Claudia Sheinbaum: conheça a trajetória da primeira presidente mulher do México

Apoiada por Lopez Obrador, a cientista venceu com folga a sua principal oponente na eleição deste domingo

Claudia Sheinbaum, primeira mulher eleita presidente do México (Foto: Reprodução/Instagram)
Claudia Sheinbaum, primeira mulher eleita presidente do México (Foto: Reprodução/Instagram)
Nome completo:Claudia Sheinbaum Pardo
Data de nascimento:24 de junho de 1962
Local de nascimento:Cidade do México – México
Formação:Bacharel em Física, mestre e doutora em Engenharia de Energia pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM)
Vida pública:Prefeita da Cidade do México (2018 a 2024), Prefeita de Tlalpan (2015 a 2017), Secretária do Meio Ambiente da Cidade do México (2000 a 2006)

O último boletim da Instituto Nacional Eleitoral (INE), com mais de 74% dos votos apurados, revelou a vitória de Cláudia Sheinbaum com uma vantagem de 58,4% contra 28,5% da opositora. Com isso, ela se tornou a primeira mulher eleita presidente do México.

Representante do Morena (Movimento de Regeneração Nacional), a acadêmica de esquerda contou com o apoio de Andrés Manoel López Obrador – conhecido como AMLO –, que encerra o sexto ano de mandato com mais de 60% de aprovação popular, apesar da grave situação da segurança pública no país. Sheinbaum declarou que seu dever será zelar por todos os mexicanos.

“Concebemos um México plural, diverso e democrático. Tenho claro que minha obrigação é conduzir o país no caminho da paz, segurança, democracia, liberdade e justiça. Nosso compromisso é com o bem estar do povo, e assumo essa responsabilidade como a próxima presidente do México”, disse ao final do discurso.

A cientista venceu com folga sua principal oponente, Xóchitl Gálvez, candidata de uma aliança de oposição de três partidos. Por sua trajetória até aqui, algumas pessoas se referem a Sheinbaum como a “Dilma Rousseff do México”. A comparação se deve não só ao apoio do Presidente Lula na eleição de 2010, mas também ao perfil técnico e temperamento descrito como “frio”, que em nada lembra o carisma de AMLO.

O processo de sucessão presidencial que levou Sheinbaum à chefia do Executivo mexicano foi marcado pela onda de violência. De acordo com dados do governo, mais de 30 candidatos foram assassinados de setembro de 2023 até o dia da eleição, neste último dia 2 de junho. Como presidente da República, Sheinbaum herdará o desafio de conter as ações do crime organizado e conservar os efeitos das políticas públicas e benefícios sociais conquistadas pela gestão AMLO, que o fizeram o presidente mexicano mais popular dos últimos tempos. 

Some-se a isso alguns percalços nas relações com os Estados Unidos, que envolvem questões comerciais e fronteiriças. Embora Sheinbaum manifeste pouco interesse em alterar as relações com os vizinhos do Norte, os maiores importadores do México, a China tem conseguido entrar com sucesso no mercado mexicano para vender produtos mais baratos.

Sobre a questão migratória, Sheinbaum fala em “construir pontes”, alegando que os EUA precisam de mão de obra. Mas o fato é que o controle da fronteira permanece rígido, com centenas de milhares de imigrantes tentando entrar no território americano de forma irregular todos os anos.

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Quem é Claudia Sheinbaum

Claudia Sheinbaum Pardo é cientista e política, nascida em 24 de junho de 1962, na Cidade do México. De ascendência judaica, seus avós migraram da Lituânia e Bulgária para o México para fugir da Segunda Guerra Mundial.

Os ambientes acadêmico e político acompanham Claudia desde cedo. Seu pai, Carlos Sheibaum Yoselevit, era engenheiro químico, e sua mãe, Annie Pardo Cemo, era bióloga e professora, e ambos atuaram no movimento estudantil do país em 1968.

Quando cursava Física na UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México), Claudia foi membro do Conselho Estudantil Universitário (CEU) e participou do movimento estudantil de 1986 a 1987, em defesa da gratuidade universitária. As reivindicações dos estudantes foram atendidas, e seu nome apareceu na mídia pela primeira vez.

Ela se formou em 1989 e, na mesma universidade, obteve mestrado e doutorado em Engenharia de Energia. Em 1995, tornou-se professora do Instituto de Engenharia da UNAM e, quatro anos depois, foi premiada como jovem pesquisadora da universidade em engenharia e inovação tecnológica.

Trajetória Política

O embrião de sua vida política foi o movimento estudantil dos anos 1980. Na época, o CEU se uniu ao Partido da Revolução Democrática (PRD), dissidência de esquerda do Partido Revolucionário Industrial (PRI). Seu primeiro marido, Carlos Ímaz, com quem tem dois filhos, foi um dos fundadores do PRD.

Mas seu início de fato foi em 2000, quando AMLO era prefeito da Cidade do México. Na ocasião, foi nomeada Secretária do Meio Ambiente da capital mexicano, cargo que exerceu até 2006. Desde então, ficou estabelecido seu vínculo com AMLO, tendo Sheinbaum inclusive atuado como porta-voz em sua primeira campanha presidencial.

De 2015 a 2017, foi prefeita de Tlalpan, e, em 2018, venceu a eleição para a prefeitura da Cidade do México.

Em 2012, Obrador concorreu novamente à presidência do México, apresentando Sheinbaum como sua futura Secretária do Meio Ambiente. Além de ser derrotado pela segunda vez, rompeu com o PRI, que atravessava disputas internas e protagonizava escândalos de corrupção.

Como aliada fiel, Sheinbaum também deixou o PRI e atuou com seu mentor na fundação e consolidação do Morena. Seu primeiro cargo eletivo veio em 2015, quando se tornou prefeita de Tlalpan. Em 2018, venceu a eleição para a prefeitura da Cidade do México, novamente com o apoio de Obrador.

Momentos críticos como prefeita da capital

Como prefeita da Cidade do México, a força política de Sheinbaum foi posta à prova em duas situações: durante a pandemia e no colapso de uma linha de metrô em 2021.

Sobre a pandemia, um relatório independente feito por um comitê de investigação apontou que muitas mortes poderiam ter sido evitadas se a intervenção do governo municipal tivesse sido mais eficiente. Entre os signatários do documento, estão autoridades como o ex-ministro da Suprema Corte Mexicana José Ramón Cossío, o ex-secretário de Saúde Julio Frenk e o epidemiologista Jaime Sepúlveda.

O relatório foi publicado no início de maio deste ano. Sheinbaum afirmou que o estudo teve motivações políticas. Em entrevista ao jornal El País, ela afirmou que a Cidade do México desenvolveu um “programa de vacinação excepcional”, além de ter sido uma das que mais fez testes. Relembrou também que seu governo distribuiu cestas básicas e cartões com 1.000 pesos para cada doente que se apresentou para receber o benefício.

Quanto à queda da linha de metrô, que deixou 27 mortos e 80 feridos em 2021, Sheinbaum defendeu sua equipe das acusações de corrupção. Além disso, demonstrou habilidade em negociar indenizações para as vítimas com a construtora responsável pela obra, o que evitou julgamentos.

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