Aliado de Cunha, Temer e Bolsonaro: quem é Hugo Motta, favorito para sucessão de Lira

Possível nome de consenso para unificar o bloco de apoio a Arthur Lira na Câmara, deputado do Republicanos da Paraíba circula bem entre governo e oposição e pode ser apoiado pelo PL de Bolsonato e pelo PT de Lula

Fábio Matos

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) pode suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara (Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados)
O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) pode suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara (Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados)

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O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) embolou a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados e despontou, nas últimas horas, como o maior favorito para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Casa.

A desistência do deputado Marcos Pereira (SP), presidente nacional do Republicanos, que anunciou apoio a Motta, abriu caminho para que o parlamentar de 34 anos, que já está em seu quarto mandato no Congresso Nacional, reúna forças para unir o bloco que deu sustentação a Lira em seus dois períodos à frente da Câmara.

Até então, Marcos Pereira era apontado como um dos três principais postulantes à presidência da Câmara, ao lado de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) – que teria a preferência de Lira – e Antonio Brito (PSD-BA).

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“Cada uma dessas variáveis tem o seu peso. A mais importante delas é a manutenção do grupo de poder que hoje dá as cartas na Câmara e, consequentemente, a conservação da autoridade de Lira. Uma vez de volta à planície, ele precisa conservar suas proteções políticas”, observa o consultor político Leonardo Barreto. “Para isso, é imperativo ter influência sobre o próximo presidente e Motta cumpre esse papel bem melhor do que Elmar Nascimento, Pereira e Antônio Brito”, explica.

“Motta parece se encaixar mais nesse papel do que os outros concorrentes, que possuem mais lastro político e probabilidade maior de declarar independência em relação a Lira em algum ponto futuro”, afirma Barreto.

Desde 2011 na Câmara dos Deputados, Hugo Motta pode se tornar o mais jovem presidente da Casa – ele completará 35 anos no dia 11 de setembro. Caso vença a eleição, marcada para fevereiro de 2015, Motta superaria o ex-deputado Luís Eduardo Magalhães (1955-1998), que assumiu o comando da Câmara em 1995, aos 39 anos.

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Motta sempre circulou bem entre diversas correntes políticas em Brasília e é considerado próximo de todos os últimos presidentes da Câmara: Eduardo Cunha (2015-2016), Rodrigo Maia (2016-2021) e o próprio Lira (desde 2021).

O deputado paraibano também tem boa relação com o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP e uma das principais lideranças do “centrão” no Congresso Nacional.

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Política desde o berço

Hugo Motta é apontado como um prodígio da política na Paraíba. Ele foi o deputado federal mais jovem eleito em 2010, então com apenas 21 anos, e é herdeiro de uma família muito conhecida e poderosa no município de Patos (PB), o quarto mais populoso do estado.

O pai de Hugo Motta, Nabor Wanderley (Republicanos), é o atual prefeito da cidade e concorrerá, nas eleições de outubro deste ano, a mais um mandato – que seria o seu quarto.

Além do pai, a avó de Hugo, Francisca Motta, foi prefeita da cidade, entre 2013 e 2016. No período da ditadura militar, um tio do deputado comandou o município.

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“Cunha boy”

Hugo Motta começou a se destacar mais na Câmara dos Deputados em seu segundo mandato, obtido após a vitórias nas urnas em 2014. Ele integrou o grupo conhecido nos corredores da Casa como “Cunha boys” – por causa da proximidade com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (RJ).

Na época, Motta e Cunha integram o PMDB (atual MDB) e o então presidente da Câmara fez do jovem deputado presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que investigou a relação entre o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT) e a companhia.

Em 2016, em meio à conflagração política do país, Hugo Motta acompanhou Cunha e votou a favor do impeachment de Dilma. Meses depois, quando Cunha teve o mandato cassado na Câmara sob suspeita de ter mentido a respeito de dinheiro mantido no exterior, Motta preferiu se abster na votação.

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Base de Temer, Bolsonaro e Lula

Em 2018, ao disputar e conquistar o terceiro mandato como deputado, Hugo Motta ingressou no Republicanos. Foi quando o parlamentar se tornou mais próximo de Marcos Pereira, presidente da legenda, que agora abre mão de sua candidatura ao comando da Câmara em prol de Motta.

O deputado do Republicanos da Paraíba fez parte da base de apoio dos governos de Michel Temer (MDB), de 2016 a 2018, e Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022.

Desde 2023, com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Hugo Motta também passou a integrar o bloco governista na Câmara – embora o Republicanos tenha várias lideranças que fazem oposição, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, potencial candidato ao Planalto em 2026.

A legenda comandada por Marcos Pereira está representada no primeiro escalão do governo Lula pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (PE).

Nas eleições de 2022, quando obteve o quarto mandato consecutivo na Câmara, Hugo Motta foi o deputado federal mais votado da Paraíba. O parlamentar está em seu terceiro ano consecutivo como líder do Republicanos na Casa.

Antes de surgir como possível nome de consenso para a sucessão de Arthur Lira na Câmara, Motta vinha sendo cotado para concorrer a uma vaga no Senado ou disputar o governo da Paraíba em 2026. A depender do que ocorra até fevereiro de 2025, esses planos devem ser adiados.

Nome completo:Hugo Motta Wanderley da Nóbrega
Data de nascimento:11 de setembro de 1989
Local de nascimento:João Pessoa (PB)
Formação:Médico
Ocupação:Político
Principais cargos na vida pública:Deputado federal pelo estado da Paraíba (desde 2011)
Eleições disputadas:2010, 2014, 2018 e 2022 (para a Câmara dos Deputados)
Partido:Republicanos

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”