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SÃO PAULO – Em entrevista à Revista Istoé do último final de semana, o senador Aécio Neves (PSDB) fez novas críticas ao governo Dilma Rousseff, ao dizer que o segundo governo dela “terminou antes de começar” e que, do ponto de vista administrativo, o Brasil “vive no parlamentarismo”.
“Este governo terminou antes de começar. O Brasil hoje tem um interventor na economia (o ministro da Fazenda, Joaquim Levy), de quem a presidente Dilma é dependente. Ele cumpre uma agenda que não é aquela proposta pela presidente da República durante a campanha. Do ponto de vista político-administrativo, nós vivemos no parlamentarismo. A presidente não sabe ainda, mas quem governa o Brasil hoje é Renan Calheiros, na presidência do Senado, e Eduardo Cunha, na Câmara dos Deputados”, afirmou.
Perguntado sobre uma saída para crise, Aécio respondeu que o que aumenta a distância entre a sociedade e a presidente é a sensação de engodo, após “a mentira ter conduzido a campanha da presidente Dilma”. Porém, ele destaca que o impeachment da presidente não está na agenda do PSDB.
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“O impeachment precisa de alguns componentes que ainda não se colocaram. Mas não podemos tapar o sol com a peneira. Essa não é uma palavra proibida. O impeachment é uma previsão constitucional e setores da sociedade falam abertamente nisso”, afirmou.
Sobre a agenda do partido, o tucano ressaltou que quer avançar em alguns temas da reforma política no Congresso. Dentre eles o fim da reeleição, com mandatos coincidentes de cinco anos para todos os cargos majoritários e cláusula de barreira.
Ao ser perguntado sobre a atual política econômica, sendo que alguns definem Joaquim Levy como um “tucano”, Aécio diz que o ajuste dele não seria o ajuste do PSDB. “Joaquim Levy é um homem de bem. Agora, o ajuste fiscal proposto por ele, que se sustenta no aumento da carga tributária e na supressão de direitos trabalhistas, não seria o ajuste do PSDB. Na verdade, não se mexeu até agora na questão estrutural. Não se discutiu, por exemplo, a profissionalização das agências reguladoras, para que elas sejam realmente instrumentos do Estado, estimuladoras do investimento privado. Tivemos uma redução de 8% no investimento privado no último ano”, afirmou.
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Vale ressaltar que, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o senador avisou a aliados que começará a trabalhar para aproximar institucionalmente seu partido de movimentos que lideram a organização de atos contra o governo.
E a ideia é lançar interlocutores naturais para realizar a aproximação. Porém, a execução da ideia pode não ser nada fácil. Enquanto o MBL (Movimento Brasil Livre) critica a postura dos tucanos abertamente, o Vem Pra Rua – que chegou a ajudar o PSDB a organizar atos pró-Aécio na reta final do segundo turno – agora trabalha para se desvencilhar da sigla, diz o jornal.