Alegação de inocência dos réus do 8 de janeiro é “mito”, diz presidente do Supremo

A Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu acordo para 1,2 mil acusados que estavam acampados em frente ao quartel do Exército, em Brasília, durante atos violentos. No entanto, cerca de 600 recusaram benefício

Agência Brasil

Manifestantes enfrentam policiais no 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF) (Foto: Joedson Alves/Agência Brasil)
Manifestantes enfrentam policiais no 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF) (Foto: Joedson Alves/Agência Brasil)

Publicidade

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, classificou como “mito” as alegações de que os réus que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 são inocentes.

A declaração de Barroso foi feita durante o julgamento no qual a Corte validou a aplicação do acordo de não persecução penal (ANPP) aos processos criminais que começaram a tramitar antes do Pacote Anticrime, aprovado pela Lei 13.964/19.

Pelo acordo, acusados de crimes cometidos sem violência ou grave ameaça e com pena mínima de quatro anos podem confessar os delitos em troca de medidas diversas da prisão.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu o acordo para 1,2 mil acusados que estavam acampados em frente ao quartel do Exército, em Brasília, durante os atos. No entanto, cerca de 600 recusaram o benefício.

Os investigados que participaram dos atos de depredação do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo não tiveram direito ao benefício e irão a julgamento na Corte.

Barroso disse que é um “mito” pensar que os acusados são um “conjunto de pessoas inocentes, que não sabiam o que estava acontecendo”.

Continua depois da publicidade

“Parece claramente uma manifestação ideológica de permanecer preso, ser condenado, no lugar de aceitar uma proposta de acordo que me parece bastante moderada”, afirmou.

O presidente do Supremo também sugeriu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) renove a proposta para assinatura do acordo de não persecução penal aos acusados após a decisão da Corte que validou o acordo.

“Fica renovada a oferta. Mais de 600 pessoas preferem responder à ação penal em lugar de aceitar um acordo de bases moderadas, oferecidas pela Procuradoria-Geral da República” completou Barroso.

Continua depois da publicidade

As cláusulas do acordo proposto pela PGR preveem que os acusados reconheçam participação nos atos no Quartel-General do Exército, paguem multa de R$ 5 mil e sejam suspensos de suas redes sociais por dois anos, além de participar de curso sobre democracia.