Magda Chambriard: a trajetória da engenheira indicada à presidência da Petrobras

Diretora geral da ANP no governo Dilma, ela trabalhou por mais de 20 anos na área de produção da petrolífera

Magda Chambriard
Nome completo:Magda Maria de Regina Chambriard
Data de nascimento:30 de junho de 1957
Local de nascimento:Rio de Janeiro, RJ
Formação:Graduada em Engenharia Civil pela UFRJ, mestre em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ
Vida pública:ANP (diretora técnica de 2008 a 2012 e diretora geral de 2012 a 2016), Assessoria Fiscal da ALERJ (2021 – atual)

Funcionária de carreira da Petrobras nas décadas de 1980 e 1990, Magda Chambriard foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Jean Paul Prates, demitido no dia 14 de maio de 2024. 

Se for nomeada, a engenheira pode ser a segunda mulher a presidir a petrolífera, depois de Graça Foster, que exerceu o comando entre 2012 e 2015. Nesse período, Chambriard esteve à frente da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) durante o governo Dilma Rousseff, de 2012 a 2016.

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De perfil mais desenvolvimentista do que seu antecessor, ela não só defende mais investimentos no setor de petróleo, como afirma ser fundamental que a Petrobras seja uma empresa integrada de energia. Em entrevista ao portal “Petronotícias”, em 2021, Magda criticou a mudança de foco dos anos anteriores, que priorizou somente exploração e produção.

“Enxergo tudo isso como um retrocesso muito grande, e gostaria de saber com que autoridade a gestão da empresa fez isso. Se o pré-sal motivou tudo isso, então foi um mau resultado, porque está desconstruindo uma empresa que estava se preparando para o futuro”, disse.

Magda também se junta aos defensores da exploração de petróleo na Margem Equatorial e na Bacia de Pelotas, áreas que têm protagonizado embates entre ambientalistas e o governo.

“O boom do pré-sal acabou. É hora de buscar novas fronteiras, para que o Brasil possa continuar produzindo petróleo”, disse ela à Bloomberg em dezembro de 2023.

A engenheira possui proximidade com o governo Lula, tendo integrado a equipe de transição que atuou da eleição à posse do atual presidente. Na ocasião, Magda prestou consultoria para as áreas de energia e petróleo.

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Quem é Magda Chambriard?

Magda Maria de Regina Chambriard nasceu em 30 de junho de 1957 na cidade do Rio de Janeiro. Filha do advogado Sérgio Raul de Barros Regina e de Cândida Alves de Barros Regina, foi casada com Claude Jacques Chambriard, cirugião de quem adquiriu o atual sobrenome.

Formou-se em engenharia civil em 1979 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e fez mestrado em engenharia química na COPPE/UFRJ. Também se especializou em engenharia de reservatórios e produção e avaliação de formações na atual Universidade da Petrobras.

Em 1980, ingressou na Petrobras como estagiária de engenharia, tendo atuado por mais de 20 anos na área de produção da empresa. A vasta experiência fez com que acumulasse conhecimentos sobre todas as áreas de produção de petróleo no Brasil.

Em 2002, quando atuava na área de Novos Negócios de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras, foi cedida à ANP para assessorar a diretoria dessa área. Logo depois, as superintendências de exploração e de definição de blocos da agência – voltadas a licitações – também passaram para o seu comando.

Em 2008, Magda prestou assessoria à Comissão Interministerial do Pré-Sal, criada pelo governo Lula para estudar as normas de exploração e produção das reservas de óleo e gás descobertas dois anos antes. No mesmo ano, ingressou na ANP como diretora técnica.

Em 2012, assumiu a diretoria geral da ANP e conduziu a criação da Superintendência de Segurança e Meio Ambiente e da Superintendência de Tecnologia da Informação. Entre 2013 e 2016, integrou o Conselho de Administração do Pré-Sal e também foi membro do conselho de administração da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de 2010 a 2016.

Foram de sua responsabilidade os estudos técnicos que levaram à primeira licitação do pré-sal, bem como as licitações, editais e contratos relativos ao programa à época. Durante  sua gestão, foram instituídos o  sistema de partilha de produção para exploração do pré-sal e a nova distribuição dos royalties do petróleo, que reduziu a parte da União de 50% para 40%.

Além da exploração e produção, Chambriard tinha contato com outras áreas da ANP, como auditoria, promoção de licitações, suprimentos, distribuição e revenda de combustíveis, recursos humanos, relações governamentais e questões legais.

Magda é sócia da Chambriard Engenharia e Energia, empresa especializada na área de óleo e gás. Também prestou consultoria em energia para a Fundação Getúlio Vargas, de 2017 a 2023 e, desde 2021, atua na Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ).

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Turbulências na ANP e polêmica com a OGX

Magda assumiu a diretoria geral da agência meses depois do vazamento de óleo na Bacia de Campos provocado pela Chevron em novembro de 2011, durante a perfuração de um poço. Na época, sua intervenção rigorosa no caso resultou em pesadas multas para a petrolífera norte-americana, o que dividiu opiniões no setor.

Outro fato importante ocorrido em sua gestão foi a retomada dos leilões de áreas destinadas à exploração e produção de petróleo. Nesse contexto, viria a enfrentar um desafio que mexeu com sua imagem na época: o início da crise do conglomerado X de Eike Batista.

A petroleira OGX, alicerce do grupo, foi autuada por induzir milhares de investidores ao erro. Na ocasião, seus executivos divulgaram informações falsas sobre o potencial produtivo da empresa, o que rendeu pesadas multas. Uma delas, no valor de R$ 15 milhões, teve o respectivo auto de infração cancelado pela diretoria da ANS. A justificativa de Chambriard foi a extrapolação de competência de Pietro Mendes, funcionário que autuou a petroleira e que hoje é presidente do conselho da agência. 

Para completar, antes da derrocada do grupo X, Magda costumava elogiar publicamente a OGX e o desempenho de Eike como gestor. Na ocasião, o mercado ainda não tinha dimensão da fraude, pois a companhia não reportava dados completos ou fidedignos. O fato é que, em meio ao escândalo de corrupção do grupo, prisões de diretores – inclusive do próprio Eike – e falência da OGX, a habilidade de gestão de Chambriard foi diversas vezes questionada. 

Dividendos e ingerência política

Em relação à política de dividendos da Petrobras, Magda demonstra uma postura mais restritiva do que a de seu antecessor. 

Dias antes da posse de Lula, disse em entrevista à Reuters que “uma empresa de capital aberto deve pagar dividendos, mas isso não pode chegar a um ponto que comprometa sua sobrevivência no futuro”.

Por outro lado, já se mostrou contra a intervenção da Petrobras para subsidiar os preços dos combustíveis, a exemplo do que aconteceu no governo de Dilma Rousseff.

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