem ser a “gota d’água” para uma eventual troca da aeronave presidencial – tema que há muito está na pauta de Lula e do Ministério da Defesa.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, teve até de interromper suas férias por causa da crise gerada pela pane do “Aerolula” na volta do México, além do planejamento da operação para repatriar os brasileiros que vivem no Líbano. Múcio teve uma conversa com Lula sobre o assunto, no dia 3.  

Segundo informações do jornalista Lauro Jardim, colunista de O Globo, Lula teria demonstrado irritação durante o voo por se sentir “ilhado no ar”.

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No momento de maior tensão, o presidente teria dito que já havia passado da hora de comprar novas aeronaves. Para que seja efetivada, a aquisição precisa ser autorizada pelo Congresso Nacional.

No ano passado, Lula já havia manifestado à FAB sua intenção de trocar o avião presidencial por um modelo com maior autonomia de voo e que não precisasse fazer muitas escalas para abastecer.

O presidente também gostaria que o avião oficial do governo tivesse mais espaço para convidados. Lula costuma viajar acompanhado por assessores próximos, ministros de Estado e, ocasionalmente, por autoridades como deputados e senadores.

A FAB se debruça sobre duas alternativas: essa adaptação de uma das aeronaves Airbus A330-200 adquiridas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou a compra de um novo avião.

Em 2023, seu primeiro ano de governo no terceiro mandato, Lula fez 15 viagens internacionais. O atual “Aerolula” tem 18 anos de uso e já se aproxima da metade de seu “ciclo de vida”.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”