No dia seguinte aos atos de vandalismo em prédios públicos que representam o Três Poderes em Brasília, a Polícia Militar do Distrito Federal e o Exército realizam na manhã desta segunda-feira (9) uma operação para desocupar o acampamento de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) na área do Quartel-General do Exército na capital federal.
Os apoiadores do ex-presidente foram detidos e conduzidos em aproximadamente 40 ônibus até a Superintendência da Polícia Federal, onde prestarão depoimento.
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Os golpistas também estão sendo levados para a Academia Nacional de Polícia por uma questão de logística e espaço para comportar mais pessoas.
Um dos focos da investigação é descobrir quem financiou os ataques aos prédios sede do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto.
Segundo o ministro da Justiça, Flavio Dino, pouco mais de 200 pessoas foram presas em flagrante na noite de domingo (8).
De acordo com a Reuters, a invasão dos prédios públicos vinha sendo planejada há pelo menos duas semanas em mensagens enviadas em grupos nas redes sociais como Telegram e Twitter, mas não houve movimento das forças de segurança para impedir o ataque na Esplanada dos Ministérios.
A Meta, dona do Facebook, disse nesta segunda que está removendo conteúdo que apoia ou exalta os ataques de domingo às sedes dos Três Poderes.
Imagens feitas pela Reuters TV de dentro do Planalto mostraram vidros quebrados, cadeiras e outros móveis destruídos do lado de fora do prédio.
No Congresso Nacional, onde obras de arte foram roubadas e depredadas, os vândalos deixaram um rastro de destruição com pedras e paus, fato que também ocorreu na sede do Supremo Tribunal Federal. O plenário teve poltronas reviradas. Vidraças foram quebradas e o sistema de combate a incêndio acabou acionado, prejudicando o carpete.
O ataque levantou questionamentos sobre o despreparo das forças de segurança para conter os invasores. Por entender que houve descaso e a conivência do governo do DF com a organização dos atos golpistas, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou, na noite de domingo, o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) culpou Bolsonaro por incitar seus apoiadores após uma série de acusações infundadas sobre fraude eleitoral ao fim do seu governo.
Dos Estados Unidos, para onde Bolsonaro viajou 48 horas antes do término de seu mandato, o ex-presidente rejeitou a acusação. Ele disse no Twitter que manifestações pacíficas são democráticas, mas a invasão de prédios públicos “fogem à regra”.
Segundo determinação de Alexandre de Moraes, que ocorre no âmbito do inquérito sobre atos antidemocráticos, os acampamentos existentes no entorno de instalações militares em todo o país, que passaram a receber militantes de extrema-direita após a vitória de Lula no segundo turno das eleições, devem ser desocupados e desfeitos em até 24 horas, a contar a partir desta segunda.