Nome completo: | Olaf Scholz |
Data de nascimento: | 14 de junho de 1958 |
Local de nascimento: | Osnabrück, Alemanha |
Formação: | Advogado especializado em Direito trabalhista e empresarial |
Cargo de destaque: | Chanceler da Alemanha |
Olaf Scholz já foi ministro das Finanças do país e, entre 2011 e 2018, foi prefeito de Hamburgo, uma das principais cidades alemãs – ele deixou o cargo com altos níveis de aprovação. Embora seja do SPD (Partido da Social Democracia), legenda de oposição ao CDU (União Democrática Cristã) de Merkel, Scholz prometeu continuidade ao governo de 16 anos da líder conservadora.
Parte importante do apoio que Scholz recebeu do eleitorado alemão nas eleições vem de sua atuação durante a crise sanitária da Covid-19. À frente da economia do país, ele foi o responsável pelo gerenciamento do pacote de 130 bilhões de euros (cerca de R$ 800 bilhões) que o governo criou para ajudar negócios e trabalhadores do país a sobreviver à pandemia. Scholz foi também o arquiteto do plano francês de recuperação da crise.
Quem é Olaf Scholz?
O político nasceu em 14 de junho de 1958 na cidade de Osnabrück, que, à época, durante a Guerra Fria, pertencia à então Alemanha Ocidental – Merkel, ao contrário dele, nasceu em uma cidade da então Alemanha Oriental, alinhada à URSS. Ele é advogado especializado em Direito trabalhista e empresarial. Na década de 1970, ainda bem jovem, aliou-se ao SPD. Scholz também já foi ministro do Trabalho da Alemanha no primeiro governo de Merkel, no fim dos anos 2000. Conheça mais sobre o próximo chanceler alemão.
Trajetória política
Olaf Scholz começou a carreira política em Hamburgo, cidade no norte da Alemanha onde viveu boa parte de seus 63 anos. Ele entrou para o SPD em 1975, aos 18 anos, como liderança do braço juvenil do partido, o Jusos. Em 2002, assumiu como secretário-geral do partido. Scholz foi eleito pela primeira vez para o Bundestag, o Parlamento alemão, em 1998, onde ficou até 2011. Ainda em Hamburgo, Scholz serviu no governo do então prefeito Ortwin Runde, em 2001.
Embora seu partido faça parte da base de sustentação do governo de Merkel, e apesar de ele mesmo ser parte do gabinete, Scholz é visto como candidato de oposição. O partido de Merkel concorreu com Armin Laschet, líder do CDU, cargo que a chanceler deixou em janeiro deste ano.
Nas projeções para as eleições gerais deste ano, o partido tinha números pífios – e dentro do SPD Scholz aparecia como um nome fraco e pouco popular. Dois anos atrás, ele perdeu a corrida para liderar o partido para Saskia Esken e Norbert Walter-Borjans, atuais colíderes do SPD, que prometeram posicionar a legenda ainda mais à esquerda – Scholz é considerado um outlier na legenda, mais moderado que os colegas. Sem muito carisma, Scholz chegou a ser apelidado no país de “Scholzomat”, palavra que une seu nome a “automat”, sugerindo que o político seria mais próximo de um robô do que de um ser humano.
Mas essa imagem acabou mudando ao longo da campanha para 2021, em que o SPD o apresentou como um político com experiência na atuação federal e o “vendeu” como sucessor natural de Angela Merkel. Ele ocupa o cargo de ministro da Economia desde 2018 e, em função da coalizão formada entre seu partido e o da chefe, é também o vice de Merkel.
Olaf Scholz: um chanceler improvável
A nomeação de Scholz como candidato do partido, em agosto do ano passado, gerou surpresa no país. O SPD, afinal, escolhia para candidato um nome que, apenas alguns meses antes, não queria ter como seu líder. Pesou a seu favor, entretanto, o estilo pragmático, além das demonstrações de segurança e a paciência, traços presentes na maioria dos perfis escritos sobre o futuro novo líder da maior economia europeia (e a 5ª maior do mundo), com um PIB estimado pelo Banco Mundial em 3,85 trilhões de dólares (quase R$ 22 tri).
Ao longo da campanha, Scholz manteve-se discreto e se beneficiou de contratempos e de gafes cometidas pelos principais adversários, Laschet, do CDU, e Annalena Baerbock, do Partido Verde. A atitude low-profile o ajudou a sofrer poucos ataques na corrida pela chancelaria. Nos discursos, Scholz se apresentava prometendo que teria mais chances de manter a estabilidade do país do que o democrata-cristão apoiado por Merkel.
Como foi a votação
Com 25,7% dos votos, o SPD ganhou de forma apertada as eleições gerais, seguido pela coalizão entre o CDU e o CSU (União Social Cristã), que teve 24,1%.
Para poder governar, entretanto, a sigla precisou convencer o Verdes (3° colocado, com 14,8% dos votos) e os liberais do Partido Liberal Democrata Livre (FDP, que ficou em 4°, com 11,5%) a costurar uma coligação que lhe garantia a maioria necessária no Bundestag.
As negociações duraram quase dois meses – e elas ainda não são a última etapa para confirmar Scholz no cargo: ele ainda precisa ser formalmente eleito pelo Bundestag.
Na distribuição das cadeiras no Parlamento alemão, o partido de Scholz fica com 206, seguido por SDU/CSU com 197, Verdes com 118, FDP com 92 e o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com 83. À exceção do AfD e do Die Linke, partido populista socialista, Scholz não descartou conversar com nenhuma outra sigla, o que lhe rendeu a base de que precisava para formar o governo.
Eleições complicadas
As eleições na Alemanha misturam dois formatos eleitorais, o majoritário e o proporcional. O voto é facultativo e permitido apenas a maiores de 18 anos, inclusive pelo correio. Quando vão às urnas, os alemães depositam dois votos – literalmente, porque o país ainda não adotou o sistema eletrônico.
Na primeira etapa da eleição, os alemães escolhem políticos locais nos 299 distritos nos quais o país de cerca de 83 milhões de habitantes é dividido. Nesse pleito inicial, ganha quem obtiver mais votos, num sistema de maioria simples, parecido ao que fazemos no Brasil para escolher ocupantes de cargos do Executivo, como prefeitos, governadores e presidentes. Nessa fase, os candidatos fazem corpo a corpo com a população e apresentam propostas voltadas às demandas locais.
Mas no segundo voto, a escolha deve ser por um partido, que não precisa ser o mesmo do político selecionado na primeira etapa – o voto é feito com base no programa amplo de cada agremiação. Nessa fase, os partidos ganham cadeiras no Bundestag de forma proporcional à quantidade de votos recebidos. Mas como a lista das legendas é fechada, o eleitor não escolhe diretamente o novo chanceler. O formato garante mais representatividade dos eleitores e dos partidos votados, gerando pluralismo político.
Com esse sistema misto, os eleitores escolhem a composição do Bundestag, cujos deputados federais têm a tarefa de decidir quem assumirá a chefia do governo, cargo que na Alemanha é conhecido como chanceler. A exemplo do que ocorre no Brasil, por lá as eleições também são realizadas a cada quatro anos – mas o mandato pode ser renovado sempre que seu partido conseguir o maior número de cadeiras para formar coalizão. Em 2021, cerca de 60,4 milhões de alemães estavam aptos a votar, com 2,8 milhões fazendo isso pela primeira vez.
A Alemanha tem um recurso que visa evitar fragmentações políticas e deixar de fora do Parlamento as legendas mais extremistas: para assumir cadeiras no Bundestag, cada partido deve ter três parlamentares escolhidos na fase majoritária ou 5% da soma dos votos nacionais. Em 2021, mais de 40 partidos concorreram.
Em geral, o candidato a chanceler do partido mais votado deve ser aprovado pelo Parlamento, mas ele precisa ter mais da metade dos votos dos deputados eleitos (e não dos que estão presentes na seção de votação). Essa maioria é obtida com as coalizões.
O que esperar da socialdemocracia de Olaf Scholz
Integrando a ala de centro do SPD, Scholz prometeu durante a campanha elevar o salário mínimo no país, que desde junho do ano passado é de 1.585 euros mensais (pouco menos de R$ 10,2 mil). Ele também indicou que promoveria aposentadorias mais seguras e estáveis e habitação mais acessível.
Na área ambiental, o político defende que a agenda climática deve envolver a indústria, prometendo regulamentação e investimentos na geração de eletricidade limpa. Assim como o candidato de Merkel, Scholz defende um corte de 65% na emissão de carbono até 2030, 88% até 2040 e 100% até 2045 – a candidata do Partido Verde era mais ousada, defendendo o uso exclusivo de fontes renováveis de energia até 2035 (Scholz defende que isso aconteça até 2040).
Na economia, Scholz tem uma plataforma contrária ao corte de impostos para empresas, defendendo mais equilíbrio na cobrança. Ele diz querer aumentar em 3 pontos percentuais a alíquota sobre rendas maiores. A exemplo dos outros candidatos majoritários, o provável futuro chanceler é defensor da União Europeia, do euro e da Otan, a aliança militar entre os países da Europa e os EUA.
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