“Aécio Neves? Não conheço”, ironiza Paulo Pimenta ao rebater críticas do PSDB

De acordo com o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), a escolha de Pimenta, que tem pretensões de disputar o governo do Rio Grande do Sul em 2026, foi uma "excrescência"

Fábio Matos

Paulo Pimenta (PT-RS) é empossado pelo presidente Lula como secretário extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Paulo Pimenta (PT-RS) é empossado pelo presidente Lula como secretário extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Publicidade

Criticado pelo PSDB e por setores ligados ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o ministro da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do estado, Paulo Pimenta (PT-RS), jogou ainda mais lenha na fogueira do embate com os tucanos.

Na terça-feira (21), durante uma entrevista coletiva na qual atualizava o balanço das ações do governo federal para a recuperação do estado, o petista foi irônico ao responder à pergunta de um repórter sobre as críticas feitas pelo deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) à sua indicação como ministro extraordinário do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Baixe uma lista de 11 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos

Continua depois da publicidade

Aécio, uma das principais lideranças do PSDB, classificou a escolha de Lula como uma “excrescência”. Segundo o tucano – que foi candidato à Presidência da República em 2014, derrotado no segundo turno por Dilma Rousseff (PT) –, Lula deveria ter consultado o próprio Leite antes de escolher Pimenta para o cargo. A decisão do presidente, segundo o PSDB, foi um desrespeito ao governador.

De acordo com Aécio, a escolha de Pimenta, que tem pretensões de disputar o governo do Rio Grande do Sul em 2026, “é um exemplo de que o presidente está mais preocupado com a politização do que com a efetividade das ações.”

Paulo Pimenta é cotado como provável candidato do PT à sucessão de Leite no governo do Rio Grande do Sul, em 2026. Por já estar em seu segundo mandato consecutivo como governador, o tucano não poderá concorrer ao Palácio Piratini no próximo pleito.

Continua depois da publicidade

“Aécio Neves? Não conheço”, limitou-se a dizer Pimenta ao ser questionado sobre o assunto, durante a entrevista coletiva. A resposta do ministro arrancou risos de outros integrantes do governo federal que o acompanhavam – como a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

No Palácio do Planalto, interlocutores do presidente dizem que a motivação político-eleitoral não foi o fator determinante para a indicação de Pimenta para o cargo, embora tenha pesado na balança. Esses aliados de Lula avaliam que a ligação do ex-ministro da Secom com o Rio Grande do Sul tornava a escolha quase “inevitável”. Pimenta nasceu na cidade de Santa Maria (RS), uma das mais afetadas pelas chuvas de abril e maio deste ano.

Leia também:

Continua depois da publicidade

Por outro lado, no próprio entorno de Lula, não foram poucos os que recomendaram ao presidente que optasse por um nome mais “neutro” para o cargo, preferencialmente não filiado ao PT. Um dos especulados para a tarefa era o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB). Lula ouviu, ponderou, mas bancou a escolha final por Pimenta.

Tradicionalmente competitivo na capital Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, o PT perdeu força nos últimos anos e não governa o estado desde 2015, quando Tarso Genro deixou o Palácio Piratini após 4 anos de gestão. Antes disso, o partido elegeu Olívio Dutra, em 1998 (ele governou entre 1999 e 2003).

Desde que Tarso deixou o cargo, o Rio Grande do Sul foi governado por José Ivo Sartori (PMDB), de 2015 a 2019; e Eduardo Leite (PSDB), por 2 vezes, de 2019 a 2022 e desde janeiro de 2023.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”