Alexandre Ramagem: o delegado da PF que concorre à prefeitura do Rio

O ex-diretor da Abin é um dos alvos da Operação Última Milha, que investiga suposta espionagem ilegal da agência

Alexandre Ramagem
Alexandre Ramagem, delegado da PF e ex-diretor da Abin no governo Bolsonaro (imagem: Instagram)
Nome completo:Alexandre Ramagem Rodrigues
Data de nascimento:8 de maio de 1972
Local de nascimento:Rio de Janeiro, capital
Formação:Bacharel em Direito pela PUC-Rio
Vida pública:Ex-diretor geral da Agência Brasileira de Inteligência (2019-2022), deputado federal pelo Rio de Janeiro (desde 2023)

Quem é Alexandre Ramagem?

Alexandre Ramagem Rodrigues é delegado da Polícia Federal desde 2005 e político filiado ao PL (Partido Liberal). 

O combate ao tráfico de drogas marcou seu início na PF, em Roraima. Anos depois, em Brasília, chefiou a Unidade de Repressão a Crimes contra a Pessoa, com foco em operações contra grupos de extermínio.

Também na PF, comandou as divisões de Administração de Recursos Humanos, de Estudos e de Pareceres, e atuou na coordenação de eventos, como a Rio+20 de 2012, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Em 2017, Ramagem assumiu como delegado encarregado da Operação Cadeia Velha, uma ramificação da Lava-Jato no Rio de Janeiro que investigou deputados estaduais acusados de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O esquema também envolveu agentes do Poder Executivo, membros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e grandes empresários dos setores de transporte e construção civil.

Início na política

Em 2018, Alexandre Ramagem chefiou a equipe de segurança de Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Foi quando se aproximou do ex-presidente e de seus filhos, tornando-se amigo da família.

Nos primeiros meses do mandato de Bolsonaro, foi nomeado assessor da Secretaria de Governo, reportando-se diretamente ao então ministro Santos Cruz. Em junho de 2019, passou a assessorar Luiz Eduardo Ramos, que substituiu Santos Cruz no cargo.

Um mês depois, assumiu a diretoria geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo ministro Augusto Heleno na época. Ramagem ficou à frente da agência até março de 2022, quando saiu do cargo para concorrer a deputado federal pelo PL. Nas eleições de outubro daquele ano, foi eleito para a Câmara com 59 mil votos.

Abin paralela

Em outubro de 2023, suspeitas de que a Abin havia sido utilizada para espionar adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro fizeram a Polícia Federal deflagrar a Operação Última Milha para investigar o caso. 

O monitoramento, feito por sistemas de geolocalização sem autorização judicial, teria ocorrido entre 2019 e 2021, quando Ramagem estava à frente da agência. Na ocasião, dois oficiais da Abin foram presos e cinco dirigentes foram afastados.

Meses depois, em janeiro de 2024, Ramagem também se tornou alvo das investigações em uma nova fase da operação, junto com outros onze suspeitos. O motivo teria sido a utilização da agência em favor de Renan e Flávio Bolsonaro, filhos do ex-presidente.

Renan estava sendo investigado por suspeita de tráfico de influência por supostas intermediações de reuniões entre empresários e integrantes do governo Bolsonaro. O inquérito, porém, foi arquivado.

Já Flávio teria se beneficiado com relatórios produzidos pela agência para auxiliar na sua defesa no suposto esquema das rachadinhas (desvio do salário de seus funcionários) quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.

Em nova fase da Operação Última Milha, deflagrada em julho de 2024, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo das investigações. De acordo com o relatório da PF sobre o caso, diversos políticos, membros do Judiciário, jornalistas e servidores públicos teriam sido investigados pela Abin paralela. Entre os nomes, estão Arthur Lira, Renan Calheiros, Rodrigo Maia, Kim Kataguiri, Randolfe Rodrigues, o próprio Alexandre de Moraes e seus colegas de Corte Dias Toffoli, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso e jornalistas como Vera Magalhães, Monica Bergamo e Pedro Cesar Batista.

Dias depois, ainda em julho, Alexandre Ramagem prestou depoimento à PF no âmbito da operação. Ao todo, foram mais de 100 perguntas que o ex-diretor respondeu em quase 7 horas, negando que tenha feito qualquer tipo de espionagem quando a agência estava sob seu comando. 

LEIA TAMBÉM: