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A cerca de dez meses das próximas eleições gerais, analistas políticos enxergam cinco potenciais candidaturas ao Palácio do Planalto já consolidadas e que dificilmente abandonarão a disputa ao longo do percurso.
É o que mostra a 31ª edição do Barômetro do Poder, iniciativa do InfoMoney que compila mensalmente as expectativas de consultorias de análise de risco político e analistas independentes sobre assuntos em destaque na política nacional.
Segundo o levantamento, todos os especialistas consultados veem o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) como candidaturas definidas para a disputa pelo Palácio do Planalto.
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Já o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ex-juiz federal Sérgio Moro (Podemos) são apontados como nomes que devem seguir candidatos à presidência até o final da disputa por 93% dos participantes.
O cientista político Luiz Felipe d’Ávila (Novo) aparece no meio do caminho, com 43% das indicações. Depois aparecem o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD), e os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS).
Hoje, Lula lidera a corrida presidencial em todos os cenários das principais pesquisas divulgadas. Bolsonaro aparece na segunda posição. Os dois concentram cerca de 2/3 do eleitorado ‒ o que reduz significativamente o espaço para outras candidaturas.
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Ciro, mais à esquerda, e Moro, mais à direita, são os nomes com mais intenções de voto neste grupo no momento. Doria costuma aparecer com metade do apoio dos dois, mas não se furta de fazer movimentos assertivos para confirmar a intenção de participar da disputa.
Com Lula concentrando mais de 40% das intenções de voto, a percepção de atores políticos é que o petista está virtualmente no segundo turno, embora ainda faltem 286 dias para a disputa.
Caso o quadro se confirme, a aposta da chamada “terceira via” deve ser tirar Bolsonaro da outra vaga para o segundo turno ‒ missão também considerada complexa, dado o piso elevado do presidente e o histórico favorável a candidatos à reeleição, que costumam ter a seu favor a estrutura da máquina governamental.
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“Bolsonaro aparelhou a PGR, a PF, mudou o chefe da Receita Federal e vai tirar o COAF da esfera do Banco Central. Ele usará esse poder de constrangimento da máquina contra seus adversários até o limite”, afirmou um analista.
Esta edição do Barômetro do Poder foi realizada entre os dias 13 e 15 de dezembro, com questionários aplicados por meio eletrônico. Foram ouvidas 10 casas de análise de risco político – BMJ Consultores Associados; Control Risks; Dharma Political Risk & Strategy; Empower Consultoria; Eurasia Group; Medley Global Advisors; Patri Políticas Públicas; Ponteio Política; Prospectiva Consultoria; Pulso Público – e 4 analistas independentes – Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); Claudio Couto (EAESP/FGV) e Thomas Traumann.
Conforme acordado previamente com os analistas, os resultados do levantamento são divulgados apenas de forma agregada, sendo preservado o anonimato das respostas e comentários.
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Clique aqui para ter acesso à íntegra do levantamento.
O levantamento também mostra que 86% dos analistas políticos consultados apostam que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deve seguir o caminho de vice na chapa de Lula nessas eleições presidenciais.
Em um movimento inimaginável alguns anos atrás, os dois políticos têm se aproximado em busca de um denominador comum.
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No último domingo (20), eles tiveram a primeira aparição conjunta em público, em um jantar em São Paulo. O encontro foi organizado pelo grupo de advogados Prerrogativas e contou com cerca de 500 convidados no restaurante A Figueira Rubaiyat.
Durante seu discurso, Lula minimizou o passado de rivalidade com outros grupos políticos (Alckmin disputou a presidência pelo PSDB em 2006 e 2018).
“Não importa se no passado fomos adversários. Se trocamos algumas ‘botinadas’, se no calor da hora dissemos o que não deveríamos ter dito. O tamanho do desafio que temos pela frente faz de cada um de nós um aliado de primeira hora”, disse.
Apesar de muitos atores políticos verem as conversas entre Lula e Alckmin em estágio avançado, ainda sequer foi definida a filiação partidária do ex-tucano. O movimento será importante para a definição da coalizão formada para a disputa.
Para 64% dos participantes do Barômetro do Poder, Alckmin deve ingressar ao PSB, que tem Marcio França como potencial candidato ao governo de São Paulo ‒ em uma disputa por espaço com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
Na avaliação de 29%, o caminho mais provável é o da filiação ao PSD, de Gilberto Kassab. Outros 7% apostam no Solidariedade.
A aliança Lula-Alckmin pode ser uma sinalização eloquente para a construção da “frente ampla” desejada pelo petista para derrotar o bolsonarismo. Com isso, os petistas tentam não cometer os mesmos erros de 2018.
Com a fotografia eleitoral indicando ampla vantagem para sua candidatura, Lula já tem a candidatura consolidada e conta com mais espaço do que seus adversários para pensar nos passos seguintes da disputa. É o caso de uma marcha em busca do “centro” político.
Já Bolsonaro, seu principal adversário no pleito, precisou redobrar as atenções em sua base mais fiel desde que Moro entrou na disputa. Consolidar o eleitorado para garantir musculatura na disputa parece, neste momento, o primeiro desafio do presidente que tenta a reeleição.
O Barômetro do Poder mostra que hoje a maioria dos analistas políticos consultados (54%) acredita que a vice na candidatura de Bolsonaro deverá ser ocupada por um político do “centrão”.
Mas também há apostas em um quadro da reserva das Forças Armadas (23%), da Polícia Militar (8%), um empresário (8%) ou uma figura religiosa (8%).
“O ‘centrão’ pressionará Bolsonaro por uma candidatura à vice-presidência e o presidente ficará em saia justa sob o risco de ver relação com esse campo político azedar, caso suas vontades não sejam atendidas”, disse um dos participantes.
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