42% apoiam prisão domiciliar a Lula; Marina Silva lidera como “plano B” dos eleitores, mostra XP/Ipespe

Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro seria o candidato mais bem votado entre os nomes presentes nas simulações de primeiro turno que desconsideram a candidatura de Lula

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda traz questões que dividem a sociedade brasileira. Segundo a mais recente pesquisa realizada pelo Ipespe, entre 25 e 27 de junho, 50% dos eleitores são contra a concessão de prisão domiciliar ao petista, ao passo que 42% concordam com a medida e 8% não souberam ou não quiseram responder. Segundo o levantamento, encomendado pela XP Investimentos, além dos próprios eleitores de Lula, o maior apoio à medida é observado entre os eleitores do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). Por outro lado, os maiores percentuais contrários encontram-se no eleitorado do deputado Jair Bolsonaro (PSL) e do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB).

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Primeiro turno

Se a eleição fosse hoje, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) seria o candidato mais bem votado entre os nomes presentes nas simulações de primeiro turno que desconsideram a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e estaria no segundo turno. Segundo a pesquisa, o parlamentar tem entre 20% e 22% das intenções de voto na ausência do petista.

Com os resultados apresentados, não seria possível cravar quem seria seu adversário. Dependendo da situação observada, cinco candidatos aparecem tecnicamente empatados: Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Álvaro Dias (Podemos) e Fernando Haddad (PT), mediante apoio de Lula. As oscilações apresentadas em relação ao levantamento de uma semana atrás estão dentro da margem máxima de erro, de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

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Pesquisa espontânea (nomes de candidatos não são apresentados aos entrevistados)

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Cenário 1: Sem candidato do PT

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Cenário 2: Com Haddad candidato pelo PT

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Cenário 3: Com Lula candidato

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Cenário 4: Com Haddad candidato pelo PT e “apoiado por Lula”

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“Plano B”

A pesquisa desta semana, contudo, trouxe um questionamento novo, que testou os possíveis planos alternativos dos eleitores caso seus candidatos preferidos não participem do pleito em outubro. Neste exercício, a fotografia que se tem do momento é que a ex-senadora Marina Silva seria o “plano B” da maioria dos eleitores que escolheram outro nome, com 12% de preferência. Na sequência, aparecem tecnicamente empatados Ciro Gomes (8%), Geraldo Alckmin (7%), Jair Bolsonaro (6%) e Fernando Haddad (5%) — quando mencionado pelo entrevistador apoio explícito de Lula.  Brancos, nulos e indecisos, por sua vez, somam 53%.

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Uma leitura mais aprofundada dos dados mostra que, na ausência de Haddad, Ciro Gomes seria o maior beneficiário, herdando 24% dos votos do ex-prefeito no cenário 4 (quando o apoio de Lula é explicitado), contra 16% para Marina Silva. A recíproca é verdadeira: o petista herda 26% das intenções de voto do ex-governador do Ceará em sua ausência. Também chama atenção o fato de Alckmin não herdar grande fatia do eleitorado de nenhum candidato, o que reforça o ambiente de dificuldade para conquistar apoio. A maior herança ocorre caso Bolsonaro saia da disputa: 12% dos votos recebidos pelo deputado, ao passo que Marina Silva herdaria 18%.

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Rejeição generalizada

A pesquisa também mostrou que Lula, embora líder na simulação de primeiro turno que considera seu nome, aparece na primeira posição no ranking dos candidatos em que os eleitores não votariam de jeito nenhum, com taxa de 61%. O ex-presidente aparece tecnicamente empatado com Ciro Gomes e Geraldo Alckmin, ambos com 59% de rejeição. Na sequência, aparecem Fernando Haddad, com 58%, e Marina Silva, com 57%. O nome que aparece em situação mais confortável neste quesito é o do senador Álvaro Dias. Porém, o parlamentar tem a mais elevada taxa de desconhecimento: 34%, contra 26% de Haddad e 14% de Bolsonaro e Ciro.

CANDIDATO DE 21/05 A 23/05 DE 04/06 A 06/06 DE 11/06 A 13/06 DE 18/06 A 20/06 DE 25/06 A 27/06
Lula 60% 60% 60% 60% 61%
Jair Bolsonaro 47% 54% 52% 53% 52%
Marina Silva 55% 60% 57% 60% 57%
Ciro Gomes 53% 58% 56% 60% 59%
Geraldo Alckmin 53% 59% 60% 60% 59%
Álvaro Dias 45% 47% 41% 45% 48%
Fernando Haddad 56% 59% 57% 58% 58%

Fonte: XP/Ipespe

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Metodologia

A pesquisa XP/Ipespe foi feita por telefone, entre os dias 25 e 27 de junho, e ouviu 1.000 entrevistados em todas as regiões do país. Os questionários foram aplicados “ao vivo” por entrevistadores (com aleatoriedade na leitura dos nomes dos candidatos nas perguntas estimuladas) e submetidos a fiscalização posterior em 20% dos casos para verificação das respostas. A amostra representa a totalidade dos eleitores brasileiros com acesso à rede telefônica fixa (na residência ou trabalho) e a telefone celular, sob critérios de estratificação por sexo, idade, nível de escolaridade, renda familiar etc.

O intervalo de confiança é de 95,45%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro máxima, estabelecida em 3,2 pontos percentuais. O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo código BR-03362/2018 e teve custo de R$ 30.000,00.

O Ipespe realiza pesquisas telefônicas desde 1993 e foi o primeiro instituto no Brasil a realizar tracking telefônico em campanhas eleitorais. O instituto tem como presidente do conselho científico o sociólogo Antonio Lavareda e na diretoria executiva, Marcela Montenegro.

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Em entrevista concedida ao InfoMoney em 12 de junho, Lavareda explicou as diferenças de metodologias adotadas pelos institutos de pesquisa e defendeu a validade de levantamentos feitos tanto presencialmente quanto por telefone, desde que em ambos os casos procedimentos metodológicos sejam seguidos rigorosamente, com amostras bem construídas e ponderações bem feitas. Veja as explicações do sociólogo:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.