Nome completo: | Mara Cristina Gabrilli |
Data de nascimento: | 28 de setembro de 1967 |
Local de nascimento: | São Paulo, SP |
Formação: | Bacharelado em Publicidade e Psicologia |
Ocupação: | Senadora e candidata a vice-presidente da República |
Nascida em São Paulo, capital, Mara Gabrilli concluiu o curso de Comunicação Social, Publicidade e Propaganda na Escola Superior de Propaganda e Marketing em 1992. Fez também Psicologia, pela Universidade Paulista (Unip), tendo se formado em 1993.
Em agosto do ano seguinte, aos 26 anos, um acidente de carro mudaria sua vida. Mara e o namorado voltavam de um fim de semana em Paraty (RJ) quando ele perdeu o controle do automóvel na Serra de Taubaté (SP), em trecho conhecido como “curva da morte”, que capotou por uma ribanceira de 15 metros. O condutor e um amigo de Mara, que estava no banco traseiro, tiveram ferimentos leves. Ela, no entanto, quebrou o pescoço em dois lugares e ficou tetraplégica.
Foram mais de 20 dias na UTI. Ao todo, foram cerca de cinco meses de internação, sendo que nos dois primeiros precisou usar um respirador artificial. Mara foi tratada no hospital Albert Einstein, em São Paulo, e nos Estados Unidos. Sem nenhum movimento do pescoço para baixo, a recuperação incluiu terapias, fisioterapias, ginástica passiva e eletroestimulação.
Entrou para a política incentivada pela mãe, Claudia Gabrilli, que a convenceu a desenvolver nesse campo as ideias que cultivava na ONG Projeto Próximo Passo. A entidade foi fundada por Mara em 1997, com o objetivo promover a acessibilidade, pesquisas para cura de paralisias e projetos de inclusão social para atletas com deficiência.
A carreira pública começou em 2004, quando disputou a vaga de vereadora da capital paulista pelo PSDB, partido ao qual pertence até hoje. Não se elegeu, mas entrou na lista de suplentes.
No ano seguinte, quando José Serra (PSDB) era prefeito de São Paulo, tornou-se a primeira titular da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) – função que ocupou por cerca de dois anos e rendeu projetos nas áreas de infraestrutura urbana, educação, saúde, transporte, cultura, lazer, emprego etc.
No início de 2007, após a saída de alguns vereadores da Câmara Municipal de São Paulo, deixou a condição de suplente e assumiu a vaga por um ano. Conseguiu se reeleger em 2008 e ficou até 2010.
Tornou-se deputada federal em 2011, cargo que ocupou até ser eleita senadora por São Paulo, no fim de 2018, com 6,5 milhões de votos. Nesse período, ganhou por cinco anos consecutivos o “Prêmio Congresso em Foco”.
No início de agosto deste ano, foi confirmada como vice de Simone Tebet (MDB) na chapa que concorre à Presidência da República nas eleições de 2022. Durante o anúncio, reiterou críticas ao PT e voltou a falar do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em 2002. À época, seu pai era empresário do ramo de transportes no ABC paulista e a senadora afirma que ele era extorquido.
Mara tem no currículo emendas importantes em projetos do governo, como no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e no Plano Nacional de Educação, além das que garantiram acessibilidade nas novas construções do então programa habitacional Minha Casa Minha Vida (atual Casa Verde Amarela).
Em 2013, foi designada relatora da Lei Brasileira de Inclusão (antigo Estatuto da Pessoa com Deficiência), que entrou em vigor no início de 2016. Entre 2015 e 2016, foi a primeira mulher na história a ocupar um cargo administrativo na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional, tendo sido eleita a 3ª Secretária de ambas as casas, de acordo com a biografia disponível em sua página pessoal.
Em junho de 2018, Mara foi eleita para um mandato de quatro anos no Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU (Organização das Nações Unidas), fato inédito para o Brasil. O grupo reúne peritos de diferentes países e monitora a implementação de diretrizes previstas em um tratado internacional firmado em 2007.
Trajetória política de Mara Gabrilli
A paulistana Mara Cristina Gabrilli nasceu em 28 de setembro de 1967. Quando criança, era apaixonada por piruetas e adorava se pendurar em árvores, segundo entrevista concedida à revista Tpm, em março de 2006. A reportagem abordou temas como família, dor, beleza, prazer, sexo e esperança – a de um dia voltar a andar.
Aos vinte e poucos anos, já cursando a primeira faculdade, viajou para a Itália para estudar o idioma, a princípio por duas semanas. Acabou ficando um ano e meio. Trabalhou como faxineira em uma editora, cuidadora de um idoso de 90 anos e, em 1989, como monitora em um acampamento para pessoas especiais, onde, por ironia do destino, dava atenção extra a uma menina tetraplégica.
As “coincidências” da vida, no entanto, não pararam por aí. Em 1992, quando trabalhava na região central de São Paulo, Mara se apaixonou por um usuário de cadeira de rodas que cursava Direito no Largo de São Francisco. Na mesma conversa com a revista Tpm em março de 2006, ela conta que chegou a pensar: “Se eu ficar paraplégica acho que morro, eu jamais vou conseguir viver assim”.
Conseguiu. Três anos depois do acidente, criou o Projeto Próximo Passo e, dez anos depois, em 2007, a ONG se transformou no Instituto Mara Gabrilli. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, cuja meta é promover a inclusão e autonomia de pessoas com deficiência, de acordo com o site da entidade.
Disposta a quebrar tabus, aceitou o desafio de ser a primeira tetraplégica do Brasil a realizar um ensaio fotográfico sensual. A ideia partiu do Teleton (projeto que visa arrecadar recursos para pessoas com deficiência) e da revista Trip, que trouxe Mara na capa da edição de setembro de 2000, aos 32 anos.
“Por que posar nua?”, questionou a própria publicação. “Por que não posar nua?”, respondeu ela. Adiante, completa: “Quebrei o pescoço, mas a sensualidade continua, o tesão continua. Muita gente me olha na cadeira de rodas e vê mais os ferros do que a pessoa que está em cima.”
Suas ideias e opiniões podem ser conferidas também em outros trabalhos. Mara atuou como consultora no livro “Vai encarar? – A nação (quase) invisível das pessoas com deficiência”, de Claudia Matarazzo, lançado em 2009. Durante dez anos, foi colunista da revista Tpm e suas 50 melhores crônicas estão reunidas em “Íntima Desordem – os melhores textos na TPM”, de 2012.
Em 2013, lançou a biografia “Depois daquele dia”, escrita pela jornalista Milly Lacombe, e seu histórico traz ainda cartilhas, manuais e guias, além de colaborações com blogs, portais especializados e rádios.
Sentimento e relacionamentos são temas que circundam o imaginário quando o assunto são pessoas com deficiência, mas, no dia a dia, a realidade traz questões bem mais práticas, como o acesso a serviços básicos para tratar a saúde e ter uma vida digna.
Graças a muita fisioterapia e exercícios diários, no início de 2016, duas décadas depois do acidente, Mara recuperou parcialmente o movimento dos braços e começou a usar uma cadeira motorizada. “Esse resultado só confirma a diferença que uma boa reabilitação faz na vida de uma pessoa com deficiência”, diz a senadora, em sua página na internet.
Sua rotina inclui exercícios cardiorrespiratórios e de eletroestimulação, alongamentos em várias posições e caminhadas em aparelhos específicos para pessoas com deficiência. “Adaptei minha casa colocando ganchos no teto. Com auxílio de panos e lençóis, fico me pendurando para diminuir a gravidade e o atrito, o que possibilita aumentar o movimento do corpo.”
A conquista motora permitiu que Mara pilotasse sozinha sua cadeira no centro do programa “Roda Viva”, da TV Cultura, em dezembro de 2018 – feito que ela mesmo fez questão de ressaltar, ao final da entrevista.
Perguntada sobre um ídolo, citou a escritora e ativista social norte-americana Helen Keller (1880-1968), a primeira pessoa surdocega da história a conquistar um bacharelado, em Filosofia. Sobre uma frase marcante, lembrou uma de Fernando Henrique Cardoso: “Uma das artes da política é convencer. Ou seja, é vencer junto.”
Quando ainda usava uma cadeira de rodas manual, esteve em outro programa da Cultura, o “Provocações”, em 2011. À época, a então deputada federal disse ao apresentador Antônio Abujamra (1932-2015) que, se pudesse escolher, gostaria de reencarnar como surfista, em um lugar quente, que não tivesse inverno.
A entrevista terminou com a tradicional pergunta: “O que é a vida?”. Mara respondeu: “A vida é uma sucessão de abundância, de conexões, de desejos, de prazeres, de produções, se assim você o quiser.”