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Em nova fase da Operação Última Milha, a Polícia Federal (PF) cumpriu, nesta quinta-feira (10), um mandado de prisão preventiva e dois mandados de busca e apreensão em Brasília (DF).
O nome do investigado detido não foi revelado. A operação apura o uso irregular da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para favorecer filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e monitorar ilegalmente ministros do STF e políticos opositores.
De acordo com a PF, um dos suspeitos recebia conteúdos de desinformação produzidos pela organização criminosa e os espalhava entre parlamentares, ambiente no qual transitava.
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O material também era enviado a agentes estrangeiros, induzindo-os ao erro. Mesmo após a desarticulação do grupo, ele continuou difundindo notícias falsas por meio de redes sociais.
Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
Relembre o caso da “Abin paralela” no governo Bolsonaro
Entre os nomes supostamente alvos da “arapongagem” da Abin, aparecem o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Senado. Segundo a PF, a espionagem ilegal abrangia tanto políticos aliados do governo de então (como Lira) quanto opositores (no caso de Renan).
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Outro nome que teria sido espionado pelo grupo é o do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, um dos maiores alvos do bolsonarismo durante o período em que o ex-presidente da República ocupou o Palácio do Planalto.
De acordo com o relatório da PF, o monitoramento ilegal de Maia teria sido executado por ordem de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin no governo Bolsonaro – e candidato derrotado do PL à prefeitura do Rio de Janeiro (RJ).
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Aliados e adversários foram alvo
Outros políticos monitorados pela “Abin paralela” do governo Bolsonaro, aponta a PF, teriam sido o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), a ex-deputada federal Joice Hasselmann (antiga aliada de Bolsonaro, mas que rompeu com o ex-presidente) e os senadores Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (PT-AP), além do próprio Renan – os três últimos fizeram parte da CPI da Covid, que investigou as ações e omissões do governo Bolsonaro durante a pandemia.
No Poder Executivo, de acordo com a PF, o ex-governador de São Paulo João Doria (sem partido) também teria sido espionado ilegalmente. Doria é mais um caso de ex-apoiador de Bolsonaro que passou a ser alvo do núcleo bolsonarista depois de romper com o então presidente da República.
Ministros do STF não escaparam
Ainda de acordo com o relatório da PF sobre o caso, pelo menos quatro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) teriam sido monitorados clandestinamente.
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A investigação aponta que foram alvos os ministros Alexandre de Moraes – considerado inimigo público número 1 do bolsonarismo na Corte –, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
Segundo o relatório da PF, os diálogos obtidos pela investigação indicam que os investigados planejavam possíveis ações clandestinas contra os magistrados da mais alta Corte do Judiciário brasileiro, “com o escopo de questionar a credibilidade do sistema eleitoral”.
O grupo também teria espionado escritórios de advocacia, deputados, senadores e adversários políticos de integrantes do governo que atuavam na Esplanada dos Ministérios. A lista de monitorados inclui parlamentares de partidos como PP, MDB e aliados do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Servidores do Ibama, auditores da Receita e jornalistas
A “arapongagem” da Abrin também teve como alvos, diz a PF, os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges e os auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
Em relação aos auditores da Receita, aponta a PF, a ideia do grupo seria coibir as investigações do suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos filhos do ex-presidente.
A ação clandestina de espionagem teria ocorrido, de acordo com a PF, no dia 20 de novembro de 2020, com o intuito de escobrir “podres” e “relações políticas” dos auditores.
A imprensa profissional também não escapou da “Abin paralela”. Segundo as investigações da PF, os jornalistas Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista foram monitorados pelo grupo criminoso.
(Com Agência Brasil)