Aloysio Nunes: Doria cometeu erros “graves”, mas “foi traído” pelo PSDB

Quadro histórico do tucanato afirma que ex-governador de São Paulo “tentou tomar conta do partido” e ficou isolado

Fábio Matos

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O ex-senador e ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) afirmou, nesta quarta-feira (19), que o ex-governador de São Paulo João Doria, que anunciou mais cedo sua saída do PSDB, cometeu uma série de erros políticos que prejudicaram sua trajetória na legenda, mas foi “traído” por lideranças tucanas, principalmente do diretório paulista da sigla.

Para Aloysio, Doria “tentou tomar conta do partido” e acabou isolado.

“Ele cometeu alguns erros políticos bastante graves. Logo depois de eleito prefeito, com sofreguidão, que é uma característica do temperamento dele, se lançou candidato à Presidência, atrapalhando os projetos políticos de quem o apoiara, como Geraldo Alckmin. Tentou tomar conta do partido e, por isso, se isolou muito”, afirmou o ex-senador em entrevista ao UOL.

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Segundo Aloysio, Doria “não se comportou bem” com Alckmin, que o lançou candidato a prefeito em 2016 contra a vontade da maioria do PSDB. Nas eleições de 2018, o então candidato tucano ao governo de São Paulo não escondeu o apoio a Jair Bolsonaro e até utilizou o termo “Bolsodoria” como mote de campanha no segundo turno.

“Em relação ao Alckmin, [Doria] não se comportou bem. Eleito prefeito, imediatamente se lançou e começou a trabalhar dentro do PSDB para ser candidato à Presidência. No final da sua gestão, ele foi traído pelo PSDB, especialmente pelo PSDB de São Paulo”, avalia Aloysio.

“Em determinado momento, ele disse que não seria mais candidato a presidente e queria ficar no governo. O PSDB disse que ele teria que sair, porque viram que ele tinha uma imagem já desgastada politicamente e, para poder favorecer a hipótese de reeleição dos deputados estaduais e a candidatura do Rodrigo Garcia, o puseram para fora”, completou.

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“Fim do PSDB”

Aloysio também falou em “fim do PSDB” ao comentar a postura de grande parte da bancada do partido na Câmara dos Deputados, que se alinha a propostas defendidas pelo governo Bolsonaro.

“O que marca mais o fim do PSDB é a bancada do PSDB apoiar a urgência de um projeto de lei que criminaliza as pesquisas eleitorais. Para mim, isso é mais grave do que a saída do Doria”, criticou. “A bancada votou. Os líderes declaram voto. O líder do PSDB declarou voto favorável e a bancada acompanhou.”

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”