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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou um vídeo nas redes sociais no qual convoca seus apoiadores e simpatizantes para uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 25 de fevereiro.
A intenção de Bolsonaro é utilizar o ato para se defender das acusações de que teria participado da tentativa de golpe de Estado, no fim de 2022, após ser derrotado nas eleições presidenciais. O ex-mandatário foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na semana passada.
“Olá, amigos de todo o Brasil, em especial em São Paulo. No último domingo de fevereiro, dia 25, às três da tarde, estarei na Paulista, realizando um ato pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito. Eu peço a todos vocês que compareçam trajando verde e amarelo e, mais que isso, que não compareçam com qualquer faixa e cartaz contra quem quer que seja”, afirma Bolsonaro no vídeo, compartilhado por apoiadores.
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O ex-presidente diz, ainda, que pretende se defender “de todas as acusações que têm sido imputadas” a ele. “Mais do que discursos, uma fotografia de todos vocês, pois vocês são as pessoas mais importantes desse evento. Para mostrar para o Brasil e para o mundo a nossa união, as nossas preocupações, o que nós queremos”, afirma.
A operação da PF
Foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão na Operação Tempus Veritatis, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares (como proibição de manter contato com os demais investigados; proibição de se ausentar do país, com entrega dos passaportes em até 24 horas; e suspensão do exercício de funções públicas). As medidas judiciais foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do inquérito das milícias digitais.
Também na semana passada, o STF autorizou a divulgação do vídeo de uma reunião entre Bolsonaro e sua equipe ministerial, no dia 5 de julho de 2022. O então chefe do Executivo aparece irritado e preocupado com seu destino político após o pleito.
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Durante reunião com ministros, Bolsonaro afirma que é necessário “reagir” antes da eleição, cujo primeiro turno ocorreria em três meses. O vídeo foi apreendido na casa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que foi preso e fez delação premiada.
Na dura conversa com a equipe ministerial, Bolsonaro também demonstra pessimismo em relação às suas chances de ser reeleito presidente da República. “Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida de que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, diz o então presidente aos seus subordinados.
Quatro ex-ministros de Bolsonaro que estavam na reunião presidencial de julho de 2022 foram alvos da operação: Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres. Também foram alvo Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), que acabou preso por posse ilegal de arma, e Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro, apontado como um dos principais nomes do chamado “gabinete do ódio”.
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Os quatro alvos de mandados de prisão foram Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro que levou a “minuta do golpe” ao então presidente (que pediu mudanças no documento); Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-assessor especial do ex-presidente; e outros dois militares de forças especiais. Já Bolsonaro foi alvo de medidas restritivas: Moraes o proibiu de entrar em contato com investigados e determinou que o ex-presidente entregasse seu passaporte em até 24 horas.
Foi a segunda operação envolvendo o entorno mais próximo de Bolsonaro em duas semanas. A investigação sobre o uso ilegal de um software israelense para monitorar alvos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo do ex-presidente, chegou ao seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro, e ao deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin em seu governo e pré-candidato à Prefeitura do Rio.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro disse estar sofrendo “uma perseguição implacável”. “Me esqueçam, já tem outro governando o país”, disse em chamada por vídeo. O ex-presidente já foi condenado pelo TSE e está inelegível até 2030 por ataques e disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral.
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Viagem à Paraíba cancelada
Em meio aos desdobramentos das investigações da PF das quais é alvo, Jair Bolsonaro decidiu cancelar uma viagem que faria à Paraíba nesta semana. Ele teria compromissos no estado na sexta-feira (16).
De acordo com o PL, partido do ex-presidente, a agenda na Paraíba foi cancelada por causa da organização do ato em apoio a Bolsonaro na Avenida Paulista.
“Em função dos acontecimentos que ocorreram na semana passada, em que foram imputadas acusações infundadas contra o presidente Jair Bolsonaro, ele vai realizar um ato pacífico na Avenida Paulista para apresentar a verdade dos fatos. Por causa da logística que envolve um evento dessa magnitude na capital paulista, o presidente decidiu transferir a sua vinda à capital paraibana, marcada para a próxima sexta-feira”, diz o PL, em nota.