“Zeramos posição em Petrobras”: turbulência na estatal faz gestores adotarem cautela

Casas se mostram, no mínimo, receosas com a ação da petroleira, alvo de polêmica na última semana

Leonardo Guimarães Bruna Furlani

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A Petrobras (PETR3; PETR4) está sob os holofotes do mercado desde a semana passada, após confirmar a não distribuição de dividendos extraordinários e divulgar o balanço do 4T23 abaixo das expectativas. Depois, teve sua política de proventos criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e teria começado a estudar um novo fundo para direcionar pagamentos extraordinários – o que a companhia nega. Com tudo isso no radar, as gestoras adotaram cautela com o papel, e algumas fecharam posições.

A principal preocupação dos gestores é com a incerteza sobre a política de dividendos da Petrobras. André Nogueira, analista da Mantaro Capital, diz que a comparação do papel com outras grandes petroleiras já não é tão positiva para a brasileira porque “não temos visibilidade quanto à remuneração ao acionista e à alocação de capital da companhia”. 

A Mantaro manteve, por ora, sua posição “pequena” em Petrobras, mas espera o fim das turbulências e rumores para definir o que fazer com os papéis. 

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Já outro gestor, que preferiu falar sob condição de anonimato, disse que chegou a olhar recentemente os múltiplos da Petrobras, mas que preferiu ficar de fora da ação. Ele destaca que os resultados da companhia vieram bons, porém argumenta que não possui um viés tão otimista para a commodity ao ver chance de o preço do petróleo cair, além de acreditar que o governo atual está “flertando com intervenções” na estatal. 

“É um sinal de exposição do Governo de interferir na Petro. Parece que não vai deixar brecha. Vimos isso com a tributação dos fundos fechados, mudanças em isentos e depois com proibições, como a criação de novos planos de previdência familiares exclusivos acima de R$ 5 milhões”, diz a fonte.

Na última sexta-feira (8), a Reuters publicou que a decisão do conselho de administração da estatal de não pagar dividendos extraordinários partiu do próprio presidente Lula, citando duas fontes no governo. 

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Na segunda-feira (11), em entrevista ao SBT, o presidente disse que a Petrobras deve ter preocupação com os brasileiros, e não apenas com os acionistas da companhia. Ao comentar notícias sobre o crescimento da empresa, Lula disse que “a gente não ganha nada com isso” e ainda acrescentou: “se eu for atender apenas à choradeira do mercado, você não faz nada”.

Uma importante asset do mercado demonstrou cautela com as declarações e disse à reportagem: “tínhamos posição pequena em Petrobras, mas zeramos na semana passada, depois de toda a confusão”. 

Com a recente turbulência, a ação preferencial da Petrobras (PETR4) acumula queda de 10,48% desde o fechamento da última quinta-feira (7). Já as ações ordinárias (PETR3) caem 10,45% no período. 

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