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Algumas horas após a divulgação de entrevista na qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fala que a Câmara dos Deputados “está com um poder muito grande” e não pode usá-lo para “humilhar o Senado e o Executivo”, o presidente da casa legislativa, deputado Arthur Lira (PP-AL), se manifestou.
Sem citar as falas de Haddad, Lira disse que a Câmara “tem dado sucessivas demonstrações de que é parceira do Brasil, independente do governo de ocasião” e listou uma série de projetos aprovados recentemente ‒ como a PEC da Transição, ainda antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomar posse para seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto, a reforma tributária (PEC 45/2019) e o novo marco fiscal (PLP 93/2023).
Em uma série de postagens, o parlamentar disse que a aprovação de tais matérias é um legado deixado pela casa legislativa país, em um gesto de compromisso com “seu progresso e desenvolvimento”.
“É equivocado pressupor que a formação de consensos em temáticas sensíveis revela a concentração de poder na figura de quem quer que seja. A formação de maioria política é feita com credibilidade e diálogo permanente com os líderes partidários e os integrantes da Casa”, disse.
“Essa missão é do Governo, e não do Presidente da Câmara, que ainda assim tem se empenhado para que ela aconteça. Manifestações enviesadas e descontextualizadas não contribuem no processo de diálogo e construção de pontes tão necessários para que o país avance!”, concluiu.
Em entrevista concedida na última sexta-feira (11) ao jornalista Reinaldo Azevedo, divulgada nesta segunda-feira, Haddad disse que o Brasil saiu do modelo do presidencialismo de coalizão para o que ele classificou como “coisa estranhíssima”, em uma espécie de parlamentarismo sem primeiro-ministro.
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“A Câmara está com um poder muito grande, e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo. Mas ela está com um poder que eu nunca vi na vida”, disse Haddad.
“Passei nove anos em Brasília e nunca vi nada parecido. Tem que haver moderação, que tem que ser construída… Ainda não está a mil maravilhas”, pontuou.
As falas provocaram mal-estar em Brasília ‒ inclusive, avalia-se que elas inviabilizaram a realização de reunião entre Haddad e lideranças da Câmara sobre a votação final do novo arcabouço fiscal, que o governo tenta acelerar antes do envio do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024.
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Algumas horas após a divulgação da entrevista, Haddad telefonou para Lira e fez um esclarecimento público na saída do prédio do Ministério da Fazenda. Ele explicou que as declarações foram dadas em um contexto de reflexão sobre o fim do presidencialismo de coalizão e que sua intenção não foi criticar o comando da casa legislativa.
“Fiz uma reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão. Eu defendi durante essa entrevista que a relação pudesse ser mais harmônica para produzir melhores resultados”, disse.
“Tudo que tenho feito é dividir as conquistas do primeiro semestre com Legislativo e Judiciário. Longe de mim querer criticar a atual legislatura”, prosseguiu.
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Aos jornalistas, Haddad disse que a conversa com Lira foi “excelente”, mas afirmou desconhecer o motivo do cancelamento de reunião.
“A primeira coisa que fiz foi ligar para o presidente Arthur Lira e esclarecer o contexto de minhas declarações. Não dizem respeito à atual legislatura”, disse.