Vicky Safra: bilionária discreta e herdeira de um império financeiro

A viúva de Joseph Safra, que mora na Suíça, foi a primeira mulher a encabeçar a lista de bilionários do Brasil

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Nome completo:Vicky Sarfati Safra
Local e data de nascimento:Grécia, 1 de julho de 1952
Ocupação:Filantropa
Fortuna:U$ 19 bilhões*

(*Forbes 2024)

Em 2023, pela primeira vez uma mulher alcançava o topo da lista dos bilionários brasileiro: Vicky Safra, viúva do banqueiro Joseph Safra, que morreu em dezembro de 2020. De acordo com a Forbes, o seu patrimônio é de US$ 19 bilhões – cerca de R$ 116 bilhões na atual cotação do dólar.

Ao ultrapassar as grandes fortunas brasileiras, o nome da herdeira do império financeiro ganhou publicidade incomum. Vicky, que mora na Suíça, sempre manteve sua vida pessoal fora dos holofotes, da mesma forma que o cônjuge falecido.

Filantropa atuante, lidera uma fundação que leva o seu nome e o de Joseph, apoiando setores como educação, saúde, artes e cultura.

Quem é Vicky Safra?

Vicky Safarti Safra é uma filantropa bilionária de origem judaica nascida na Grécia, em 1952. Ainda pequena, imigrou para o Brasil com a família, na década de 50.

Na mesma época, a família Safra também veio para o Brasil. Foi aqui que Vicky conheceu Joseph Safra, com quem viria a se casar em 1969, aos 17 anos. A relação, que durou até o falecimento do banqueiro, gerou 4 filhos (Jacob, David, Alberto e Esther) e 14 netos. 

Como planejado por Joseph, a gestão do conglomerado permanece nas mãos da família. Entre os herdeiros, somente Esther não atuou no mercado financeiro. Jacob, o filho mais velho, cuida das operações internacionais do grupo, e David, o caçula, dos negócios no Brasil. Em 2019, Alberto se retirou do conselho de administração do grupo e fundou a ASA Investments.

Fortuna da família Safra

A origem da fortuna da família Safra remonta aos anos de 1840. Na época, os já bem sucedidos comerciantes criaram um banco na Síria, para financiar caravanas de camelôs que vendiam mercadorias por todo o Oriente Médio.

Os negócios prosperaram por décadas, até que, em 1952, o patriarca Jacob Safra decidiu se mudar para o Brasil, estabelecendo-se na cidade de São Paulo, com a família. Três anos depois, fundou o Banco Safra, primeiramente focado em administrar os recursos da comunidade judaica, que já era numerosa no país. Rapidamente, a expertise de Jacob em administrar fortunas o fez se destacar entre os banqueiros brasileiros.

Com a morte do patriarca, em 1963, a condução dos negócios passou para os seus três filhos: Joseph, Edmond e Moise. Anos depois, os herdeiros (filhos e netos de Jacob) viriam a protagonizar desavenças e rupturas, agravadas por acontecimentos que atingiram em cheio a economia mundial.

Polêmicas da família Safra

Um dos eventos mais críticos – e que mais abalou a reputação do banco Safra – foi o esquema de pirâmide financeira de Bernie Madoff, que veio à tona com a crise do subprime, em 2008. A fraude trouxe perdas milionárias a clientes do Safra, pois o banco distribuía produtos do golpista e os anunciava como “investimentos conservadores”.

No âmbito sucessório, uma desavença familiar atrapalhou os planos de Joseph pouco antes de sua morte. O filho Alberto, que supostamente assumiria com Davi as operações no Brasil, deixou o Safra em 2019 para fundar uma instituição financeira, levando consigo profissionais do alto escalão.

Outra crise que abalou o nome do grupo veio em 2015, quando Joseph Safra foi denunciado por corrupção no âmbito da Operação Zelotes. Segundo a acusação, o banqueiro teria pago R$ 15 milhões em propinas ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) da Receita Federal para obter pareceres favoráveis. No entanto, a ação penal foi arquivada por falta de provas.

Mais uma polêmica, dessa vez restrita ao núcleo familiar, veio em 2023, quando Alberto chegou a processar a mãe, Vicky, e os dois irmãos, sob a acusação de que eles haviam prejudicado a sua participação na fortuna deixada por Joseph.

Segundo nota da família Safra na época, Alberto havia recebido antecipadamente a sua parte na herança e, logo após, deixou a instituição sem atender aos apelos feitos pelo pai. A comunicação ainda menciona o negócio concorrente ao banco Safra que o herdeiro iniciou, “tendo, inclusive, assediado e contratado vários executivos do Grupo”, conforme texto. Tendo em vista as recusas de Alberto de mudar os seus planos, Joseph o deserdou. 

O fim da briga familiar veio um ano depois, em julho de 2024. Segundo comunicado divulgado pelos Safra, Alberto iria “buscar seus interesses empresariais por meio da ASA Investments e se desvincular do Grupo J. Safra”. O teor do acordo não foi divulgado.