Nome completo: | Hillary Diane Rodham Clinton |
Data de nascimento: | 26 de outubro |
Local de nascimento: | Chicago, Illinois, EUA |
Formação: | Ciências Políticas e Direito |
Ocupação: | Advogada e política |
Afiliação: | Partido Democrata |
Quem é Hillary Clinton?
Hillary Diane Rodham Clinton, ou apenas Hillary Clinton, é uma advogada e política norte-americana. Ela foi primeira-dama dos Estados Unidos de 1993 a 2001, senadora de 2001 a 2009, secretária de Estado de 2009 a 2013 e candidata a presidente em 2016, sendo a primeira mulher a concorrer ao posto por um dos dois grandes partidos do país.
É uma das mais influentes figuras da política dos EUA dos últimos 30 anos e tem grande reconhecimento internacional também. Antes de entrar na política, já tinha sólida careira como advogada, professora de Direito e ativista.
Origem
Hillary Diane Rodham nasceu em 26 de outubro de 1947, em Chicago, Illinois, nos Estados Unidos. Ela é a filha mais velha do casal Hugh e Dorothy Rodham. Ele era um empresário fabricante de cortinas, e ela, dona de casa. Cresceu em Park Ridge, um subúrbio de Chicago, com os irmãos mais novos Hugh e Tony.
Hillary teve uma infância feliz, mas disciplinada. Os pais exigiam trabalho duro e excelência no desempenho escolar, e a encorajaram a buscar a carreira que mais a interessasse.
Desde cedo, ela se engajou em iniciativas e instituições comunitárias, educacionais e religiosas. Foi escoteira, líder estudantil e frequentava a Igreja Metodista. Começou precocemente também na política, incialmente influenciada pela preferência do pai pelo Partido Republicano. Chegou a ser voluntária na campanha do então senador Barry Goldwater para presidente dos EUA, em 1964, vencida pelo democrata Lyndon Johnson.
Em 1965, ela entrou no Wellesley College, em Massachusetts, e logo no primeiro ano se tornou presidente da Juventude Republicana local. Suas preferencias políticas, no entanto, mudariam ao longo dos anos. Ainda em 1962, Hillary entrou em contato com pontos de vista diferentes aos quais estava acostumada, ao acompanhar em Chicago um discurso do líder do movimento dos diretos civis nos EUA, Martin Luther King Jr.
Os assassinatos de King, do ativista negro Malcolm X e do senador democrata Robert Kennedy tiveram forte influência nesta mudança de inclinação política, assim como a Guerra do Vietnã. Em 1968, Hillary trabalhou para ambos os grandes partidos políticos dos EUA, mas acabou apoiando o democrata Eugene McCarthy para presidente naquele ano. Ele perdeu a indicação do Partido Democrata para Hubert Humphrey, que acabaria derrotado pelo republicano Richard Nixon na disputa pela Casa Branca.
“O desafio agora é fazer política como a arte de fazer o que parece impossível, possível”, disse ela em cerimônia de formatura do Wellesley College. Hillary se formou em Ciências Políticas e deixou o Partido Republicano definitivamente.
Em 1969, ela entrou na Faculdade de Direito da Universidade de Yale, em Connecticut. Lá, foi influenciada pela advogada e defensora dos direitos das crianças Marian Wright Edelman, com quem trabalhou, e passou a se interessar por Direito de Família e da Infância. Também na universidade ela conheceu seu futuro marido, Bill Clinton.
O ex-presidente costuma contar como eles se conheceram na biblioteca de Yale. Ela o abordou e disse: “Se você vai continuar a me encarar, eu vou pelo menos me apresentar”.
Carreira
Hillary e Bill seguiram caminhos diferentes depois da formatura, em 1973. Ele retornou ao seu estado natal, o Arkansas, enquanto ela foi trabalhar com Edelman no Fundo de Defesa das Crianças (Children Defense Fund), em Massachusetts.
No ano seguinte, 1974, Hillary atuou como assessora do comitê da Câmara dos Deputados dos EUA responsável pelo processo de impeachment do então presidente Richard Nixon, em meio ao escândalo Watergate.
Depois da renúncia de Nixon, em agosto de 1974, ela decidiu aceitar uma vaga de professora na Faculdade de Direito da Universidade do Arkansas, se reunindo com Bill. Eles se casaram em 1975.
Além de dar aulas, Hillary passou a trabalhar num conhecido escritório de advocacia em Little Rock, capital do estado, o Rose Law Firm, do qual se tornaria sócia, a primeira mulher a alcançar este status na banca. Ao longo de sua carreira, ela se tornaria a primeira mulher em várias posições que ocupou.
Paralelamente, Bill tentava engatar sua carreira política. Primeiro, ele tentou uma candidatura ao Congresso, sem sucesso. Mas, em 1976, foi eleito procurador geral do estado de Arkansas.
Neste período, Hillary atuou como conselheira em várias organizações sem fins lucrativos e em grandes empresas, tendo sido a primeira mulher a ocupar uma vaga no conselho do Wal-Mart, tornando-se “arrimo” da família Clinton. Paralelamente, ela seguiu trabalhando na defesa dos direitos das famílias e das crianças.
Em 1976, participou da campanha vitoriosa do democrata Jimmy Carter à Presidência, como diretora de operações de campo em Indiana. Em 1977, Carter a indicou para o conselho da Corporação de Serviços Legais (Legal Services Corporation), uma instituição que distribuía recursos para escritórios de assistência judiciaria ao redor dos Estados Unidos.
Bill Clinton foi eleito governador do Arkansas pela primeira vez em 1978. Hillary manteve seu sobrenome de solteira até 1982 e foi duramente criticada por uma parcela do eleitorado, que julgava que essa decisão demonstrava falta de comprometimento com seu marido. Ao longo de sua carreira, em diversas oportunidades ela foi criticada por adversários por não interpretar o papel tradicionalmente esperado de mulheres de políticos. A única filha do casal, Chelsea, nasceu em 1980.
Bill Clinton esteve à frente do governo de Arkansas por cinco mandatos, de 1979 a 1981 e de 1983 a 1992. Hillary seguiu trabalhando em programas de auxílio à infância e aos necessitados e como advogada. Ela foi duas vezes apontada como um dos 100 profissionais da advocacia mais influentes dos EUA pelo periódico National Law Journal, em 1988 e 1991.
Em mais de uma década como primeira-dama de Arkansas, Hillary fundou a organização Arkansas Advocates for Children and Families, presidiu o Comitê de Padrões Educacionais do Arkansas e foi membro do conselho do Hospital Infantil do Arkansas.
Em 1992, Bill Clinton foi indicado como o candidato do Partido Democrata à Casa Branca. Hillary teve papel ativo na campanha e serviu como uma das principais assessoras do marido.
Circulavam boatos de um caso de Bill com a conterrânea Gennifer Flowers. O casal foi questionado sobre o tema no famoso programa de TV norte-americano 60 Minutes. A futura primeira-dama dos EUA pediu aos eleitores que julgassem o marido por seu histórico, e se não gostassem, recomendou: “Diabos, não vote nele”. Não foi a última vez que Hillary teve de ir a público falar das supostas infidelidades de Bill.
Primeira-dama
Clinton derrotou o então presidente George Bush (o pai) nas eleições, e Hillary se tornou a primeira-dama com o mais rico currículo acadêmico e profissional da história dos EUA. Mais uma vez, ela virou alvo de conservadores e foi acusada de ter uma “agenda própria”, derivada das “causas liberais” em que atuou.
Ainda durante a campanha, respondeu que “poderia ter ficado em casa assando biscoitos”, o que lhe valeu acusações de falta de respeito com as donas de casa em tempo integral.
“Nossas vidas são uma mistura de papeis diferentes. A maioria de nós está fazendo o melhor para encontrar o equilíbrio correto… Para mim, esse equilíbrio é família, trabalho e serviço [público]”, declarou Hillary durante a campanha.
No início de seu primeiro mandato, em 1993, Bill deu sinais que a mulher teria papel relevante em seu governo. Ela montou um gabinete com assessores na Casa Branca e foi indicada para chefiar uma força tarefa para elaborar um plano nacional de saúde, um dos principais pilares da agenda legislativa do novo presidente. Ela defendia o aumento das coberturas dos planos de saúde, garantia de vacinação para as crianças e maior divulgação para questões de saúde.
Vale lembrar que os EUA não têm um sistema público nacional de serviços de saúde nos moldes de outros países, como o SUS brasileiro e o NHS britânico. Sob esse aspecto, as propostas apresentadas na época eram bastante tímidas.
Mas Hillary se deparou com forte oposição, até por ter optado por realizar as reuniões do comitê de portas fechadas. Apesar de seu trabalho ter sido respaldado pela Justiça, de ela ter falado em cinco comissões do Congresso e receber cobertura favorável da imprensa, as recomendações da força tarefa foram rejeitadas pelo Parlamento.
A desaprovação conservadora ao trabalho da então primeira-dama ajudou os Republicanos a obterem maioria no Congresso nas eleições legislativas de 1994.
Depois desse episódio, a participação de Hillary no governo do marido diminuiu, mas não desapareceu. Em 1995, ela liderou a delegação norte-americana na 4a Conferência Mundial sobre a Mulher da ONU, em Pequim, na China. “Direitos humanos são direitos das mulheres e, de uma vez por todas, os direitos das mulheres são direitos humanos”, afirmou ela na ocasião. Em 1996, Bill Clinton foi reeleito.
Em 1998, as aventuras extraconjugais do marido voltaram a assombrar Hillary, quando veio a público o escândalo envolvendo Monica Lewinsky, uma ex-estagiária da Casa Branca com quem o presidente havia mantido relações. Ela mais uma vez manteve-se ao lado do marido. Bill posteriormente admitiu o caso e foi alvo de um processo de impeachment no Congresso, que não prosperou.
Carreira solo
Pouco tempo depois do processo de impeachment, em 1999, Hillary decidiu alçar voo solo e anunciou sua candidatura ao senado por Nova York. Para concorrer ao cargo, ela se mudou de Washington para uma casa do casal Clinton em Chappaqua, NY.
Em 2000, a democrata derrotou o candidato republicano Rick Lazio por uma grande margem. Pela primeira vez, uma primeira-dama dos EUA vencia a disputa por um cargo eletivo.
Seu partido, no entanto, foi derrotado nas eleições presidenciais. Quando ela assumiu o posto no Senado, em 2001, o republicano George W. Bush (o filho) tomou posse na Casa Branca.
Hillary seguiu na defesa de uma reforma no sistema de saúde e dos direitos das crianças. Depois dos ataques terroristas em Nova York e Washington, em 11 de setembro de 2001, a democrata apoiou a invasão do Afeganistão e do Iraque pelos EUA, mas posteriormente passou a criticar o governo Bush por sua atuação nesses países.
Ela trabalhou para garantir que governo federal liberasse uma ajuda de US$ 20 bilhões para a reconstrução das áreas atingidas em Nova York e pressionou por tratamentos de saúde para os socorristas dos atentados de 11 de setembro. Em 2006, Hillary foi reeleita com facilidade para o Senado.
Em 2008, a então senadora lançou sua pré-candidatura à Presidência, mas acabou perdendo a indicação do Partido Democrata para o então também senador Barack Obama, eleito presidente dos EUA pela primeira vez naquele ano.
Obama escolheu Hillary para ser sua secretaria de Estado, cargo equivalente ao de ministra das Relações Exteriores. Ela permaneceu no posto até 2013, quando foi substituída por John Kerry, que comandou a politica externa norte-americana durante o segundo mandato de Obama.
Hillary trabalhou para impor novas sanções contra o Irã e, em 2010, jogou um balde de água fria nas tentativas da Turquia e do Brasil, então governador por Luiz Inácio Lula da Silva, de negociar um acordo com o país persa sobre seu programa nuclear, iniciativa que havia recebido apoio do próprio Obama anteriormente.
Hilary foi elogiada por ter elevado os padrões da diplomacia dos EUA, após oito anos de beligerância da administração Bush, e por sua defesa dos direitos humanos, da liberdade na internet, dos direitos das mulheres, dos jovens e de pessoas LGBTQIA+.
Foi, no entanto, duramente criticada pelo uso de uma conta de e-mail pessoal quando ocupava o cargo, o que rendeu uma investigação do FBI, e pela invasão o consulado norte-americano em Bengasi, na Líbia, que resultou na morte de quatro pessoas, incluindo o embaixador Christopher Stevens, em 2012.
Ela foi responsável pela resposta pública dos EUA à chamada Primavera Árabe, uma onda de levantes populares que varreram o Oriente Médio e o Norte da África em 2011, e pressionou pela intervenção militar na Líbia.
Candidatura
Em 2015, Hillary se lançou novamente como pré-candidata à Presidência e foi confirmada como candidata do Partido Democrata em 2016, após disputa interna com o senador de esquerda Bernie Sanders. Ela foi a primeira mulher escolhida por um dos dois grandes partidos dos Estados Unidos para concorrer à Casa Branca. Do outro lado, estava o empresário Donald Trump, do Partido Republicano.
A tom da campanha foi pesado, com duras acusações de ambos os lados, mas o republicano tirou proveito da desinformação e de mentiras propagadas nas redes sociais, que incluíram até a acusação absurda de que a adversária estaria por trás de uma rede de pornografia infantil.
O discurso reacionário e sem papas na língua de Trump teve apelo para uma parte ressentida do eleitorado norte-americano e, apesar de Hillary ser apontada como favorita pelas pesquisas, foi derrotada no Colégio Eleitoral, embora tenha vencido no voto popular por mais de 2,8 milhões de votos. A eleição para presidente nos EUA é indireta e permite a ocorrência deste fenômeno.
Em 2017, Hillary lançou a iniciativa Onward Together, cujo objetivo é incentivar candidaturas progressistas. “Eu sei que fui uma boa servidora pública”, disse ela em 2020. “Espero ter tornado um pouco mais fácil para mais mulheres entrarem na esfera pública”, afirmou a hoje avó de três netos.
A advogada e política tem vários livros publicados como “Tarefa de uma aldeia e outras histórias que as crianças nos ensinam” (1996); “Vivendo a História” (2003), suas memórias da Casa Branca; “Escolhas Difíceis” (2014), sobre a passagem pelo Departamento de Estado; “What Happened” (2017), ou “O que aconteceu”, em tradução livre, sobre a campanha de 2016; e “The Book of Gutsy Women: Favorite Stories of Courage and Resilience” (2019), ou “O livro das mulheres corajosas: histórias preferidas de coragem e resiliência”, em tradução livre, em parceria com a filha Chelsea.