A taxa básica de juros (Selic) caiu de 14,75% para os atuais 2,75% ao ano em menos de cinco anos. O custo dos empréstimos para as pessoas físicas, porém, não diminuiu na mesma proporção nesse período – e, aliás, continua alto.
Muitos fatores explicam isso. O risco inadimplência é um deles – quanto maior a chance de o pagamento atrasar, maiores os juros. Há ainda o custo de captação, que representa quanto as instituições financeiras pagam para levantar os recursos que serão emprestados, o peso dos impostos e a concentração bancária, que reduz a concorrência.
Na prática, para quem está precisando de dinheiro, isso pouco importa. O que a maioria das pessoas quer saber é quais são as linhas de crédito mais baratas e indicadas para o tipo de financiamento de que precisam – e se as parcelas realmente vão caber no bolso a cada mês.
Para ajudar os leitores a simular o valor das prestações de um empréstimo, o custo dos juros e o valor total da dívida, o InfoMoney lança uma nova planilha para cálculo de empréstimos. A ferramenta foi elaborada por Lauro Araújo, mestre em finanças internacionais, assessor de investimentos e autor de livros como Guia de Investimentos e Saúde Financeira e Fique Rico e Viva Feliz.
A planilha mostra, por exemplo, que um empréstimo de R$ 10 mil com taxa de juros de 3% ao mês teria prestações de R$ 1.004,62 se os pagamentos fossem feitos em 12 vezes. Ao longo desse período, só o pagamento de juros consumiria mais de R$ 2 mil – ou seja, o equivalente a 17% do valor total da dívida.
Estender o prazo – de 12 para, digamos, 18 vezes – tornaria as prestações mais palatáveis. Cada parcela sairia por R$ 727,09. Porém, o pagamento de juros aumentaria, ultrapassando R$ 3 mil no período inteiro. O valor é 50% maior do que o da primeira simulação.
Cabe no bolso, mas vale a pena?
“Ter foco na capacidade de pagar o empréstimo a cada mês é fundamental, mas não basta. É preciso olhar para os juros, que variam muito entre as linhas de crédito e as instituições financeiras”, diz Araújo. Além disso, se o empréstimo é necessário porque os gastos estão superando os ganhos, revisar o orçamento é importante.
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“Se hoje já está difícil fechar as contas, no futuro, quando você começar a pagar o empréstimo, vai sobrar menos dinheiro ainda”, reforça o especialista.
A planilha apresenta gráficos indicando o peso dos juros na composição do empréstimo simulado e o comprometimento da renda da pessoa. Para alguém que tenha um salário líquido (descontados impostos, taxas e descontos) de R$ 5 mil, por exemplo, as parcelas de R$ 1.004,62 da primeira simulação consumiriam 20% da renda.
“O recomendado é que as despesas básicas – como aluguel, condomínio, água, luz, alimentação, escola, entre outras – somem de 65% a 70% da renda”, diz Araújo. Assim, sobra espaço para poupar e para prever gastos que, em caso de necessidade, podem ser cortados.
Taxas de juros
Informando o tipo de linha de crédito que pretende contratar, o leitor ainda consegue saber na planilha se os juros simulados estão acima, abaixo ou na média do mercado. A referência são as taxas divulgadas mensalmente pelo Banco Central. Se estiver pensando em tomar uma dívida com as condições simuladas, isso pode ajudá-lo a decidir se os juros estão em um patamar adequado – ou se vale a pena pesquisar um pouco mais.
Os juros variam muito de instituição para instituição – e, também, de cliente para cliente. As taxas mudam dependendo do nível de relacionamento mantido pela pessoa com o banco, do seu “score” de crédito (nota que indica a probabilidade de que honre seus compromissos) ou ainda do interesse da instituição em priorizar uma linha de crédito em detrimento de outra.
Por isso, a planilha para cálculo de empréstimos traz duas funcionalidades adicionais. Numa delas, simula-se quanto custaria o mesmo empréstimo se fossem utilizadas outras linhas de crédito, informando a prestação, a soma dos juros e o valor total da operação.
Na outra, é possível conferir as instituições financeiras que oferecem as 20 menores taxas de juros mensais em cada modalidade. A tabela serve de comparativo – e também de alerta, no caso de seu banco estar cobrando juros altos.
Araújo alerta que, além de comprar a taxa de juros, é importante verificar quais os custos adicionais eventualmente cobrados pelas instituições financeiras nos empréstimos. “Existem taxas como abertura de cadastro, avaliação, processamento, que podem encarecer a operação”, explica.