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Em meio ao escândalo da chamada “Abin paralela”, que vem sendo investigado pela Polícia Federal (PF), e depois da divulgação do áudio de uma reunião em que o ex-presidente teria tentado blindar seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de investigações sobre “rachadinhas”, veio a público um vídeo com Jair Bolsonaro (PL) ao lado de Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
No vídeo, compartilhado nas redes bolsonaristas nesta quarta-feira (17), Bolsonaro reafirma seu apoio à pré-candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) e confirma participação em dois eventos da pré-campanha do aliado na capital fluminense nesta semana.
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“Olá, amigos do Rio de Janeiro. Nessa próxima quinta-feira, às 10h30, juntamente com Ramagem, estaremos na Praça Saens Peña, aí na Tijuca, para bater um papo contigo sobre o nosso município. No dia seguinte, no mesmo horário, às 10h30, no Calçadão de Campo Grande, também discutindo os nossos problemas, o nosso município do Rio de Janeiro. Compareça”, afirma Bolsonaro, na gravação.
O vídeo foi divulgado por Flávio Bolsonaro nas redes sociais e rapidamente se propagou pelo campo bolsonarista, em uma tentativa do ex-presidente abafar o caso Abin e acabar com especulações que davam conta de uma possível troca de candidato no Rio de Janeiro.
Desde que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo da gravação da reunião, surgiram rumores de que Ramagem teria perdido a confiança do ex-presidente e poderia ser substituído. Segundo a PF, foi Ramagem quem gravou o encontro.
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O nome do general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL-RJ), atualmente deputado federal, vinha sendo especulado como provável substituto de Ramagem.
Flávio, filho mais velho de Bolsonaro, é muito próximo do ex-chefe da Abin e apontado como o principal defensor e articulador de sua candidatura à prefeitura do Rio.
De acordo com as investigações da PF, a Abin teria sido utilizada, sob o governo Bolsonaro, para monitorar e espionar políticos e diversas autoridades públicas. A reunião cujo áudio vazou envolveu o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI), Ramagem e duas advogadas de Flávio, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach.
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O assunto tratado na reunião era justamente a investigação sobre Flávio. Segundo a PF, Bolsonaro, Ramagem e Heleno discutiam eventuais medidas para blindar o senador. Juliana deixou o caso envolvendo Flávio em abril de 2022.
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A operação da PF sobre a “Abin paralela”
A gravação obtida pela PF integra a investigação sobre o suposto uso da Abin, durante o governo Bolsonaro, para monitorar e espionar políticos, parlamentares, servidores públicos, jornalistas, ministros do STF e diversas autoridades.
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Na semana passada, a PF deflagrou a quarta fase da Operação Última Milha. O objetivo era desarticular a organização criminosa que monitorava ilegalmente autoridades públicas, além de produzir notícias falsas, utilizando-se de sistemas Abin.
De acordo com a corporação, policiais federais cumpriram 5 mandados de prisão preventiva e 7 de busca e apreensão, expedidos pelo STF, em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
“A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, diz a PF.
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Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.