Após crise sobre desoneração, Lula chama Rodrigo Pacheco para conversa no Alvorada

Presidente da República entra em campo na articulação política e marca reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que criticou o governo na semana passada por ir ao STF contra desoneração

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu entrar mais diretamente na articulação política do governo junto ao Congresso Nacional e convidou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para uma conversa no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF).

A reunião está marcada para a noite desta quinta-feira (2) e não consta da agenda oficial da Presidência da República. Lula passou o dia no Rio Grande do Sul, onde se reuniu com o governador Eduardo Leite (PSDB) e visitou áreas atingidas pelas fortes chuvas e inundações que causaram estragos nos últimos dias.

O convite a Pacheco é um gesto político de Lula, que tenta amenizar o descontentamento do Legislativo com o governo federal. Deputados e senadores se irritaram com a decisão do governo de acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), contra a decisão do Congresso de prorrogar a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia até 2027.

Na semana passada, o ministro Cristiano Zanin, indicado por Lula ao STF, concedeu uma liminar suspendendo a desoneração. O magistrado foi acompanhado por outros quatro ministros da Corte – Gilmar Mendes, Flávio Dino, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. O julgamento foi suspenso com o placar de 5 a 0 a favor do governo, após um pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Luiz Fux.

Em entrevistas coletivas, na semana passada, Rodrigo Pacheco subiu o tom contra o governo, classificou a decisão de judicializar o tema como um “erro” e falou em “crise de confiança” na relação entre Executivo e Parlamento. Segundo o presidente do Congresso, o governo terá uma “vitória ilusória” caso o STF confirme a decisão de barrar a desoneração.

Lula também recebeu Lira

No mês passado, Lula já havia recebido o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), com quem o governo também vem tendo dor de cabeça nos últimos meses. Recentemente, Lira se referiu ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT) como “incompetente” e “desafeto”. Dias depois, pediu desculpas, mas não retirou as críticas pelo que considera falhas na articulação política.

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Em entrevista à GloboNews, o presidente da Câmara afirmou ser “imprescindível” que Lula “se envolva mais” na agenda política. “O que eu sempre tenho falado com o presidente Lula é que é imprescindível para o país que o presidente se envolva mais na agenda de recebimento de parlamentares ou líderes partidários. Quanto mais ele se envolve no processo, mais sente a temperatura de como estão as coisas”, disse Lira.

“Quando o jogo é coletivo, e um jogador não está bem ou está lesionado, aquele time sente. Cabe ao técnico saber se esse jogador tem condições de jogar ou não, mas os outros jogadores têm de se sobressair”, prosseguiu o presidente da Câmara, sem citar Padilha nominalmente. “É importante que o presidente Lula entre, que ele participe. É produtivo para o país que os Poderes conversem e troquem ideias.”

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”