Ajuste fiscal pode ser gatilho para convulsões sociais na Zona do Euro, diz banco

Através de índice, analistas apontam soma de alta no preço dos alimentos e desemprego como fatores principais de revoltas

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SÃO PAULO – Passada a crise no Egito, tanto a periferia da Europa, quanto países desenvolvidos se veem frente à possibilidade de convulsões sociais em meio à implantação de reformas fiscais, a deterioração do mercado de trabalho e a alta no preço dos alimentos.

Através de um índice de miséria criado pelo economista Arthur Okun, os analistas do Société Générale afirmam ser possível compreender que as recentes convulsões sociais no norte da África e oriente médio estão diretamente relacionadas à inflação dos alimentos e às altas taxas de desemprego.

Juntos, estes fatores foram históricamente gatilhos para revoltas populares e derrubadas de governos, o que volta a acontecer no momento em que economia mundial deixa a maior crise dos últimos 80 anos. De acordo com o Société Générale, a periferia da Europa e o Oriente Médio são duas das principais áreas vulneráveis à este cenário.

Proteção social até quando?
Entretanto, as populações da periferia da Zona do Euro contam com uma rede de proteção social como paliativo, o que reduz o potencial de instabilidade política na região.

Mas Glenn Maguire e Michala Marcussen, que assinam o relatório, alertam que o “mal-estar social pode não ser mais exlcusividade dos mercados pobres-emergentes, na medida em que o desemprego implicito na consolidação fiscal irá incluir a miséria nas economias desenvolvidas”.

“Períodos prolongados de miséria econômica tendem a gerar crescente mal-estar social “, alertam os analistas do Société Générale. Entretanto, a dupla evita prever quais países seriam os próximos da lista a sofrer com revoltas populares, a exemplo do ocorrido na Tunísia e no Egito desde o início do ano.

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Baixo desemprego acalma emergentes
No caso dos emergentes, que também sofrem com a alta no preço dos alimentos, as relativas baixas taxas de desemprego são responsáveis por conter o potencial de descontentamento social.

A projetar um cenário de aumento do desemprego nestas áreas, a dupla de economistas afirma que os efeitos seriam reduzidos, uma vez que a inflação dos alimentos é em grande parte causada pela forte demanda destes mercados.

Logo, com o aumento do desemprego nestas áreas, haveria uma redução da demanda e consequentemente uma queda no preço dos alimentos.

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O relatório do Société Genérale ainda ressalta a falta de transparência e confiabilidade de certos índices e indicadores econômicos de países que se encontram no foco do mercado no que se refere à preocupação com inflação, como Índia, China e Argentina.

Confira o Índice de Miséria:

Fonte: Eurostat, The Economist, IMF, SG Cross Asset Research/Economics