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SÃO PAULO – A habilidade do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa em conquistar simpatia do eleitorado dos mais distintos espectros ideológicos faz com que uma série de analistas políticos observem elevado potencial eleitoral para sua possível candidatura ao Palácio do Planalto, a despeito da estrutura reduzida do PSB e o baixo tempo de televisão e recursos disponíveis. Conforme mostrou a mais recente pesquisa Datafolha, Barbosa tem entre 8% e 10% das intenções de voto, a depender do cenário considerado.
De um lado, acredita-se que o protagonismo assumido em uma agenda de combate à corrupção com a relatoria do “Mensalão” pode atrair uma faixa do eleitorado à direita, também em função dos efeitos danosos provocados pelo julgamento ao principal partido da esquerda brasileira, o PT. Do outro, a biografia do ex-magistrado e a defesa de uma agenda social pode conquistar a simpatia de eleitores mais à esquerda, sobretudo na ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da eleição de outubro.
À medida que a possível candidatura de Barbosa caminha para se tornar realidade, com as menores resistências internas no PSB a seu nome após a divulgação das primeiras pesquisas eleitorais, crescem também especulações sobre suas posições em relação aos mais distintos temas da política. Para tentar entender um pouco melhor os pensamentos do ex-ministro do Supremo, o programa Conexão Brasília perguntou a dois professores de Direito como episódios antigos de sua trajetória poderiam ajudar nas análises de hoje.
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Conrado Gontijo, professor de Direito Penal do IDP-SP, lembrou que Barbosa ganhou notoriedade no julgamento da AP 470 (Mensalão). Em sua leitura, o ex-ministro desempenhou um “trabalho exemplar”, que permitiu que se julgasse uma série de acusados em um espaço curto de tempo. Por outro lado, ele ponderou: nas circunstâncias daquele julgamento, a postura de Barbosa foi bastante criticada por advogados por algum tipo de restrição a garantias constitucionais às defesas.
Já Rubens Glezer, professor de Direito Constitucional da FGV-SP, identifica uma contradição: apesar de apoiado por uma faixa do eleitorado anti-petista, Barbosa é de esquerda. O especialista lembra que o ex-ministro do STF apoiou pautas como a discriminação do aborto, das cotas em universidades públicas e políticas sociais distributivas e de erradicação da pobreza.
Nos últimos dias, as resistências internas ao nome de Barbosa diminuíram sensivelmente, embora alguns governadores sigam oferecendo dificuldades à candidatura do ex-ministro. Na Câmara, a situação é mais confortável, com o ex-magistrado recebendo quase apoio unânime. Outra preocupação em torno da candidatura de Barbosa reside em, além da falta de clareza em determinadas agendas, seu temperamento explosivo. Como ele trabalhará para construir alianças? Se eleito, conseguirá sentar à mesa com deputados e senadores em um ambiente de tamanha fragmentação e obter resultados suficientes? Estas são apenas alguns dos questionamentos que surgem no momento.
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