Abin diz que alertou autoridades sobre risco de vandalismo em Brasília

Investigações preliminares indicaram risco de manifestações violentas e teriam sido compartilhadas com autoridades

Luís Filipe Pereira

Caminhoneiros bloqueiam os dois sentidos da Rodovia Anhanguera no trecho de Limeira (SP), nesta segunda-feira (31), em protesto ao resultado das eleições 2022 e à vitória do candidato Lula (PT) (ROBERTO GARDINALLI/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
Caminhoneiros bloqueiam os dois sentidos da Rodovia Anhanguera no trecho de Limeira (SP), nesta segunda-feira (31), em protesto ao resultado das eleições 2022 e à vitória do candidato Lula (PT) (ROBERTO GARDINALLI/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

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A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu diversos alertas sobre o risco iminente de ataques a prédios públicos – fato que se confirmou no último domingo (8), com a invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) em atos golpistas. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

O alerta da Abin teve como base uma comunicação feita com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre uma grande quantidade de ônibus fretados para Brasília, o que mereceria um direcionamento da atenção das autoridades.

Procurada pelo InfoMoney, a Abin não se pronunciou sobre o assunto.

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Nas sedes dos Três Poderes, no domingo (8), apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quebraram vidraças, arrancaram e quebraram poltronas, equipamentos eletrônicos, destruíram e roubaram obras de arte, provocaram fogo para acionar o sistema de combate a incêndio, que inundou as instalações, e chegaram até mesmo a urinar e defecar nos espaços públicos. Senado e Câmara estimaram um prejuízo de aproximadamente R$ 7 milhões para a reparação do que foi danificado.

Como consequência, o ato golpista gerou o afastamento do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e o pedido de prisão contra o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, demitido do cargo após os episódios de vandalismo. Torres também exerceu o cargo de ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Nesta terça-feira (10), o sub-procurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de União (MPTCU), Lucas Rocha Furtado, pediu ao ministro Bruno Dantas, presidente do TCU, o bloqueio de bens de Ibaneis Rocha, Anderson Torres e Jair Bolsonaro.

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O documento afirma que o objetivo do bloqueio é garantir o ressarcimento público pelos danos causados. Ainda no domingo, Ibaneis publicou um vídeo no qual pediu desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) pela invasão às sedes dos Três Poderes na capital federal.

Em uma rede social, Bolsonaro comparou o vandalismo golpista praticado em Brasília a manifestações da esquerda no passado e disse que repudia “acusações sem prova”. A destruição provocada por fanáticos do ex-presidente no último domingo foi algo sem precedentes na história recente do País.

Diante da urgência do ato golpista, Lula decretou intervenção federal na segurança do DF, que foi aprovada pelo Senado nesta terça-feira. Lula chamou os golpistas de “vândalos” e “fascistas” e afirmou que todos os envolvidos nas depredações ao patrimônio público serão identificados e punidos.

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Na segunda-feira, o presidente da República e os presidentes do Senado, da Câmara e do STF soltaram uma nota conjunta em defesa da democracia, e o acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército em Brasília foi desmontado. Segundo Flávio Dino, cerca de 1.500 pessoas foram presas pelos atos de domingo, e novas prisões serão feitas nos próximos dias.