Ao anunciar financiamento do BNDES à Embraer, Lula defende fomento a exportações

Presidente defende papel ampliado de banco público e exalta empresas estatais

Marcos Mortari

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante anúncio de investimentos para execução de obras e intervenções na Via Dutra e Rio-Santos (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante anúncio de investimentos para execução de obras e intervenções na Via Dutra e Rio-Santos (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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Em evento de anúncio de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a exportação de 32 jatos comerciais da Embraer para a American Airlines, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a importância de empresas estatais consideradas por ele estratégicas para a economia nacional e o papel do banco público no fomento a exportações.

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“Essas coisas não acontecem de graça”, disse o mandatário, nesta sexta-feira (19), durante o evento em São José dos Campos. “Não é sempre que o BNDES financia a exportação brasileira. Não é sempre que o BNDES tem coragem de emprestar R$ 4,5 bilhões para financiar avião para uma empresa americana. Isso é decisão política. Isso não é decisão econômica e técnica. Isso é uma decisão política. E a decisão política é tomada pelo governo”, afirmou.

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Durante sua fala, Lula criticou a postura do governo de seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em direção a um enxugamento do BNDES e restrição de projetos de investimento. “Eu vim aqui, porque, durante o período passado, o BNDES foi um banco que só serviu para devolver dinheiro para os cofres do Tesouro Nacional, fazer as loucuras que fizeram nesse país”, pontuou.

O mandatário lembrou de discursos de opositores sobre a suposta existência de uma “caixa-preta” no BNDES. “Passou 4 anos dizendo que ia encontrar uma caixa preta do BNDES. Ele encontrou foi o banco mais equilibrado desse país”, disse.

E enfatizou o papel estratégico que seu governo vê do banco público no fomento de atividades de empresas brasileiras direcionadas ao mercado internacional − neste caso, de exportação de produtos. No passado, o financiamento a serviços prestados por companhias brasileiras no exterior foi objeto de ampla polêmica na política nacional.

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“Nós vamos continuar financiando as exportações brasileiras, porque, quando a gente financia a exportação brasileira, estamos financiando emprego, salário, acúmulo de conhecimento tecnológico e exportando conhecimento. Estamos exportando coisas de muito valor agregado, com gente muito especializada”, disse.

“Tenho orgulho, porque no nosso governo o BNDES é um banco de fomento para o desenvolvimento deste país, e, dentro da sua possibilidade, vai fazer o que for necessário para fazer as empresas brasileiras crescerem – mesmo quem não for empresa brasileira, mas que estiver produzindo no Brasil, nós vamos ajudar”, prosseguiu.

“Enquanto eu for presidente, o BNDES estará a serviço do desenvolvimento desse país no financiamento das nossas indústrias, no financiamento de obras de infraestrutura e muito mais ainda: do financiamento das nossas exportações. É a única razão pela qual é necessário ter um banco de desenvolvimento”, frisou.

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Durante sua fala, Lula também defendeu o papel de empresas estatais na economia brasileira e colocou a Petrobras em contraposição à Vale e à Eletrobras. “Uma nação tem que ter valores. Moeda é um valor, a bandeira é um valor, a nossa cultura é um valor. Mas as empresas também são um valor”, disse.

“A Petrobras é empresa de um valor inestimável para quem tem orgulho de ser brasileiro. A Vale era motivo de orgulho extraordinário, porque era uma empresa muito importante quando era pública. Privatizaram a Vale. Alguém sabe quem é dono da Vale hoje? Ninguém sabe. A Vale é uma empresa hoje pulverizada por centenas de fundos. Se você quiser falar com a Vale, não tem um dono… A coisa é tão descabida que até hoje ela não pagou a indenização de Mariana e de Brumadinho com o estouro das duas barragens. E quando você vai conversar, ninguém manda, porque quem manda mais tem só 5%. Então, as pessoas estão muito mais para vender dividendo e ativo da empresa do que para construir uma coisa grande”, criticou.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.