AGU pede inquérito contra IstoÉ por matéria que diz que Dilma está “fora de si”

"A publicação traz um texto que trata de fantasiosos casos de descontrole emocional da presidenta e a compara a Maria I", afirma a nota da AGU

Lara Rizério

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A Advocacia Geral da União divulgou nota neste sábado (2) afirmando que pedirá ao Ministério da Justiça a abertura de inquérito para apurar crimes de ofensa praticados pela revista IstoÉ contra a presidente Dilma Rousseff. A AGU também informou que acionará o Judiciário para pedir direito de resposta, com “o mesmo espaço destinado pela revista à difusão de informações inverídicas e acusações levianas”.

Na edição desta semana, a IstoÉ publicou a reportagem “Uma presidente fora de si”, em que descreve o que seriam episódios de descontrole da presidente e diz que ela perdeu as condições emocionais de dirigir o Brasil. Segundo a revista, para tentar diminuir o efeito das crises, a presidente estaria usando medicamentos desde o início do processo do impeachment como rivotril e olanzapina, sendo este último usado para esquizofrenia, mas com efeito calmante.

“A publicação traz um texto que trata de fantasiosos casos de descontrole emocional da presidenta e a compara a Maria I, a Louca, rainha de Portugal no fim do século 18”, afirma a nota da AGU.

Em outra nota, o Planalto afirmou: “a democracia trouxe a liberdade de imprensa e de expressão, cláusulas pétreas de uma sociedade madura como a brasileira. Exercê-las, no entanto, exige responsabilidade com que se escreve e se publica. Por essas razões, e de tão inconsistente e intolerável, a única resposta adequada são as medidas judiciais que a Presidência da República tomará contra a revista”.

Leia a íntegra das notas:

A Advocacia-Geral da União (AGU) acionará o Ministério da Justiça para que determine a abertura de inquérito para apurar crime de ofensa contra a honra da presidenta da República cometido pela revista IstoÉ em reportagens publicadas nas duas últimas edições.

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A AGU também invocará a Lei de Direito de Resposta para garantir, junto ao Poder Judiciário, o mesmo espaço destinado pela revista à difusão de informações inverídicas e acusações levianas. 

Eventuais ações judiciais de reparação de danos morais também estão sob análise de advogados privados da presidenta Dilma Rousseff.


A frase é conhecida: “Na guerra, a primeira vítima é a verdade”. A autoria é controversa, mas a aplicação tem sua vertente diante de crises políticas mais agudas. A revista IstoÉ tem se esforçado para trazer a máxima ao presente, sombrear o quanto pode a verdade e jogar na lata do lixo da história qualquer rastro de credibilidade que um dia já teve.

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Seria fácil rebater minuciosamente a escandalosa, leviana, sexista, covarde e – por que não? – risível peça de ficção que produz na edição deste fim de semana. Mas fazer isso seria tratar como jornalismo o que não é; seria conferir respeito ao que, no fundo, é inqualificável; seria pensar que algo ali pode ser crível e confiável, o que está muito longe de ser. O único respeito que merece é para os eventuais remédios que se possa tomar contra os delírios e surtos de descontrole da revista. Uma publicação fora de si.

A democracia trouxe a liberdade de imprensa e de expressão, cláusulas pétreas de uma sociedade madura como a brasileira. Exercê-las, no entanto, exige responsabilidade com que se escreve e se publica. Por essas razões, e de tão inconsistente e intolerável, a única resposta adequada são as medidas judiciais que a Presidência da República tomará contra a revista.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.