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O empresário Alexandre Costa está feliz em sua nova casa, o recém inaugurado Complexo Intensidade Cacau Show, no quilômetro 35 da rodovia Castelo Branco. Ao lado da antiga fábrica da marca, o novo espaço de 52 mil m² consumiu três anos de trabalho e R$ 130 milhões. Mas sua concepção mudou inteiramente desde janeiro, quando Costa visitou o Vale do Sicílio, na Califórnia (EUA), e percebeu que o ambiente de trabalho das modernas startups tecnológicas tinha muito a ver com sua própria história, de botar a mão na massa e entregar com um fusca branco na zona norte de São Paulo chocolates adaptados ao gosto e ao bolso do maior número possível de clientes.
Depois da visita aos Estados Unidos, um novo projeto foi feito para o espaço, que levou para Itapevi (SP) o conceito de um ambiente de trabalho aberto, moderno e informal. Com desenho do escritório de arquitetura Athié | Wohnrath, design de interiores Jóia Bergamo e paisagismo de Ana Paula Magaldi, o novo espaço recebeu toda a estrutura administrativa da Cacau Show, que em 29 anos se transformou na maior rede de chocolates finos do mundo, com faturamento de R$ 3,5 bilhões. O fusca branco está lá. Costa desce algumas vezes por dia de seu escritório no primeiro andar escorregando por uma barra de bombeiros, como o Batman. Os funcionários começam o dia comendo uma fornada de pão quente servido pelo bar central, terminam a jornada degustando bolos recém-saídos do forno, servidos sempre às 17h, e podem circular pelo amplo ambiente usando bicicletas que ficam à disposição de todos. A sede administrativa tem ainda 50 salas de reunião e uma arquibancada de 500 lugares, onde todas as segundas de manhã acontece um briefing e uma confraternização entre os mais de 380 colaboradores.
O novo espaço, porém, não foi pensado apenas para a gestão. É uma vitrine da marca. O público que enxerga a fábrica pela rodovia, avistando o mural de quase 6 mil m² do artista plástico Eduardo Kobra – o maior painel grafitado do mundo –, ganhou uma megaloja de 2 mil m² com todo o portfólio de produtos, que consumiu R$ 7 milhões e pode ser acessada diretamente por quem circula pela rodovia, sete dias por semana. Crianças podem passear por um parque de diversões multimídia com árvores falantes e cascata de chocolate que ensina a história do alimento. Por uma parede de vidro, é possível acompanhar o processo de produção do chocolate, desde a torra da amêndoa do cacau até a embalagem, com possibilidade de degustar sabores recém-preparados em uma linha de produção com capacidade de fazer 100 kg de chocolate por hora. Há salas de aula na Universidade do Cacau, no formato de cestas do fruto – para treinamento de franqueados e colaboradores –, além de um centro de distribuição e logística. Na entrada do prédio, uma estufa no formato de redoma de vidro permite que o visitante tenha contato com pés de cacau.
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“O objetivo é aproximar as pessoas. Enquanto elas estão indo para o home office, a gente está indo para o Team Office”, diz Costa. “Hoje não dá mais para tocar o negócio com nichos de poder, de comunicação. Tem que deixar tudo bem transparente.” Além do novo complexo, são quatro fábricas fornecendo bombons, barras, trufas, chocolates e brigadeiros para 120 lojas próprias. Somando-se os 1,5 mil franqueados, a rede tem ao todo 2,15 mil lojas no País. Franqueados, aliás, que são fundamentais para o negócio. Duzentos candidatos se apresentam todos os meses, e apenas 20 ganham o aval para abrir uma loja. “Franqueado não empresta o dinheiro. Empresta a energia dele. A gente acredita muito nessa força do empreendedorismo”, diz o executivo. Segundo ele, muitas marcas famosas europeias ambicionam atingir em alguns anos a estrutura superlativa que a Cacau Show já alcança. “Os europeus não têm um único pé de cacau no território deles. Eles têm know-how, uma coisa que se compra. Não tem razão para a gente não ter um produto igual ao deles, ou melhor.” Costa diz que a proposta da empresa é a mesma desde o início: fazer chocolate com qualidade a preços acessíveis. Mas, para isso, é preciso produzir em grande quantidade. “Essa é a fórmula.” A Cacau Show já fabrica 3 mil trufas por minuto e, para manter o ritmo forte, conta com equipamentos desenvolvidos na Suíça.
Costa diz que a tendência é de especialização. “Com o aumento do consumo, chocolate vai se tornar cada vez mais um produto gourmet, e não um doce. As pessoas vão conhecer cada vez mais e se sofisticar. Somos tree to store. Os únicos desse porte com essa característica, no mundo.” Diz isso citando a fórmula que designa o ciclo completo de produção: da árvore até a loja. Para isso, a companhia tem três fazendas de cacau em Linhares, no Espírito Santo. As marcas atuais e os 100 produtos que lança todos os anos incluem leite vindo da Argentina e diferentes gradações de cacau – como pede o mercado. Para manter o contato com o consumidor, a empresa está de certa forma voltando às origens. Já conta com um exército de 30 mil revendedoras que fazem a venda por catálogo diretamente aos clientes. “Esse foi o comecinho da Cacau Show, vendendo no porta em porta”, afirma Costa com orgulho.
*Esta reportagem foi originalmente publicada na edição de número 67 da revista LIDE, em 12/12/2017.