Nome completo: | Luciano Hang |
Data de nascimento: | 11 de outubro de 1962 |
Local de nascimento: | Brusque, Santa Catarina |
Formação: | Tecnólogo em processamento de dados |
Ocupação: | Empresário – cofundador e CEO da Havan |
Na segunda metade dos anos 90, enquanto grandes varejistas brasileiras fechavam as portas, Luciano Hang tomou a direção contrária: aumentou o mix de produtos da Havan e transformou o negócio em uma loja de departamentos.
De lá para cá, as famosas lojas amplas que ostentam a Estátua da Liberdade vêm se espalhando por todo o Brasil, aumentando a fortuna de seu cofundador. Segundo a Forbes, Hang é o maior bilionário do varejo nacional, com patrimônio de R$ 12 bilhões em 2024.
Presença forte nas redes sociais e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, o empresário já teve seu nome associado a investigações e controvérsias – como o inquérito das Fake News e críticas à possibilidade de acabar com a escala 6×1. A seguir, saiba mais sobre a vida e trajetória do dono da Havan.
Quem é Luciano Hang?
Luciano Hang é um empresário nascido em 11 de outubro de 1962 na cidade de Brusque, em Santa Catarina.
Filho de Regina e Luís Hang, ambos operários de uma fábrica de tecidos, seguiu os passos de seus pais no início da vida profissional. Aos 17 anos, começou a trabalhar na fábrica de tecidos Carlos Renaux, em sua cidade natal.
Em um podcast, Hang contou que ficou três anos trabalhando na expedição da fábrica, até que seu gerente lhe ofereceu um cargo de vendedor.
“Ele me disse que eu tinha talento para vendas, e comecei a vender tudo o que tinha na empresa. Até hoje sou um vendedor, adoro pessoas e adoro vender”, disse o empresário.
Além das restrições financeiras familiares, Hang teve um importante obstáculo pessoal a superar ainda jovem. Aos 12 anos, foi diagnosticado com dislexia, quando finalmente aprendeu a ler.
Formou-se como tecnólogo em processamento de dados na Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB). Aos 21 anos, adquiriu a Tecelagem Santa Cruz – o que viria a ser o seu ensaio como empreendedor nos anos seguintes.
O início da Havan
A empresa adquirida por Hang produzia tecidos para roupa de cama e banho. Hang conta que, certa vez, foi fazer uma venda acompanhado de seu pai – que passou a trabalhar com ele – para um atacadista, e teve que sacrificar sua margem de lucro para fechar o negócio.
“Ele (atacadista) me fez vender abaixo do meu preço de custo, e eu aceitei porque precisava pagar as contas. E revendeu o meu produto com uma margem imensa. A partir dali, decidi que meu negócio não era mais produzir, e sim vender”, disse o empresário em um podcast.
Foi assim que, em 1986, nasceu a Havan, fruto da parceria de Luciano Hang com o então sócio Vanderlei Lima. O nome da empresa veio da mistura dos nomes dos dois fundadores.
O negócio começou como uma loja de tecidos importados, em um pequeno espaço de 45m² e um funcionário, na cidade de Brusque.
Cinco anos depois, Hang comprou a parte de Vanderlei na sociedade e se tornou o único dono da empresa. Na época, a abertura econômica promovida pelo governo Collor ajudou a impulsionar o negócio de importados, e o faturamento da Havan começou a crescer ano após ano.
A primeira filial da loja foi aberta em 1995, em Curitiba. Foi neste ano também que Hang modificou a fachada das lojas, adotando o atual formato que lembra a Casa Branca. Logo depois, a Estátua da Liberdade passou a fazer parte do layout, e as unidades começaram a receber uma grande quantidade de turistas.
O movimento crescente das lojas levou o empresário a tomar a decisão que turbinaria de vez o negócio. Em 1999, transformou a Havan em uma rede de lojas de departamento. O modelo era considerado obsoleto, e foi visto com desconfiança pelo mercado, pois gigantes como Mesbla, Mappin e Arapuã minguaram até fechar.
Na contramão, porém, Hang abria novas unidades com mais velocidade ainda, estrategicamente longe dos grandes centros, próximas de estradas e com fácil acesso a transporte público. Para melhorar a experiência dos turistas e atrair ainda mais a população local, as lojas passaram a contar com cafés e alimentação.
O e-commerce veio em 2003, o que tornou a empresa mais conhecida fora da região Sul. No início de 2024, a Havan contava com 175 lojas em 23 estados brasileiros e no Distrito Federal.
O “Véio da Havan”
Até 2016, Luciano Hang era um empresário que atuava longe dos holofotes. A decisão de aparecer veio quando boatos sobre quem era o dono da Havan associavam a rede aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff.
Ao El País, Hang declarou que decidiu sair do anonimato porque “a associação com os políticos estava atrapalhando o seu negócio”. Desde então, começou a investir pesadamente em marketing e se tornou famoso nas mídias sociais e entre influencers e apoiadores de direita.
Tempos depois, na pré-campanha eleitoral de 2018, passou a ser conhecido como o “Véio da Havan”, segundo ele, possivelmente pelo apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Sobre o apelido, Luciano diz que, embora o objetivo tenha sido pejorativo, ele “adora ser chamado de Véio da Havan”, pois é um marketing poderoso para a sua empresa.
Vida pública e polêmicas
Com a exposição pública, também vieram à tona polêmicas envolvendo seus negócios e posições políticas.
Em 2021, descobriu-se uma offshore que o empresário teria mantido irregular durante 17 anos nas Ilhas Virgens Britânicas. A informação foi divulgada pelo site Poder360 em outubro daquele ano, com base em documentos vazados pela investigação jornalística Pandora Papers. A offshore foi regularizada em 2016 e, segundo informações da época, não se sabe qual foi o valor pago entre impostos e multa.
Em 2022, Hang e outros empresários tiveram suas redes sociais bloqueadas por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), sob suspeitas de envolvimento em atividades que atentavam contra a democracia. O desbloqueio veio somente dois anos depois, mas sob alerta de punições no caso de reincidência, segundo a corte.
Em janeiro de 2024, o empresário foi condenado em primeira instância pela Justiça do Trabalho de Santa Catarina a pagar R$ 85 milhões a título de danos morais. A acusação foi de ter coagido funcionários a votarem em Jair Bolsonaro na eleição de 2018.
Na ação, o Ministério Público do Trabalho (MPT) detalhou que Hang havia feito reuniões com os funcionários das lojas para saber as intenções de votos. “Dependendo do resultado presidencial, poderia demitir 15 mil pessoas”, publicou o G1 sobre o caso à época.
Em novembro de 2024, o dono da Havan se posicionou publicamente contra a PEC que visa acabar com a escala 6×1 no comércio. Hang classificou a proposta como “populista”, e disse que “o brasileiro não quer trabalhar menos, mas sim ter mais qualidade de vida e não depender de esmolas do Estado”.
Ao apagar das luzes de 2024, mais uma polêmica: o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu uma investigação contra desembargadores de Santa Catarina que participaram de um jantar promovido pelo empresário no dia 16 de dezembro. Hang responde a processos no estado que poderão ser julgados pelos magistrados presentes no evento.