Nome completo: | Amancio Ortega Gaona |
Data de nascimento: | 28 de março de 1936 (85 anos) |
Local de nascimento: | Busdongo de Arbás, Leão, Espanha |
Formação: | Empresário dos ramos têxtil e imobiliário |
Empresas: | Inditex, holding de confecções que inclui a Zara, e Pontegadea, de investimentos |
Fortuna: | US$ 80,9 bilhões em 01/09/2021, segundo a Forbes US$ 74 bilhões, de acordo com a Bloomberg |
Espanhol de 85 anos é o maior acionista da Inditex, holding controladora da Zara e outras marcas de roupas. É o 11o homem mais rico do mundo, segundo a Forbes.
Quem é?
Amancio Ortega, 85, é um empresário espanhol do ramo têxtil, fundador e maior acionista da Inditex (BME:ITX), gigante do varejo de moda. A holding sediada em Arteixo, na Galícia, Espanha, reúne marcas de alcance global como Zara, Pull&Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home e Uterqüe. A companhia tem cerca de 6,8 mil lojas em 96 países.
Ortega é uma das pessoas mais ricas do mundo. Está na 11ª posição no ranking da revista norte-americana Forbes, com uma fortuna avaliada em US$ 80,9 bilhões. Ele chegou a liderar brevemente esta lista em 2015. É o segundo mais rico da Europa, atrás apenas do francês Bernard Arnault. No ranking da Bloomberg, o espanhol aparece no 13º lugar, com US$ 74 bilhões.
Origem humilde
Amancio Ortega Gaona nasceu às vésperas da Guerra Civil Espanhola, em 28 de março de 1936, no vilarejo de Busdongo de Arbás, em Leão, a cerca de 400 quilômetros a noroeste de Madri, filho de Amancio Ortega Rodrígues, ferroviário, e Josefa Gaona Hernández, dona de casa. É o mais novo de quatro irmãos. A família se mudou para Tolosa, no País Basco, quando ele ainda era bebê, e depois se estabeleceu em A Coruña, na Galícia, onde Ortega vive até hoje.
Na biografia “Así es Amancio Ortega, el hombre que creó Zara” (“Assim é Amancio Ortega, o homem que criou a Zara”, em tradução livre), da jornalista Covadonga O’Shea, o empresário conta que, aos 12 anos, foi a uma mercearia com a mãe e ouviu do balconista: “Senhora Josefa, sinto muito, mas eu não posso mais lhe vender fiado”. “Aquilo me deixou arrasado”, disse.
Assim, começou a trabalhar cedo e não terminou os estudos. Aos 13, tornou-se entregador na camisaria Gala, famosa em A Coruña. Posteriormente, arrumou emprego na loja de confecções La Maja, na qual trabalhavam seus irmãos Antonio e Josefa, e onde conheceu sua primeira mulher, Rosalía Mera, vendedora.
Em 1963, Ortega, ao lado do irmão, da irmã e da futura mulher, fundou a confecção Goa, nome formado por suas iniciais ao contrário. Produziam principalmente roupões acolchoados para mulheres. Ele e Mera se casaram em 1966 e tiveram dois filhos, Sandra e Marcos. Inicialmente, era ela que costurava as peças vendidas pela empresa familiar.
Zara
O negócio prosperou e em dez anos chegou a 500 funcionários. Em 1975, o empresário abriu a primeira loja de roupas Zara, em A Coruña, marca hoje conhecida no mundo inteiro. A internacionalização, porém, ainda demoraria. A primeira unidade no exterior foi inaugurada somente em 1988, no Porto, em Portugal.
Ortega aplicou ao negócio o conhecimento que havia aprendido nas empresas que trabalhou: confeccionar e vender roupas prontas para clientes de alto poder aquisitivo. Adicionou, porém, sua própria fórmula para atingir uma clientela mais ampla, usando materiais menos caros, processos mais eficientes e cobrando preços competitivos pelos produtos.
Ele passou também a utilizar na Zara e nas marcas que vieram depois o conceito de “moda rápida”, que consiste em identificar as tendências das passarelas e rapidamente torná-las disponíveis nas araras. Olheiros acompanhavam os desfiles e identificavam as novidades, que eram incorporadas pelos estilistas da empresa e usadas em peças de fabricação própria. Com o controle de todo o processo, em pouco tempo as novas roupas estavam nas lojas.
Em 1977, Ortega inaugurou duas fábricas em Arteixo para suprir as lojas Zara, enquanto a rede se espalhava pela Espanha. Em 1984, foi inaugurado um centro de distribuição de 10 mil metros quadrados no mesmo município. No ano seguinte, 1985, foi criada a Inditex, holding que reúne a Zara e outras marcas.
A internacionalização foi o passo seguinte. Depois do Porto, Nova York, em 1989, e Paris, em 1990. A expansão continuou ao longo dos anos 1990, assim como a incorporação e lançamento de novas marcas.
Vida privada
Nesse meio tempo, em 1986, Ortega e Mera se separaram, após o empresário ter uma filha fora do casamento, Marta. Ela nasceu dois anos antes, fruto de um relacionamento com Flora Pérez, então funcionaria da Zara, hoje sua segunda mulher. O casamento foi oficializado em 2001.
Em 2013, quando morreu vítima de um derrame, Mera era a mulher mais rica da Espanha. Título que atualmente pertence à filha do casal, Sandra, tutora do irmão, Marcos, que nasceu com paralisia cerebral.
Apesar do caso extraconjugal e do divórcio, Ortega é descrito como um homem discreto, avesso a entrevistas e pouco dado a extravagâncias. O mesmo se diz do resto da família, com exceção da filha mais nova, Marta, que tem uma personalidade mais midiática. É apontada como herdeira do pai nos negócios.
O empresário é tão refratário a aparições públicas que, em 1998, o jornal português Diário de Notícias chegou a colocar sua existência em dúvida. No ano seguinte, 1999, o primeiro balanço publicado pela Inditex trouxe finalmente uma foto do fundador da empresa. “Na rua, eu só quero ser reconhecido por minha família, meus amigos e por colegas de trabalho”, declarou Ortega, segundo a Forbes.
Rumo aos bilhões
Nos anos seguintes, ele se tornaria bem mais conhecido, junto com a ampliação dos seus negócios e da abertura de capital da Inditex, em 2001. Ortega já era rico, mas a partir daí sua fortuna se multiplicou.
A oferta pública inicial de ações movimentou 2,4 bilhões de euros e, desde então, o empresário, que ainda detém cerca de 60% da empresa, recebeu 9 bilhões de euros em dividendos, de acordo com a Bloomberg. De lá para cá, as ações se valorizaram mais de 700%. A capitalização de mercado da companhia está em cerca de 90 bilhões de euros.
Também em 2001, Ortega criou a Fundação Amancio Ortega, com foco em educação e bem estar social.
Em 2011, Ortega deixou a presidência do conselho da empresa. Em seu lugar, assumiu Pablo Isla, que era o CEO desde 2005. O fundador permanece como maior acionista e membro do conselho. A maior parte de sua participação acionária se dá pela holding familiar Pontegadea Inversiones.
Ainda em 2011, a Zara foi autuada no Brasil por trabalho análogo à escravidão em sua cadeia produtiva, quando uma fiscalização do Ministério do Trabalho flagrou trabalhadores em situação irregular em oficinas de fornecedores da marca, em São Paulo.
A multinacional culpou uma empresa terceirizada, a Aha, pelo caso, alegando que a fornecedora havia desviado a produção para oficinas que desrespeitavam a legislação trabalhista, sem o conhecimento da marca. Em 2017, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região julgou a empresa espanhola responsável.
Outros negócios
É por meio da Pontegadea que Ortega atua no ramo imobiliário, seu segundo maior negócio. O valor dos imóveis que ele tem ao redor do mundo gira em torno de 15 bilhões de euros. Entre seus “inquilinos”, o empresário tem big techs como Amazon e Facebook, e concorrentes da Zara, como H&M e Gap. É a maior imobiliária da Espanha.
A Pontegadea tem participações em outras empresas, como 5% na distribuidora espanhola de energia Red Electrica, o que a torna a maior investidora privada nesta companhia, ultrapassando recentemente a BlackRock, maior gestora de fundos do mundo.
No mesmo ramo, a Pontegadea comprou 12% da portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN), tornando-se a segunda maior acionista privada da companhia. Tem ainda 10% da empresa espanhola de telecomunicações Telxius e 5% da operadora de gás Enagás, segundo a Forbes.
A pandemia de Covid-19 afetou os negócios da Inditex com o fechamento de lojas, inclusive no Brasil, e queda superior a 70% no lucro em 2020. Em 2021, a companhia passa por uma retomada, com um crescimento de 48% no faturamento do primeiro trimestre fiscal em comparação com o mesmo período de 2020.
Embora tenha fama de discreto, Ortega é uma celebridade na Península Ibérica. O serviço de streaming Amazon Prime chegou a anunciar a realização de uma série sobre a vida do empresário, com base no livro de O’Shea. A produção da atração, no entanto, foi cancelada. Há um documentário sobre o espanhol na plataforma.
Saiba mais
Perfil de Amancio Ortega na Forbes
Histórias da família no El País
Pessoas que marcaram a vida do empresário, segundo a Vanity Fair espanhola
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