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O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin acertou na manhã desta segunda-feira (7) sua filiação ao PSB. A informação foi dada pelo presidente do partido, Carlos Siqueira, em entrevista ao G1, e confirmada pelo InfoMoney. “Ficou acertado que ele entra no PSB, só falta agora a data da filiação. A conversa foi excelente”, disse o presidente da sigla.
Siqueira afirmou ainda que, independentemente de uma possível federação com o PT, Alckmin irá para o PSB e, se Lula oficializar sua candidatura ao Planalto, o ex-governador de SP será seu vice. “Ele vai ser o vice se Lula confirmar o convite. No PSB, está acertada a sua filiação”.
A chapa Lula e Alckmin vem sendo especulada há meses nos bastidores dos partidos. Na avaliação de cientistas políticos ouvidos pelo InfoMoney, o convite de Lula a Alckmin seria uma clara tentativa do ex-presidente de ampliar o arco de apoio à sua candidatura para além da esquerda.
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Além do gesto político, a união entre Lula e Alckmin transmitiria um recado claro ao mercado: o de que o PT que pretende retomar o poder em janeiro de 2023 não repetirá os erros do governo Dilma nem apostará na radicalização ou na revanche.
“Como o Lula foi preso e passou por todo aquele processo desencadeado pela Lava Jato, a preocupação inicial do mercado era a de que ele viesse com um perfil mais radical, mais raivoso. Não é o que parece”, afirma o economista-chefe da RPS Capital, Gabriel Barros.
“Até o momento, o mercado tem lido essa aproximação com bons olhos. A conversa com o Alckmin é uma sinalização de que Lula tentará ser mais moderado.” Para os agentes econômicos, segundo Barros, Alckmin “seria uma espécie de fiador” da candidatura Lula. “É como se fosse um cordão de isolamento para evitar uma guinada muito à esquerda do governo.”
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A união também traria ganhos para ambos os lados. “É preciso que o Lula construa alguma ponte e uma interlocução com outro tipo de eleitor, que me parece ter uma concentração geográfica no Sudeste, em particular em São Paulo”, afirma Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria. “É um tipo de eleitor que tem dificuldade para escolher o PT. Esse potencial é o que o Alckmin pode trazer. Não é muito elevado em termos absolutos, mas pode ter uma contribuição fundamental.”
Se, para Lula, a presença de Alckmin na chapa presidencial teria um papel importante para diminuir resistências do mercado e de parcelas do eleitorado conservador, para o ex-governador de São Paulo o maior ganho seria o capital político.
“Alckmin deixaria para trás a imagem de candidato derrotado, com um mau desempenho na eleição de 2018, e assumiria uma posição institucional importante, de caráter nacional. O eventual posto de vice-presidente o alçaria a um papel importante na vida política do país”, afirma Cortez.
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Sem partido
Em meados de dezembro, Alckmin anunciou sua saída do PSDB depois de mais de três décadas no partido (do qual é um dos fundadores). Mesmo tendo aparecido na liderança de pesquisas de intenção de voto para o governo de São Paulo, o ex-tucano fomentou conversas entre seus aliados e emissários de Lula sobre uma eventual união em torno da candidatura do petista — uma espécie de “frente ampla” para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.
A ideia teria partido do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) e contou com o endosso do ex-governador Márcio França (PSB), vice de Alckmin no governo do estado entre 2015 e 2018, quando assumiu a cadeira do titular — que partiu para a disputa presidencial. Haddad e França são pré-candidatos a governador em 2022.
Desde então, tanto Lula quanto Alckmin vêm trocando afagos públicos e sinalizando intenção mútua de cristalizar a chapa para a eleição de outubro. “Tive extraordinária relação com Alckmin, que foi um governador responsável em São Paulo”, elogiou o petista em entrevista à Rádio Gaúcha no fim do ano passado.
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No último dia 15 de fevereiro, desta vez falando à Rádio Banda B, de Curitiba, Lula reiterou o discurso: “Se o Alckmin me ajudar a governar, não vejo nenhum problema dele ser meu vice. As divergências serão colocadas de lado, porque o desafio, mais do que ganhar, é consertar o Brasil”.