Ao contrário de Bolsonaro, Valdemar e Anderson Torres respondem às perguntas da PF

Ex-presidente ficou em silêncio durante depoimento à Polícia Federal, que investiga se houve preparação para uma tentativa de golpe de Estado em 2022

Equipe InfoMoney

Jair Bolsonaro e o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto (Foto: Beto Barata/ PL)
Jair Bolsonaro e o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto (Foto: Beto Barata/ PL)

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Ao contrário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que permaneceu em silêncio durante seu depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (22), seus aliados responderam às perguntas feitas por investigadores. Foi o caso do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL.

Valdemar chegou a ser preso na operação Tempus Veriratis, que investiga se houve uma tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito no Brasil. Ele era alvo de um mandado de busca e apreensão, mas acabou detido em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e levado à sede da PF, em Brasília.

O teor dos depoimentos de Torres e Valdemar não foram revelados. Já a estratégia de Bolsonaro, de se valer do seu direito de permanecer em silêncio diante dos investigadores, já havia sido antecipada pela sua defesa. Os advogados do ex-presidente tentaram por três vezes adiar o depoimento, mas em todos os casos o pedido foi rejeitado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

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O advogado Fabio Wajngarten disse que o ex-presidente ficou em silêncio porque a defesa não teve acesso às provas apresentadas pela polícia (Wajngarten foi secretário-executivo do Ministério das Comunicações e chefe da Secretaria de Comunicação Social no governo Bolsonaro).

Seus advogados também alegam que não tiveram acesso a todas as diligências e provas juntadas aos autos nem à delação premiada do ex-assessor da presidência Mauro Cid, que firmou acordo com a PF. Moraes negou o pedido de acesso às provas e manteve o depoimento.

“Esse silêncio, quero deixar claro, que não é simplesmente o uso do exercício constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente certos delitos”, afirmou Wajngarten. O advogado também disse que o ex-presidente nunca demonstrou simpatia a qualquer tipo de movimento golpista.

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Mais cedo, Bolsonaro deu uma declaração, na porta da sua casa em Brasília, sobre o ato que ele convocou para o domingo (25), na Avenida Paulista, em São Paulo. “Convidei o pessoal para aparecer para fazer um retrato para poder me defender, de resto não existe mais nenhum problema a ser tratado aí. Tem questão técnica e a questão política. Ultimamente tem impacto politicamente, técnica é outra história”.

Outros depoimentos

Além de Bolsonaro, a PF também marcou para hoje os depoimentos de mais 22 pessoas suspeitas de envolvimento na tentativa de golpe, entre eles os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa), que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.

A decisão do silêncio também pode preservar Bolsonaro do risco de entrar em contradição com os outros investigados. Todos os depoimentos foram marcados para o mesmo horário, justamente para verificar possíveis contradições e evitar combinações de versões entre partes.

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(Com Reuters)