8/1: Múcio crê que havia vontade de ‘algumas pessoas’ para golpe, mas Forças Armadas não queriam

Ministro da Defesa diz que invasões foram realizadas por um "movimento de vândalos financiado por empresários irresponsáveis"

Equipe InfoMoney

José Múcio Monteiro Filho, ministro da Defesa (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
José Múcio Monteiro Filho, ministro da Defesa (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

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O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que havia, nas Forças Armadas, “vontade de algumas pessoas” para um golpe durante os atos de 8 de Janeiro, mas que esse não era o sentimento geral entre os militares. Segundo ele, as invasões aos prédios públicos na Praça dos Três Poderes foram realizadas por um “movimento de vândalos financiado por empresários irresponsáveis”.

“Podia ser até que algumas pessoas da instituição quisessem, mas as Forças Armadas não queriam um golpe. É a história de um jogador indisciplinado em uma equipe de
futebol: ele sai, a equipe continua. No final, me parecia que havia vontades, mas ninguém materializava porque não havia uma liderança. Você pode dizer: “No governo
anterior havia pessoas que desejavam o golpe”, mas não havia um líder que dissesse assim: “Nós queremos, eu sou o chefe, vamos”. Não existe revolução sem um chefe”, afirmou.

O titular da pasta responsável pelas Forças Armadas não se arrepende de ter defendido a retirada pacífica dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) do acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército. Ele admitiu que o serviço de inteligência havia detectado alguns ônibus, e que havia combinado com o comando do Exército de que os veículos não entrariam no acampamento. O ministro da Defesa também contou que dias antes das invasões havia sido informado que o movimento de manifestantes era reduzido.

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Segundo as investigações sobre os atos de vandalismo conduzidas pelo Ministério Público Federal, o local serviu como base para que os vândalos pudessem se organizar e planejar as invasões aos prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto.

“Será que se nós tivéssemos tomado uma providência mais dura [contra o acampamento], não teríamos promovido uma cizânia dentro das Forças Armadas? Fomos dentro do que a lei mandava. Por que a Justiça não determinou que se tirasse? Por que tinha que ser um ato imposto pela Defesa? A Justiça não tirou, só depois do dia 8. O ministro Alexandre de Moraes mandou tirar, poderia ter mandado dias 7, 6, 5… Não poderia partir de nós. Poderíamos ter precipitado uma cizânia. Faria tudo de novo do jeito que eu fiz. Por ter sido feito daquela forma é que hoje nós vivemos nesse ambiente de tranquilidade nas Forças”, disse.

Na entrevista, o ministro da Defesa negou que tenha sugerido a decretação de uma GLO ao presidente da república, mas reafirmou que tal dispositivo seria uma alternativa para conter os manifestantes, uma vez que autorizaria o Exército a utilizar soldados na Esplanada dos Ministérios.

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“Alguém disse: “Olha, só com GLO para os soldados irem”. Eu não sugeri ao presidente, mas poderia ter sugerido. Era uma forma de o Exército ir para a rua e conter. Tínhamos 1.500 homens à disposição. Mas o presidente disse: “GLO não”. Havia um grupo
que achava que, se houvesse GLO, os militares aproveitariam para materializar o golpe”.

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