44% do Congresso defende privatização da maioria das estatais

FSB Pesquisa mostra ambiente favorável a uma agenda de desestatizações. Correios e Eletrobras aparecem com altas chances

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Um levantamento feito pelo Instituto FSB Pesquisa com deputados e senadores, contratado pela gestora de recursos Studio Investimentos, mostra um ambiente favorável à implementação de uma agenda parcial de privatizações ao longo dos próximos anos no Congresso Nacional.

Os processos de Correios e Eletrobras são tratados como mais prováveis pelos parlamentares, ao passo que nos casos de Petrobras, Caixa e Banco do Brasil a resistência é maior.

Entre os consultados, 49% acreditam que o parlamento tende a concordar com a maioria das desestatizações em discussão, ao passo que 39% veem chances de privatizações de apenas algumas empresas estatais. Apenas 3% acreditam que os congressistas apresentarão resistências ao pacote.

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O estudo ouviu 220 deputados federais e 27 senadores entre 23 de setembro e 8 de outubro e foi contratado pela Studio Investimentos.

Os resultados respeitam a proporção das bancadas partidárias nas duas casas legislativas. A margem máxima de erro é de 5 pontos percentuais para cima ou para baixo e o intervalo de confiança é de 95%.

(Fonte: FSB Pesquisa)
(Fonte: FSB Pesquisa)

Segundo a pesquisa, 83% dos membros das duas casas consultados dizem ser a favor de algum tipo de desestatização, sendo que metade defende para todas ou a maioria das empresas estatais brasileiras. Outros 16% manifestam posição contrária.

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Considerando as dez maiores bancadas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, o MDB foi a sigla com maior percentual de parlamentares favoráveis a uma agenda radical de privatizações. Na segunda posição, aparece o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Ainda no recorte partidário, PSDB, PL e PSD foram os únicos que não mostraram nenhum congressista totalmente contrário a qualquer desestatização. Do lado contrário, apenas o PT apresentou uma maioria crítica a essa agenda. Já no também opositor PSB, a maioria se posicionou favoravelmente à privatização de apenas algumas empresas estatais.

(Fonte: FSB Pesquisa)
(Fonte: FSB Pesquisa)

Casos concretos

Apesar do ambiente mais favorável apontado pelos congressistas, os processos de privatizações envolvendo tradicionais empresas estatais brasileiras enfrentariam significativa resistência.

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Considerando cinco das principais empresas, os casos que enfrentariam menos objeção entre deputados e senadores são os dos Correios e da Eletrobras.

Já Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal não chegam a 1/3 de defensores convictos da privatização.

(Fonte: FSB Pesquisa)

A fotografia é similar quando os parlamentares são questionados sobre as chances de êxito de tais processos, independentemente de suas posições pessoais.

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(Fonte: FSB Pesquisa)

Na situação específica da Eletrobras, foram feitas seis perguntas específicas. Encontram maior apoio dos parlamentares as ideias de direcionamento de parte do capital da privatização para a redução da tarifa de energia (53%) e a destinação de parte dos recursos da nova Eletrobras para obras de revitalização do São Francisco (51%).

Do lado dos pontos mais contestados, aparecem a transformação da Eletrobras em uma corporação, com capital diluído e limitação do poder de voto de cada acionista a, no máximo, 10% e a decisão do governo federal abrir mão da presidência do conselho da companhia. A resistência a essas situações seria de 29% e 41%, respectivamente.

(Fonte: FSB Pesquisa)
(Fonte: FSB Pesquisa)

Estado inchado?

O levantamento mostra que 62% dos parlamentares consultados acreditam que o tamanho do Estado na economia brasileira é muito grande ou grande. Considerando as dez maiores bancadas, destacam-se PP, DEM, PSDB, PSD e MDB. Outros 11% entendem essa participação como reduzida.

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(Fonte: FSB Pesquisa)
(Fonte: FSB Pesquisa)

Para 56% dos entrevistados, tal interferência deveria ser menor, ao passo que 28% defendem uma maior participação do poder público na economia nacional.

O grupo dos defensores do Estado é capitaneado por membros do PT e do PSB, donos da maior e da sétima bancada da Câmara dos Deputados, com 54 e 32 assentos, respectivamente.

(Fonte: FSB Pesquisa)
(Fonte: FSB Pesquisa)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.